De ponta a ponta, o Corinthians não deu chances aos rivais e conquistou o improvável título do Brasileirão 2017. Numa campanha de 38 rodadas, a equipe alvinegra liderou por 33 rodadas, o recorde de tempo na ponta da histórias dos pontos corridos.

E a façanha fica ainda maior quando olham os grandes favoritos no começo da competição: por investimento, badalação, elenco e euforia, Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG pintavam como bicho-papão, mas o Timão se superou e fez grandes jogos contra rivais mais qualificados.

O título, garantido nesta quarta-feira (15) diante do Fluminense, coroou o enorme feito da equipe de Fábio Carille, mas foi construída jogo a jogo. Confira abaixo algumas partidas importantes na campanha corinthiana.

Vitória no primeiro clássico

O Corinthians vinha de um título paulista impressionante, sem perder nenhum clássico, mas começava o Brasileirão de forma pragmática, com empate na estreia e vitórias fora contra equipes consideradas fracas.

Na quarta rodada, o Timão recebeu o Santos no primeiro clássico paulista do Brasileiro. E após um primeiro tempo com leve superioridade santista, o Corinthians acordou, amassou o rival praiano e garantiu a vitória com gols de Romero e Jô.

Liderança conquistada

A quinta rodada do Brasileirão marcou a tomada da liderança do Corinthians. Dali em diante, a equipe nunca mais perdeu a ponta e se tornou o campeão com mais tempo no primeiro lugar.

O jogo foi marcante. São Januário, Rio de Janeiro. A casa hostil do Vasco da Gama era mais uma prova para o invicto e desfalcado Corinthians. Lotado e com enorme pressão, o que se esperava era um Timão acuado, mas um gol logo início deu tranquilidade. Jô marcou no fim da primeira etapa e parecia dar os três pontos, mas Luis Fabiano empatou em menos de dois minutos e o drama reapareceu. Até que o fulminante ataque corinthiano brilhou e venceu mais um jogo fora.

Na raça

O Timão seguia invicto, surpreendendo a todos, mas com o Grêmio na cola. A impressão que se passava era de um Timão sem força para manter a ponta e enfrentava o Cruzeiro em sua arena. Clássico de camisas pesadas.

O primeiro tempo alvinegro foi sufocante e com gol de Balbuena. A equipe mineira não se encontrava em campo, mas Mano Menezes ajustou o time no intervalo e a Raposa massacrou o Timão, no entanto, Cássio e a defesa corinthiana fizeram de tudo para segurar o ímpeto mineiro e carimbar mais uma vitória importante.

A primeira final

Todos os olhares se voltavam para a Arena do Grêmio. Décima rodada e o duelo entre o líder surpreendente Corinthians contra o vice e favorito Grêmio. A vantagem corinthiana era o suficiente para lhe manter líder por mais uma rodada, mas a derrota direta tiraria a invencibilidade e colocaria o tricolor literalmente na cola.

O jogo foi bem truncado. A arena recebia mais de 50 mil pessoas e o Brasil parou para ver a primeira final do campeonato. O Grêmio tentava empurrar o rival, que estava desfalcado de Gabriel. O volante Paulo Roberto, contestado e peça frágil, fez uma partida muito boa e criou o lance do gol de Jadson, no 2º tempo.

A pressão só aumentava e o Timão se segurava como podia. Até Marquinhos Gabriel cometer pênalti em Geromel. Luan, craque do time, chamou a responsabilidade, mas viu Cássio brilhar e fechar o gol. Além do pênalti, o camisa 12 ainda fez mais duas defesas sensacionais, dando mais três pontos improváveis ao Corinthians.

O batismo de um time

Invicto, quebrando paradigmas e perto de fazer história, o Corinthians chegava na 13ª rodada com mais uma prova gigante pela frente. Sem saber o que é perder, com boa vantagem, mas ainda sob desconfiança de quem não tinha um elenco recheado, o alvinegro visitava seu maior rival e candidato ao título. O Allianz Parque foi o palco de Palmeiras x Corinthians.

E o que aconteceu em campo foi uma aula de tática e frieza do Timão. Nem os quase 40 mil torcedores intimidaram o menino Guilherme Arana, que comeu a bola, decidiu o jogo sofrendo um pênalti e marcando o gol que sacramentou mais uma vitória corinthiana.

Era a consagração de um estilo de jogo, de uma filosofia e coroando a ótima fase de jogadores contestados e sem o mesmo glamour e badalação que o Palmeiras tinha, por exemplo.

O xerife decidiu

Depois da fantástica vitória no clássico diante do Palmeiras, o Timão passou pela primeira turbulência na competição, com dois empates seguidos e o sinal amarelo ligado. Ainda assim, a vantagem era muito grande e tranquila.

Agora o campeonato se encontrava na 16ª rodada e o Maracanã era o palco de Fluminense x Corinthians. O Timão sempre teve dificuldades de vencer no templo do futebol e o jogo foi arrastado, sem grandes emoções e parecia perto de confirmar o terceiro empate seguido. No entanto, Balbuena, o general-artilheiro, subiu mais alto que todo mundo para marcar o gol solitário da partida.

É campeão?

A campanha do primeiro turno foi histórica. Sem nenhuma derrota, vantagem enorme e que poderia aumentar ainda mais caso vencesse a Chapecoense, em Santa Catarina.

O jogo era adiado por viagens da equipe verde e a expectativa enorme para as duas equipes. O jogo foi longe de ser emocionante e bom, mas foi a cara do Corinthians. Sofrido.

Já nos minutos finais, marcou de uma forma que até hoje ele mal sabe como fez. A bola rebateu no pé dele, passou no meio de dois zagueiros e entrou sem balançar a rede, de tão fraca que foi. Ao final, a Fiel, presente em grande número, cantou "É campeão" e via a equipe abrir 11 pontos na frente.

Polêmico e tranquilizador

A boa fase corinthiana, que lhe deu 11 pontos de vantagem e um primeiro turno mágico, parecia desaparecer na virada do turno. O Timão perdeu duas seguidas em casa, perdeu clássico contra o Santos e entrava pressionado para enfrentar o Vasco, em Itaquera.

O Corinthians dominou o jogo, amassou o Vasco e teve até um pênalti não-dado. No entanto, o que ficou marcado foi o gol de Jô, com o braço. O lance polêmico dominou as manchetes do país pelo tamanho absurdo do erro, mas o Corinthians voltava a vencer e dar tranquilidade à Fiel.

A vitória do título

A fase era péssima. A própria Fiel duvidava que o título viria após sequência bizarra de derrotas e empates. O Corinthians fazia um segundo turno irreconhecível e poderia ver seu maior rival, antes 17 pontos atrás, ficar a apenas três caso vencesse o Dérby.

O jogo no domingo começou no sábado. Na Arena, a Fiel colocou 32 mil pessoas para acompanhar o treinamento e dar o gás que a equipe parecia ter perdido na segunda metade do campeonato. O Brasil parou com mais uma decisão. Essa com verdadeira cara.

O Corinthians, que estava invicto nos clássicos centenários contra o Palmeiras, entrou com um gás, uma intensidade e uma entrega poucas vezes vistas antes. Não deixou seu maior rival respirar e logo abriu 2 a 0. O Verdão descontou e parecia mostrar que iria mudar a cara do Brasileirão, mas Jô apareceu, decidiu e garantiu a vitória que matou o arquirrival e praticamente deu o hepta ao alvinegro.

O improvável

Em toda campanha vitoriosa, há aquele ingrediente especial que dá um tempero diferente. O Corinthians teve várias vitórias especiais, mas o duelo contra o Atlético-PR foi especial.

Fabio Carille mudou o time e parecia dar certo, mas a Arena da Baixada era terreno hostil e o Timão não conseguia jogar. Sem Cássio, coube a Walter aparecer no gol e escrever sua página na campanha do hepta.

No primeiro tempo, Nikão teve a chance de matar o jogo, mas parou sua penalidade nos pés do reserva corinthiano. E foi do banco que o Timão praticamente carimbou o título, quando Giovani Augusto recebeu na canhota, cortou e bateu cruzado para marcar e garantir a vitória. Heróis improváveis de uma campanha irrepreensível.

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Sobre o autor
Diego Luz
De video game à política. Lendo tudo,ouvindo bastante e vivendo com base naquilo que acho certo. Muito prazer.