A temporada de futebol no Brasil chegou ao fim em 2017 e certamente deixará saudades nos torcedores espalhados pelo país. É o momento, então, de reviver o ano, olhar o que cada clube passou na Retrospectiva VAVEL Brasil e relembrar os dramas, glórias e jogos desse ano que se aproxima do fim.

E talvez nenhum torcedor no Brasil esteja mais em festa que a Fiel corinthiana. Rotulada como 4ª força do estado no começo do ano, a torcida aguentou quieta, viu o time se superar a cada desafio e ainda soltou o grito de campeão duas vezes no ano, incluindo a sétima taça nacional de sua história.

O maior vencedor de São Paulo

O Corinthians começou 2017 quase sem expectativas. Vendo os principais rivais se reforçarem com nomes de peso, e sem dinheiro para trazer jogadores de ponta, o Timão se segurava na força da camisa e de sua torcida para não passar vergonha no começo do ano.

No estadual, um time apenas mediano. Logo no começo, algumas vitórias sem brilho e de forma magra, deixando todos com uma pulga atrás da orelha sobre o potencial de Fábio Carille, eterno auxiliar alvinegro e que agora assumia a equipe de forma efetiva.

Ainda nas primeiras rodadas, uma derrota para o Santo André, em Itaquera, piorou ainda mais as previsões sobre esse Corinthians mediano, ainda mais com um Dérby pela frente, contra o badalado elenco palmeirense.

A mudança de rumos

Numa noite de quarta-feira, o Brasil parou para ver o maior clássico do país. Numa Arena Corinthians lotada, os dois times se confrontavam numa disparidade enorme. O equilíbrio ditou o primeiro tempo até a expulsão bizarra de Gabriel. O Palmeiras passava a ter um jogador a mais contra seu maior rival.

O que poucos esperavam é que o Corinthians cresceria naquela situação. O Timão se fechou no seu melhor estilo, esperou um erro verde para deixar Jô livre para marcar o gol da vitória histórica em Itaquera. O jogo certamente mudou os rumos das duas equipes no ano.

Arrancada para o título

Dérby vencido, custava ao Timão manter o embalo. Carille seguiu sua filosofia de defesa forte e equipe organizada. Sob a batuta de Pablo e Balbuena, com Arana jogando muito bem, Rodriguinho numa fase sensacional e Jô decidindo os jogos grandes, o Timão entrou nas semifinais sem grandes problemas e já com o objetivo de se colocar entre os quatro melhores da competição.

Em dois jogos contra o São Paulo, uma vitória em pleno Morumbi, com show de Jô, e um empate em Itaquera para selar a ida à final. A quarta força de São Paulo se mostrava a mais forte, ainda mais após enterrar a Ponte Preta no jogo da ida, em Campinas, e carimbar o primeiro troféu de mata-mata da curta e gloriosa história da Arena Corinthians.

Pintou o se7e

O fim do Paulistão acabou com a conversa de 4ª força e deu ao Corinthians a alcunha de um possível candidato a Libertadores. A equipe, que seguia com um elenco bem limitado frente aos rivais, tratou de seguir a linha de trabalho e manter o padrão de jogo.

Foi o que aconteceu. O Timão aproveitou a Libertadores ocupando as atenções dos principais rivais para arrancar na ponta do campeonato. O que ninguém esperava era o histórico começo do Brasileirão. O alvinegro terminou o primeiro turno invicto, fazendo a melhor campanha da história dos pontos corridos.

O Corinthians chegou ao ponto de estar quase 20 pontos na frente do favorito Palmeiras. Além disso, venceu todos os clássicos e ainda bateu rivais de peso, como Grêmio e Vasco, fora de casa. A campanha colocou a equipe de Fábio Carille como a principal favorita.

No entanto, a vitória alvinegra contra a Chapecoense, fora de casa, parece ter levado toda a campanha histórica. A Fiel, que cantou "É campeão" após o jogo, logo viu sua equipe perder para Atlético-GO e Vitória, ambos na zona de rebaixamento e em Itaquera. A tão famosa queda de rendimento havia chegado, mas a instabilidade durou mais tempo do que se imaginava.

Empates, mau futebol, derrotas seguidas fizeram a torcida acender a luz amarela. A vantagem, que chegou a ser de 13 pontos, caiu para apenas cinco antes do clássico contra o Palmeiras, novamente em Itaquera.

O jogo do título

E no maior Dérby do século, o jogo do campeonato. O Timão precisava vencer para colocar oito pontos de vantagem na frente do rival, enquanto o Palestra precisava vencer para ficar a dois e definitivamente entrar na luta pelo título.

A Arena recebeu mais de 46 mil pessoas, recorde de público, e viu o Corinthians amassar o Palmeiras em intensidade, tática e qualidade. 3 a 1 ainda no primeiro tempo e atuação de líder, de quem caminhava para o título. Nem o gol verde no segundo tempo mudou a festa corinthiana.

Se o título parecia questão de tempo, ele pareceu certe após a vitória improvável contra o Atlético-PR, fora de casa. Improvável porque Walter fazia seu primeiro jogo na temporada (e único, já que se machucou) e pegou uma penalidade ainda na primeira etapa. E porque venceu com gol de Giovani Augusto já no finalzinho do jogo.

Contra o Fluminense, a consagração. Novamente Itaquera fervendo, e nem o gol de Henrique nos primeiros segundos, diminuiu a festa. O Timão construiu sua primeira virada no campeonato para levantar a sétima taça do Brasileirão.

Copa do Brasil sem brilho (e invicto)

Se o Timão brilhou no Campeonato Paulista, não se pode dizer o mesmo na Copa do Brasil, primeiro mata-mata de grande porte que disputou no ano. Logo nos primeiros jogos em 2017, encarou a Caldense e passou sem problemas.

No jogo seguinte, novamente partida única e contra o Brusque. O primeiro susto da temporada. O alvinegro ficou a uma penalidade de ser eliminado após um empate horroroso no tempo normal. Ainda assim, conseguiu a vaga e avançou de fase após eliminatória tranquila contra a Luverdense.

O sonho do tetra parou justamente nas oitavas. Enfrentando o Internacional, o alvinegro até jogou melhor, mas dessa vez não teve a mesma competência nas cobranças de pênalti e deu adeus ao torneio de forma precoce. O interessante é que o Timão não perdeu no tempo normal e não perdeu nenhum jogo na campanha.

Eliminação internacional invicta

Pode até parecer contraditório, mas o Corinthians também saiu sem perder nenhum jogo na Copa Sul-Americana. A equipe brasileira encarou a tradicional equipe chilena da Universidad de Chile. 

Os prognósticos indicavam uma dificuldade enorme, dada a interrogação que o Timão passava no ano e o tamanho do rival, mas o Corinthians mostrou o tamanho de sua força para vencer em Itaquera e em Santiago, surpreendendo a todos.

Na fase seguinte, o desconhecido Patriotas, da Colômbia. O Timão jogou mal demais seus dois duelos, mas arrancou empate no último lance, fora de casa, e só carimbou a vitória com Pedrinho marcando nos acréscimos, em Itaquera.

Nas oitavas, um argentino. O pesado time do Racing e o Timão passava por uma instabilidade enorme no ano. A equipe, que chegou a ficar mais de 30 jogos invictos - segunda maior série da história do clube - passava por uma turbulência, e apenas empatou jogando em casa. Precisando reverter em Buenos Aires, não teve forças, empatou sem gols e foi eliminado pelo gol tomado no Brasil.