Fundado no dia 3 de fevereiro de 1914, o Santa Cruz Futebol Clube é reconhecido em escala nacional e internacional pela paixão da sua torcida, independente da divisão. A massa tricolor esteve sempre ao lado do clube, e contribuiu significamente nos momentos críticos, obtendo superações que marcam a história do clube. Em comemoração ao aniversário, a VAVEL Brasil selecionou dez partidas memoráveis que representaram o espírito guerreiro e vencedor do Mais Querido nesses 104 anos.

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Campinense 1 x 1 Santa Cruz - Final da Copa do Nordeste 2016

Conhecido por ser o "Terror do Nordeste", pelas conquistas que são pioneiras no futebol da região (primeiro clube a vencer a Seleção Brasileira e primeiro nordestino a vencer um time do Sudeste), o apelido tricolor se justificou quando Tiago Cardoso levantou o troféu da Copa do Nordeste 2016, a maior conquista da história do Santa Cruz.

Com a vitória no jogo de ida por 2 a 1 no Arruda, bastava a Cobra Coral um empate para levar a orelhuda à Recife. Cerca de 2 mil tricolores foram ao Amigão empurrar seus jogadores em busca do título do inédito. Teoricamente, o Campinense por precisar do resultado seria quem buscaria as ações do jogo. Ao invés disso, se viu um Santa a vontade, tocando a bola e rondando a área adversária.

Apesar da superioridade e oportunidades claras no primeiro tempo, o Santa perdeu o domínio do jogo na segunda etapa e passou ao Campinense a necessidade de propor o jogo. Até que aos 25 minutos, Adalgiso Pitbull disputou a bola e passou para Rodrigão. Usando o faro de artilheiro, o atacante dominou e chutou no canto esquerdo de Tiago Cardoso. Naquele momento, a equipe paraibana se tornava bi-campeã nordestina. Com a torcida tricolor calada em um Amigão em festa, o Santa Cruz voltou a atacar e usar o trio ofensivo. Aos 33, Keno cruzou e a bola chegou em Arthur, que chutou e a bola explodiu em Danilo, voltando ao atacante que pegou de primeira. A partir dali, o Nordeste ficou preto, branco e encarnado.

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Santa Cruz 2 x 1 Betim - Quartas de final do Campeonato Brasileiro da Série C 2013

Já era seis anos de sofrimento. Seis anos longe das duas principais divisões do futebol brasileiro e em um túnel interminável. Enfim, a luz apareceu no dia 3 de novembro de 2013. O Santa Cruz estava de volta ao Campeonato Brasileiro da Série B e deixava para trás uma época que não correspondia ao tamanho do clube e nem da torcida.

Por conta do resultado da ida, um empate servia no Arruda tomado por 60.040 tricolores. André Dias, que havia feito a assistência para o gol no jogo anterior, tratou de acalmar ainda mais o coração do torcedor coral com o gol aos 12 minutos do segundo tempo. Porém, o time mineiro não se deu por vencido, e Max empatou aos 20 minutos.

Caso os visitantes fizessem mais um, o sonho tricolor estava acabado. A angústia era visível no rosto do torcedor. Mas dentro do campo se encontrava um personagem folclórico, e que em breve seria considerado ídolo. Flávio Caça-Rato mergulhou para fazer um peixinho e raspar de cabeça a bola para dentro das redes, decretando o fim de um dos episódios mais tensos e ao mesmo tempo emocionante da Cobra Coral.

Sport 0 x 2 Santa Cruz - Final do Campeonato Pernambucano 2011

O Santa Cruz vivia a pior fase em seus 97 anos de história. Afundado na Série D e com um time modestíssimo, era considerado um mero coadjuvante na competição que tinha os rivais Náutico e Sport duas divisões acima. Treinado por Zé Téodoro, a Cobra Coral se mostrou ao longo do Estadual um time aguerrido e organizada taticamente, surpreendendo a todos ao terminar a fase classificatória na frente do Sport.

Na fase mata-mata, o Leão eliminou o Náutico, enquanto os tricolores derrotaram o Porto. Em busca do hexacampeonato, os rubro-negros já contavam como certo o inédito número de títulos consecutivos. Porém, foram surpreendidos ao perder a ida em plena Ilha do Retiro por 2 a 0, com um golaço do jovem promissor Gilberto. Na volta em um Arruda lotado, o Santa segurou a pressão e levou o gol apenas no final, em um pênalti cobrado por Marcelinho Paraíba. Não foi suficiente para estragar a festa dos mais de 62 mil tricolores, que não sabiam que o ressurgimento de um dos gigantes do Nordeste estava começando.

Santa Cruz 2 x 1 Portuguesa - Última rodada do Campeonato Brasileiro da Série B 2005

26 de novembro de 2011, mais um dia de emoção para o torcedor tricolor. Reconhece a data? É a mesma da "Batalha dos Aflitos", protagonizada por Náutico x Grêmio, outra partida daquela última rodada da Série B de 2005. O Santa precisava vencer a Portuguesa para voltar à elite do futebol brasileiro após quatro anos. A Lusa, por outro lado, além da vitória, torcia pela derrota do Náutico para subir..

Comandado por Givanildo Oliveira e jogadores como Carlinhos Bala, Rosembrick e Reinaldo, a Cobra Coral saiu atrás do placar após pênalti de Bala em Johnson, aos 19 minutos. Cléber cobrou para o gol, deixando naquele momento os tricolores fora da Série A 2006. Porém, a apreensão no Arruda não durou muito tempo. Aos 38, em jogada pela direita de Carlinhos Bala, o atacante cruzou para Reinaldo, que dominou e chutou forte no ângulo de Gléguer, fazendo um golaço digno de centroavante. O segundo gol viria minutos depois, em jogada pela esquerda de Rosembrick e fez o cruzamento para Reinaldo livre, que só fez desviar para o fundo das redes, alucinando a massa tricolor.

Quando a partida acabou, o Santa não só comemorou o acesso, mas o título da Série B. Os tricolores só não sabiam que mesmo estando com dois jogadores a menos e dois pênaltis contra, o Grêmio viria a fazer um dos gols mais históricos do futebol, se tornando campeão da segunda divisão daquele ano, e tirando o que seria o primeiro título nacional tricolor.

Sport 2 x 3 Santa Cruz - Final do Campeonato Pernambucano de 2012

Mesmo subindo de divisão, o Santa Cruz continuava com dificuldades financeiras e manteu a base vitoriosa da temporada passada. Os rivais Sport e Náutico conquistaram o acesso para a Série A, e novamente seriam considerados favoritos ao título da competição. Mais uma vez os corais não enfrentaram um clássico nas semifinais, e sem dificuldades, passaram do Salgueiro. Com o Sport vencendo o Náutico, se repetiria outro confronto digno do "Clássico das Multidões".

A vingança leonina tinha o palco perfeito: Ilha do Retiro lotada e pintada de vermelho e preto, no dia do aniversário do clube, 13 de maio. Após o 0 a 0 na partida de ida, os rubro-negros tinham a vantagem do empate para voltar a levantar uma taça em Pernambuco. Mas os tricolores queriam mesmo estragar a festa. Branquinho recebeu bonito passe de Caça-Rato e chutou na saída de Magrão, abrindo o placar. A esperança do torcedor do Leão voltou a encher, quando logo depois Moacir fez jogada individual e chutou com desvio em William Alves, surpreendendo Tiago Cardoso. Competindo pela artilharia do campeonato junto de Marcelinho Paraíba, Dênis Marques marcou o dele em chute colocado no canto de Magrão, se isolando na disputa. Bastou ao Mais Querido se defender, deixando o rival cada vez mais nervoso em busca do gol.

Depois do Sport se lançar ao ataque, perdendo gols cara a cara e bolas na trave, outra máxima do futebol foi a favor do Santa: "quem não faz, leva". Em contra-ataque fulminante, o ex-rubro-negro Luciano Henrique ganhou de Hamilton e com muita frieza, limpou Magrão e praticamente matou o jogo. Mas o jogo era 'teste para cardíaco'. Aos 35, Edcarlos pegou rebote de Tiago Cardoso e diminuiu, fazendo com quem tivesse deixado a Ilha do Retiro voltasse. Ainda assim, não impediu a festa coral no estádio do rival, que entoava "parabéns pra você" de forma irônica.

Flamengo 1 x 3 Santa Cruz - Quartas de final do Campeonato Brasileiro de 1975

Não há duvidas de que a década de 70 foi histórica para o Santa Cruz. Foi nela em que o Arruda foi inaugurado e houve a supremacia tricolor em Pernambuco, conquistando oito títulos estaduais. Além disso, no ano de 1975 aconteceu a melhor campanha do clube em competições nacionais, quando chegou na semifinal do Campeonato Brasileiro. O desafio tricolor para chega lá era nada mais do que o Flamengo de Zico, em um Maracanã com 74 mil pessoas.

Entrando em campo com nomes como Givanildo, Fumanchu e Ramón (artilheiro do Brasileiro de 1973), os tricolores contrariaram as expectativas e se sentiram a vontade contra os cariocas, dominando a partida desde o início. Aos 26 minutos, Ramón desviou de cabeça e abriu o placar no Rio de Janeiro. Porém, no minuto seguinte Zico cobrando pênalti empatou a partida. Na volta para o segundo tempo, o Santa Cruz continuava com maior controle sobre os mandantes. Não demorou para converter o domínio em gol. Aos 19, Ramón fez jogada individual e macou um golaço, deixando os pernambucanos mais uma vez na frente. A partir daí, o que se viu foi um Flamengo desesperado e partindo para a violência, tirando os corais Pio e Mazinho por lesão. Já perto dos acréscimos, Vôlnei, que substituiu Mazinho, também construiu uma bonita jogada e chutou na saída do goleiro Cantarelli, matando o confronto e fazendo a euforia tricolor.

Santa Cruz 3 x 2 Seleção Brasileira - Amistoso de 1934

Em 17 de jogos disputados no território pernambucano, a Seleção Brasileira perdeu apenas uma vez, que foi para o Santa Cruz. Voltando da Copa do Mundo de 1934, a seleção brasileira fez uma escala no Recife, onde disputou cinco amistosos. De início, tudo dentro do previsto: vitórias sobre o Sport, o próprio Santa, o Náutico e a seleção pernambucana.

No último amistoso, a seleção enfrentou novamente a Cobra Coral, mas dessa vez acabou sendo derrotado, pelo placar de 3 a 2. Waldemar de Brito e Patesko fizeram os gols do Brasiil, enquanto Zezé (duas vezes) e Sidinho balançaram a rede pelo Santa. Foi a primeira vez que um clube brasileiro venceu a seleção nacional. Apenas outras quatro equipes conseguiram o feito de vencer a seleção principal do Brasil: Dublin(URU), Arsenal(ING), Atlético Mineiro e Flamengo.

Sport 0 x 2 Santa Cruz - Final do Campeonato Pernambucano de 2013

O ano de 2012 para o Santa Cruz começou com muitas alegrias, após ser bicampeão pernambucano derrotando o principal rival na sua casa. Na Série C, o sentimento foi de frustação, sem ao menos se classificar para a fase mata-mata. Zé Teodoro foi demitido e Marcelo Martelotte foi contratado para a temporada de 2013. O ex-goleiro tricolor e campeão pernambucano de 1993 comandou a equipe fazendo um Estadual parelho com os rivais, se mostrando melhor do que os times campeões nas edições anteriores.

Ao contrário dos anos anteriores, o Santa precisou eliminar um rival para chegar na decisão, cabendo aos alvirrubros o papel. Do outro lado, os rubro-negros golearam o Ypiranga nos dois jogos. Pelo terceiro ano seguido, Santa Cruz x Sport fariam a final do Campeonato Pernambucano. Na partida de ida, os tricolores saíram vencedores com golaço de Dênis Marques, que poderia ter feito mais um se Magrão na fizesse a defesa do pênalti. A volta aconteceu de novo na Ilha do Retiro, com atuação de gala do Tiago Cardoso, mostrando ter um gostinho a mais nos jogos contra o Sport. Com bonitos gols do xodó Flavio Caça-Rato e Sandro Manoel, o Santa se tornou tricampeão pernambucano, levantando mais uma taça na casa do rival, que a torcida tricolor carinhosamente começou a chamar de 'casa dos festejos'.

Santa Cruz 2 x 1 Náutico - Final do Campeonato Pernambucano de 1993

Após o Náutico ter se sagrado campeão do 1º turno e o Santa Cruz do 2º turno, as duas equipes se encontraram para fazer a final da competição. O time do Santa jogava por dois empates no confronto para ser campeão, mas os alvirrubros conseguiram reverter a vantagem ao vencer a ida com um gol do atacante Lau.

Contratado pelo Santa apenas no segundo turno, Washington não precisou de muito tempo para se tornar o artilheiro da competição. Na partida de volta, porém, viria a ser expulso por uma entrada violenta aos 37 minutos do primeiro tempo. Logo depois, aos 46, Paulo Leme cobrou falta e ampliou a vantagem para o Timbu. Sem seu melhor jogador e na desvantagem, já estava perto do final do jogo quando os tricolores deixavam as arquibancadas. Mas não sabiam da reação coral que estava por vir. O Santa empata a partida aos 38 com Fernando, mas precisava de mais um para haver prorrogação. Até que, em um lançamento na área, o zagueiro alvirrubro Parreira tentou tirar a bola de peixinho e errou, permitindo que Célio, livre, chutasse cruzado sem chances para o goleiro Marco Antônio. No tempo extra, bastou aos tricolores segurarem o resultado para darem o grito de campeão.

Santa Cruz 3 x 2 Sport - Final do Campeonato Pernambucano de 1957

Em 1957 o Santa Cruz chegava na marca de 10 anos sem ganhar um título, sendo coadjuvante na disputa polarizada entre Náutico e Sport. O regulamento da época tinha três turnos, com o Santa, Náutico e Sport campeões do primeiro, segundo e terceiro respectivamente. Pela primeira vez, os três grandes clubes do estado estavam na final, o que foi chamado pela imprensa de "Supercampeonato".

No primeiro jogo Náutico e Sport empataram em 1 a 1, enquanto que na segunda partida os tricolores venceram os alvirrubros por 3 a 1, levando a vantagem do empate para a partida final diante do Sport. Na decisão, a Cobra Coral abriu 1 a 0 no placar com Aldemar, cobrando pênalti, e Mituca ampliou a vantagem ainda na primeira etapa. No segundo tempo, Rudimar aumentou o marcador e a festa vermelha, branca e preta tomou a Ilha do Retiro. O Sport ainda diminuiu com dois gols no final, mas não foram suficientes para impedir o primeiro Supercampeonato tricolor.

Tricolores entrando em campo na Ilha do Retiro
Tricolores entrando em campo na Ilha do Retiro