Da esperança, ao desespero com doses de alívio. O Vitória teve um ano bastante movimentado não só dentro das quatro linhas, mas também em seus bastidores: Muitas contratações, pouco futebol apresentado, título estadual, crise técnica e política, e jejum do Barradão foram alguns dos muitos fatores que contribuíram para uma temporada frustrante do rubro-negro.

O Leão encerrou o Campeonato Brasileiro 2017 na 16ª colocação com 43 pontos somados, escapando do rebaixamento pelo critério de desempate (No saldo de gols, terminou com 8 gols negativos, um a mais que o do Coritiba). Na Copa do Brasil, eliminação diante do Paraná na quarta fase da competição. No estadual, restou a única alegria da temporada ao ser bicampeão, e pela terceira vez na história conseguir o título de forma invicta. 

Reformulação do elenco, início de muitas contratações, e muitas decepções

Para tentar não repetir o ano de 2016, em que o time também brigou contra o rebaixamento, a nova diretoria do Vitória encabeçada pelo presidente Ivã de Almeida e pelo diretor de futebol Sinval Vieira, prometeu uma nova postura na formação do elenco, e investiu agressivamente. Só no mês de janeiro, 14 atletas desembarcaram no Barradão. 

Uillian Correia (único contratado ainda na gestão do ex-presidente Raimundo Viana), Leandro Salino, Renê Santos, Bruno Ramires, André Lima, Geferson, Alan Costa, Fred, Paulinho, Pineda, Gabriel Xavier firmaram vínculo no início da temporada. Os maiores destaques foram os meias Cleiton Xavier, vindo do então campeão brasileiro Palmeiras, e a dupla de argentinos Pisculichi, campeão da Libertadores pelo River Plate, e Jesus Dátolo, com passagens pelo Internacional e Atlético-MG, chegou também com a missão de ser o maestro e camisa 10 do rubro-negro. Cleiton ainda permaneceu no clube figurando entre o reservas, já a dupla de argentinos, rescindiram amigavelmente.

Ao fim da temporada, foram 27 contratações no total, sendo que dos 14 contratados no primeiro mês do ano, apenas o volante Uillian Correia vingou e terminou o ano como titular da equipe.

Eliminações consecutivas, demissão, título estadual, e ídolo multitarefas

Argel Fucks foi mantido no cargo de treinador do rubro-negro após livrar o time do rebaixamento em 2016, e apesar de obter bons resultados no começo de 2017, sempre foi questionado pela qualidade do futebol apresentado pela equipe. O treinador quase foi demitido após um empate por 0 a 0 contra o Galícia, equipe que até então era a lanterna do Campeonato Baiano, mas por um pedido dos próprios jogadores, a diretoria bancou a permanência. Mas após as eliminações para o Paraná na quarta fase da Copa do Brasil, e nas semifinais da Copa do Nordeste para o arquirrival Bahia, Argel foi desligado do clube. Com 42 partidas entre 2016 e 2017, o técnico conseguiu 27 triunfos, 5 empates e 10 derrotas.

Então coube ao interino Wesley Carvalho (hoje no Palmeiras), a missão de comandar o Leão nas finais do Baianão, novamente contra o Bahia. Após dois empates por 1 a 1 na Fonte Nova, e 0 a 0 no Barradão, a equipe sagrou-se bicampeã estadual de forma invicta, sendo este também o único título da temporada. Já neste último jogo, o ex-jogador e ídolo da torcida rubro-negra Petkovic, acompanhava de perto o time e logo após foi anunciado como gerente de futebol.

Mas com uma semana no cargo, Pet foi convencido pela diretoria a substituir Argel, acumulando a função de treinador como uma espécie de "manager". E assim iniciou-se a caminhada do Vitória no Campeonato Brasileiro, mesmo tentando variações táticas, e escalações diferentes, nos primeiros 4 jogos, a equipe somou apenas 1 ponto, e assim, Pet anunciou em junho, após o pedido de demissão de Sinval Vieira, que Alexandre Gallo daria continuidade como técnico e ele retornaria ao cargo executivo.

O campeonato baiano foi o único título na temporada do Vitória (Foto: Mauricia Da Matta/EC Vitória)
O campeonato baiano foi o único ponto alto na temporada do Vitória (Foto: Mauricia Da Matta/EC Vitória)

Gallo não corresponde, crise interna no comando do clube, e o retorno de Mancini

A passagem de Alexandre Gallo no comando do Vitória durou apenas um mês. O treinador passou pouco mais de um mês no clube, comandou o time em 11 partidas, e obteve três triunfos, dois empates e seis derrotas, com um aproveitamento de 33%. Neste período, o presidente Ivã de Almeida pediu licença do cargo por 90 dias, após ser acusado de gestão temerária, antecipação de salários e prejudicado o orçamento do clube.

Com Ivã afastado, o seu companheiro de chapa Agenor Gordilho assumiu o comando do clube, e logo fez mudanças drásticas no comando do clube, em que além de Gallo, o fim da linha chegou também para Petkovic. Os seus substitutos também foram anunciados na mesma semana, Cléber Giglio assumiu a direção de futebol, e um velho conhecido da torcida retornou para o posto de treinador, Vagner Mancini.

Teste
Mancini, velho conhecido e responsável pela retomada no Brasileirão (Foto: Mauricia Da Matta/EC Vitória)

Oscilação entre visitante indigesto e péssimo mandante, a luta contra o rebaixamento

Mancini assumiu a equipe na 19ª colocação, com apenas 12 pontos somados em 16 partidas. Mas desde a estreia contra o Cruzeiro, por 0 a 0, a equipe cresceu de produção longe dos seus domínios, e terminou como o segundo melhor visitante da competição, atrás somente do campeão Corinthians, foram 29 pontos somados longe de Salvador, com 8 triunfos e 5 empates, e um aproveitamento de 50,88%.

Em contrapartida, diferente do que costumou-se a ver na história do Vitória, a equipe terminou o Campeonato Brasileiro 2017 como o pior mandante, foram apenas 3 triunfos, 5 empates e incômodas 11 derrotas, que resultou no aproveitamento de apenas 24,56% dos pontos disputados.

Por essa oscilação, o Vitória brigou até a última rodada pelo rebaixamento, e conseguiu decretar a permanência na série A em 2018 apenas nos últimos minutos, após a Chapecoense ganhar por 2 a 1 do Coritiba, concorrente direto do Leão.
 

Foto: Mauricia Da Matta/EC Vitória
Pior mandante, time não mostrou a força do Barradão (Foto: Mauricia Da Matta/EC Vitória)

O que esperar para 2018?

As mudanças novamente ocorrerão, isto é fato. Com a renúncia de Ivã de Almeida, o Vitória novamente passará por um período eleitoral e terá um novo presidente para 2018. Até o momento Manoel Matos, Raimundo Viana, e Ricardo David são os principais candidatos. O discurso que permeia entre todos é a profissionalização do futebol, que foi prometido pela gestão atual, mas com tantas divergências, pouco se fez.

Dentro de campo, também é necessária uma grande reformulação na montagem do elenco. Manter uma base com os jogadores que se destacaram, e contratar peças que realmente agreguem ao elenco e dê opções a Mancini, que sofreu em diversos momentos com improvisações.