Em carta aberta publicada em diversos site e em suas respectivas rede sociais, atletas e ex-atletas brasileiras se posicionaram em relação aos últimos acontecimentos dentro da CBF. O documento aponta diversas questões que incomodavam as atletas que ainda atuavam pela seleção e também aquelas que já se encontram aposentadas. Questões como representatividade e falta de transparência foram indicadas como fatores que precisam de mudanças dentro da CBF. 

Um dos pontos cobrados é a falta de apoio as mulheres dentro da instituição. Apesar de exigir formação das atletas e as vezes ate incentivar esse estudo, a CBF não abre espaço para que as mesmas possam aplicar o conhecimento adquirido. Este ponto é chamado de “fracasso em providenciar oportunidades”. Na carta Daniela Alves e Emily Lima são citadas como únicos exemplos de utilização de ex-atletas na parte técnica das seleções femininas.

Outra situação indicada como fracasso é o trabalho no estimulo do futebol feminino em geral, onde elas também apontam que não são ouvidas ou perguntadas sobre o que seria mais interessante para o futebol feminino brasileiro.

Em outros momentos da carta a FIFA é citada, já que a instituição solicitou e passou a exigir maior presença feminina dentro das federações e confederações, criando uma politica de igualdade de gênero mais efetiva. Tais medidas vem sendo cobradas pela instituição com frequência, mas aparentemente as atletas brasileiras ainda não foram beneficiadas dessa mudança já que a CBF parece ignorar esse tema.

Para encerrar a carta as atletas e ex-atletas solicitam que a CBF cumpra com as exigências da FIFA e passe a implantar politicas de inclusão feminina dentro do ambiente administrativo da CBF, elas também propõe a criação de um comitê formado por experts na modalidade que tenham poderes para construir a estrutura, gerenciamento e organização do futebol feminino brasileiro

O documento vem acompanhado de um pequeno texto do Senador Romário Faria, ex-atleta e atuante dentro do cenário politico do futebol brasileiro, bem como prints de apoio recebido de outras atletas como Veronica Boquete (Espanha), que atua de maneira constante no ativismo pelo futebol feminino.

Essa carta é mais um capitulo do atual momento da seleção feminina. Após cinco atletas anunciarem que estão encerrando seu ciclo com a amarelinha, Marco Aurelio Cunha (coordenador das seleções femininas) tentou colocar panos quentes na situação e afirmou que muitas atletas tinham já uma “fadiga” por grande tempo de serviços prestados a seleção e que por isso estavam tomando essa decisão.

Emily Lima, agora ex-técnica fez duras acusações e disse que não se sentiu respaldada por Marco Aurélio, também criticou a volta de Vadão, dizendo que o mesmo já tinha recebido oportunidade e não tinha conquistado bons resultados.

Marta se pronunciou, mas não foi da forma como muitos esperavam. A alagoana disse que segue atuando pela seleção e que vai lutar dentro de campo por mudanças. Após essa declaração ela foi cobrada em seu instagram e chegou a pedir que as pessoas respeitassem sua decisão, mesmo que discordassem. 

Ainda dentro do documento, escrito também em inglês, foi adicionada a carta que as atletas encaminharam a Marco Polo Del Nero pedindo a permanência de Emily Lima, antes do ultimo amistoso contra a Austrália, no dia 19 de setembro. 

As atletas que e participam desse documento postado hoje são Cristiane, Francielle, Rosana, Andreia Rosa e Formiga. 

Já as ex-atletas são Sissi (ex-camisa 10 da seleção apontada como uma das maiores jogadoras de todos os tempos) Juliana Cabral (ex-capitã da seleção na conquista da prata olímpica de 2004) e Marcia Taffarel (atleta que defendeu a seleção brasileira entre 1991 e 1996).

O que fica claro após a leitura do documento é que aparentemente esse é só o começo de uma mudança clara de postura das atletas, e com respaldo de jornalistas e ex-atletas elas se sentem mais confiantes para lutarem pelo que acreditam. Agora é a CBF quem precisa falar e indicar que rumo vai seguir.