O 2017 para a Seleção Brasileira passou longe da instabilidade que fora apresentada no ano anterior, por conta dos resultados negativos, o fracasso na Copa América Centenario e, por fim, a troca de treinadores, que resultou na entrada de Tite no comando da seleção canarinho. Muito pelo contrário, o ano foi de confirmação para a equipe pentacampeã do mundo, que colecionou bons placares e grandes atuações.

Início do ano com homenagens

2016 terminou de uma maneira horrível. O que parecia ser um feito histórico, tornou-se trágico: o avião que levava a equipe da Chapecoense para enfrentar o Atletico Nacional, pela final da Copa Sul-Americana cairia e, infelizmente, a grande maioria das pessoas presentes no voo faleceriam, deixando suas respectivas famílias e uma grande história para trás.

Em um grande ato, as Confederações Colombiana e Brasileira, que eram as envolvidas na final do torneio internacional, organizaram, em janeiro, uma partida, envolvendo apenas jogadores que atuavam nos respectivos países, para arrecadar fundos para as famílias das vítimas e, além disso, relembrar e saudar os heróis que deixaram a Terra cedo demais.

(Foto: Vanderlei Almeida/AFP)
(Foto: Vanderlei Almeida/AFP)

No Estádio Nilton Santos com um público abaixo do esperado, a Seleção Brasileira, claramente fora de ritmo por conta de pouco tempo para treinar, derrotou a Colômbia por 1 a 0, graças a um gol de Dudu, no início do segundo tempo. O resultado do jogo, porém, era o que menos importava naquela ocasião, que representou uma forma de solidariedade e paz imensa entre as duas nações e com todo o mundo.

Recorde positivo

Assim como em 2016, Tite empilhou resultados positivos numa escala bem maior em relação aos negativos. Em onze partidas – contando amistosos e torneios oficiais – foram sete vitórias, três empates e uma derrota, para a Argentina, em Melbourne, em jogo válido pelo Superclássico das Américas. Quando a comparação entra em um âmbito de apenas Eliminatórias, o histórico do Brasil é quase totalmente positivo: quatro triunfos em seis encontros.

O desempenho, pelo menos em números, não podia ser muito melhor que isso: Tite faz um trabalho de grande qualidade desde que assumiu o comando da seleção canarinho, que foi a primeira classificada para a Copa do Mundo da Rússia – excluindo, obviamente, o país-sede. Além disso, os resultados são tão expressivos que a Seleção Brasileira teria conquistado a vaga para o Mundial apenas com os pontos ganhos sob o comando do treinador ex-Corinthians, excluindo a pontuação adquirida com Dunga, antigo comandante.   

Primeiro teste contra seleção da Europa

A última partida do Brasil no ano foi justamente o seu primeiro compromisso contra uma nação da Europa e, ainda por cima, uma campeã do mundo: a Inglaterra. Antes disso, a Seleção Canarinho limitou-se à partidas contra seleções sul-americanas, por conta das Eliminatórias, e Austrália e Japão, da Ásia, por conta de amistosos.

Brasil e Inglaterra não saíram do zero (Foto: Matthew Ashton - AMA/Getty Images)
Brasil e Inglaterra não saíram do zero (Foto: Matthew Ashton - AMA/Getty Images)

Esse jogo contra a Three Lions, porém, deve ter dado uma dor de cabeça à Tite, que viu sua equipe não conseguir superar uma Inglaterra desfalcada e jogando na base de três zagueiros, formação que vem se tornando comum e será utilizada por algumas seleções na Copa do Mundo. Apesar de um certo domínio brasileiro, os pentacampeões não conseguiram sair do zero contra a desfalcada equipe de Gareth Southgate.

Nesse contexto, é importante ressaltar que a equipe de Tite, mesmo dominante no continente, não conseguiu quebrar o sistema defensivo com três – ou cinco – homens na linha defensiva, tática que deve ser marcante na Copa do Mundo, já que está, cada vez mais, crescendo. Apesar de ter sido apenas o primeiro encontro diante de tal situação, é preciso construir algum esquema passível de êxito diante desse esquema. Passes verticais e ultrapassagens são totalmente necessárias para conquistar esse objetivo.

Melhor partida

Apesar de muitas goleadas expressivas e grandes atuações, uma partida foi o ‘carro-chefe’ da Seleção Brasileira em 2017: o 4 a 1 diante do Uruguai, em Montevidéu. Na ocasião, as duas seleções disputavam a primeira posição das Eliminatórias, e, em caso de derrota, a Celeste Olímpica encostaria na equipe de Tite. Por isso, esse jogo podia ser considerado como um de ‘seis pontos’, além de ter sido uma partida fora de casa contra uma das melhores equipes do continente.

Os primeiros minutos, porém, não foram nada bons para a Seleção Brasileira: em uma jogada que parecia controlada, Marcelo afastou a bola sem força, Cavani se adiantou e Alisson, sem saída, acabou derrubando o atacante. Na cobrança de pênalti, o uruguaio do Paris Saint-Germain chutaria com força, sem chances para o goleiro da Roma.

(Foto: Pablo Porciuncula/AFP)
(Foto: Pablo Porciuncula/AFP)

O restante, porém, mostraria um Brasil organizado, que sabia como defender e, melhor ainda, como atacar desmontando a defesa adversária. Ainda no primeiro tempo, Paulinho receberia um passe de Neymar e, com liberdade na faixa central do campo, avançaria para chutar com muita felicidade no ângulo de Martín Silva, que nada pôde fazer.  

No segundo tempo, o placar seria completado: aos seis minutos, Firmino faria uma boa jogada e chutaria para uma defesa do goleiro, que não conseguiu pegar a finalização de Paulinho, livre, no rebote. Aos 29, Miranda, com a intenção de afastar a bola, acabou descolando um lançamento para Neymar, que venceu dos adversários na corrida e, com muita categoria, daria um toque por cobertura, que morreria no fundo das redes. Para completar o placar, Paulinho, já na reta final, faria um hat-trick empurrando a bola de peito para as redes após um cruzamento de Daniel Alves.

Jogadores de destaque

Tite, sem dúvidas, achou um jeito para fazer a Seleção funcionar – apesar da atuação fora da curva contra a Inglaterra. No 4-1-4-1 montado pelo treinador, o Brasil consegue ocupar espaços no meio-campo e, graças a Casemiro, tem uma boa proteção para conter ataques adversários. Dessa maneira, a equipe se compacta e consegue sair em contra-ataque facilmente, abusando das triangulações e dos pivôs, sejam de Gabriel Jesus/Roberto Firmino e até Paulinho.

Nesse contexto, dois jogadores chamaram mais a atenção em 2017, apesar de que todos, sem excesso, terem demonstrado atuações em alto nível. São eles Neymar, a grande estrela da Seleção, que, com o lado esquerdo e meio livre para transitar, tem o espaço suficiente para quebrar o ritmo de qualquer defesa e, ao mesmo tempo, ser o jogador que puxa a responsabilidade na equipe, como visto no jogo contra o Paraguai, pelas Eliminatórias.

(Foto: Pedro Vilela/Getty Images)
(Foto: Pedro Vilela/Getty Images)

O outro destaque é o volante Paulinho, que, no esquema montado por Tite, tem a liberdade para fazer aquilo que sabe de melhor: as infiltrações. Com os espaços cobertos por Renato Augusto e Casemiro, o atleta do Barcelona tem liberdade para avançar e ser um elemento surpresa na fase ofensiva da equipe. Além disso, é uma peça muito ativa no jogo aéreo e, por isso, é um dos jogadores que mais foi às redes, em seis oportunidades, sob o comando de Tite.