Durante o decorrer de nossas vidas, sempre ocorrem episódios que queremos excluir de nossas cabeças. Para isso, é preciso lidar com esse possível erro e consertá-lo, a fim de que isso não se repita nunca mais. Esse deve ser o espírito levado por Felipe Conceição e os jogadores do Botafogo após esse empate sem gols contra o Fluminense, pela segunda rodada da Taça Guanabara.

Dessa vez, o 4-1-4-1 com Matheus Fernandes entrelinhas ficou ainda mais visível. E, diferentemente contra a Portuguesa-RJ, o jovem volante teve uma boa atuação, anulando qualquer ação de Junior Sornoza, que ficou apagado em toda a partida. Com sequência, a tendência é o camisa 5 evoluir cada vez mais e se acostumar com essa nova posição de ser o “único” volante do time.  

Essa formação, porém, deixou claro alguns problemas: Léo Valencia não conseguiu se acostumar a essa linha de quatro jogadores e, por isso, somou sua segunda atuação apagada na temporada. Esse fator, porém, acabou afetando toda a equipe, já que o chileno era o principal ponto de ligação nas jogadas, envolvendo os laterais e os jogadores de lado de campo, que, por muitas vezes, não possuíam uma opção para tocar e apelavam para cruzamentos sem fundamento, que praticamente iam “de graça” ao Fluminense.

Dessa maneira, ficou difícil para João Paulo, principal nome na partida, tentar conectar a defesa com o ataque, já que esse por muitas vezes estava dessincronizado. Dessa maneira, o Fluminense dominou as ações no segundo tempo, implementando o seu ritmo, o que representa um bom resultado aos comandados de Felipe Conceição, que apenas assistiram o Tricolor das Laranjeiras jogar nos 45 minutos finais.

Foto: Vitor Silva/SS Press/Botafogo

Primeiro tempo

Um ponto destacável da primeira etapa foi a tentativa de uma alta pressão na defesa do Fluminense durante um bom tempo, o que não era visto com Jair Ventura, que resolvia esperar o adversário atacar para responder com uma rápida transição. Esse, aos poucos, deve ser alguns dos pontos novos de Felipe Conceição em relação ao seu antecessor. Nessa tarde, essa pressão ainda foi um tanto quanto tímida, mas a tendência é que aumente nas próximas partidas.

Um ponto negativo foram os jogadores de lado de campo. Assim como citado anteriormente, um dos motivos para essas atuações ruins foi a falta de presença de Valencia, que pouco encostou para oferecer suporte ofensivo. Rodrigo Pimpão, que teve uma boa participação tática, foi muito mal jogando pelo lado direito, sendo deslocado de seu lado preferido. Luiz Fernando, por sua vez, não é um jogador de velocidade e, em muitas oportunidades, acabou ficando no mano a mano contra algum marcador, mas não conseguiu ultrapassá-lo justamente por isso.

João Paulo, nesse contexto, foi o principal jogador do Botafogo em um primeiro tempo razoável. O camisa 8 era responsável por todas as ações ofensivas do clube de General Severiano, além de apoiar cobrindo espaços nos ataques do Fluminense. Ou seja, foi intenso e participativo nos dois setores do campo durante toda a partida, merecendo um devido destaque pelo lado da equipe de Felipe Conceição.

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Segundo tempo

Felipe Conceição colocou Rodrigo Lindoso no lugar de Valencia com a esperança de que o atleta repetisse as mesmas atuações dos tempos de Madureira, quando era um meio-campo muito participativo ofensivamente, com uma forte chegada à área. Com Jair Ventura, porém, Lindoso se tornou um volante mais recuado, e parece que essa ideia esteve com o atleta hoje, já que o mesmo não conseguiu reproduzir o ímpeto ofensivo que o treinador alvinegro desejava.

Dessa maneira, João Paulo, que estava se cansando por correr tanto, caiu um pouco de produção, o que representou um gráfico decrescente na atuação do Botafogo, que pouco assustou no segundo tempo. Com a participação já dificultada pela fraca participação de Valencia, a entrada de Lindoso foi o estopim para um jogo completamente apático e desorganizado, já que o Alvinegro não conseguia se entender em campo.

Leandro Carvalho fez sua estreia (Foto: Vitor Silva/SS Press/Botafogo)

As entradas de Ezequiel e Leandro Carvalho eram até interessantes, buscando, ao mesmo tempo, aumentar a produção ofensiva e evitar que os alas do Fluminense permanecessem tanto tempo no ataque. Porém, sem criação, não há organização o suficiente para incomodar o adversário e, nas raras vezes que os dois atletas tocaram na bola, não conseguiram produzir nada, já que todos os companheiros estavam afastados.

A conta

A segunda atuação do Botafogo de Felipe Conceição é um tanto quanto preocupante. Após apresentar boas ideias na partida contra a Portuguesa-RJ, o Glorioso sofreu para empatar com o Fluminense e o empate em 0 a 0 saiu no lucro. Tudo isso também pela escolha errada do treinador, ao colocar Rodrigo Lindoso em campo, o que acabou com o time ofensivamente, já que João Paulo não possuía mais energia para criar.

Apesar disso, existem coisas boas para serem extraídas da primeira etapa, quando o jogo foi equilibrado. Ofensivamente, o Botafogo deixou muito a desejar, já que foi desorganizado e desequilibrado para esse jogo – nesse contexto, é também importante citar Brenner, que foi aquém do esperado, entrando, muitas vezes, em posição de impedimento. Felipe Conceição deve enxergar, assim como citado na primeira frase desse texto, aquilo que aconteceu de errado hoje para não repetir nunca mais.

Para a primeira sequência de partidas quarta-feira e no fim de semana, o levantamento, até aqui, é negativo. Mas isso está longe de ser algo ruim, já que o tempo para preparação ainda é muito curto. O discurso ainda é – e tem que ser – de paciência: boas ideias são notadas com facilidade, mas a prática das mesmas virá apenas com tempo de trabalho e, principalmente, o aprendizado nas partidas. 

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