Era noite do dia 24 de agosto de 2003. O Corinthians entrava em campo no Pacaembu para enfrentar o Internacional na presença de 8.567 pagantes. Com apenas 16 anos, Jô já havia entrado para a história do clube como o jogador mais jovem a atuar como profissional pelo Timão haviam quatro jogos, mas é claro que a 'magia' do momento que vivia o atacante não pararia por aí.

Naquela noite, o menino que ainda dava os primeiros passos de sua carreira como profissional completou um cruzamento feito pelo meia Robert, selando a vitória por 3 a 1 sobre a equipe porto-alegrense. O também atacante Wilson havia anotado duas vezes anteriormente, construindo o resultado que marcaria a vida daquele garoto.

O tempo passou. Jô, que havia estreado na equipe principal graças a ausência de jogadores por lesão, permaneceu no clube por mais dois anos. Mas não demorou muito até que uma equipe do exterior voltasse suas atenções para a prata da casa.

Em 2005, o atacante deixou a equipe paulista para defender o CSKA Moscou, da Rússia, onde passou quase três anos. Na sequência, atuou algumas vezes pelo Manchester City e o Everton, fez parte do elenco do Galatasaray, retornou ao Brasil para jogar no próprio Internacional e, um ano depois foi para o Atlético Mineiro, onde brilhou em 2013.

Jô ainda passou pelos Emirados Árabes e a China até que - pelo acaso do futebol ou mesmo uma decisão bem pensada -, retornou ao Brasil novamente em 2017. O clube da vez, no entanto, agora era um velho conhecido.

Após 14 anos desde sua estreia como profissional, o atacante retornou ao clube que o revelou em condições bem distintas.

Passado e presente: os diferentes momentos de Jô no Corinthians

Ao final de outubro de 2016, Jô acertou seu retorno para Brasil como jogador do Corinthians. Sem entrar em campo há quase seis meses até então, foi integrado ao elenco pelo técnico Fábio Carille logo após assinar contrato, para dar início aos trabalhos de recuperação de forma física e estar apto a começar a temporada seguinte em condições de jogo.

E toda a preparação para a temporada 2017 valeu à pena. Em 18 de janeiro, o atacante fez seu primeiro jogo após o retorno ao clube, durante as semifinais da Florida Cup - torneio amistoso disputado nos Estados Unidos. Jô entrou em campo também na final da competição e em outras duas partidas amistosas, mas foi no primeiro confronto oficial do Timão no ano, contra o São Bento pelo Campeonato Paulista, que o camisa 7 voltou a marcar pela equipe que o revelou.

Sob os olhares de desconfiança de grande parte da torcida alvinegra porém, o atacante precisou de muito mais para convencer que seu retorno não era apenas uma tentativa de 'se encostar' em algum clube. E com tantas opiniões adversas, Jô conseguiu surpreender e superar até as próprias expectativas.

Artilheiro do Corinthians na campanha do título do Campeonato Paulista, o camisa 7 conquistou a fama Rei dos Clássicos ao marcar gols diante de todos os rivais do clube paulista na temporada. Aos 30 anos, já soma 16 tentos pelo Brasileirão até o momento, disputando a posição de maior goleador da competição com Henrique Dourado, do Fluminense.

Marcou seu primeiro feito pela competição nacional contra a Chapecoense, no empate em 1 a 1 ainda pela primeira rodada. Fez gol em, pelo menos, 15 partidas do Brasileirão, e seu maior jejum teve duração de quatro partidas (entre a 15ª e a 18ª rodada).

Mas o título de artilheiro da competição - unido ao de campeão brasileiro -, vai além da possibilidade de inflar o ego de um jogador. Sem ter esta como sua principal meta na temporada, Jô pode entrar novamente para a história do clube, tornando-se o primeiro jogador do Timão a conquistar esse feito. Um marco mais do que justo para quem chegou julgado e desacreditado há um ano atrás.

Jô trouxe de volta aquilo que o torcedor alvinegro sempre prezou em um atleta: a raça. Com humildade, espírito de liderança e vontade de voltar a ser decisivo, o camisa 7 se tornou um dos maiores centroavantes em atividade do futebol brasileiro e, hoje, leva consigo mais um título de campeão nacional.

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