Júlio César finalmente fez sua reestreia pelo Flamengo. Foi nesta quarta-feira (7), contra o Boavista, pela 3ª rodada da Taça Rio, no Estádio Raulino de Oliveira. A vitória por 3 a 0, que levou à retomada da liderança do Grupo B, pouco importou frente às inúmeras homenagens durante o dia e, principalmente, antes da partida, onde teve seu nome gritado pelos torcedores.

Talvez não tenha sido a estreia dos sonhos da torcida. Muitos desejavam um retorno deslumbrante para o camisa 12, com um Maracanã lotado num domingo de clássico. Mas para o jogador, o palco da partida leva lembranças muito especiais. Ali havia sido seu último jogo com a camisa rubro-negra. Num 6 a 2 contra o Cruzeiro, o Flamengo afastou de vez o risco de ser rebaixado e a partir dali o jovem goleiro partiria para o início da caminhada de seu futuro brilhante.

E depois de 13 anos, aquele 19/12/2004 ainda ecoa em sua cabeça, além de toda a trajetória em sua primeira passagem pelo clube. Essas memórias juntas do presente afirmam cada vez mais uma certeza: a de que é um ídolo. E a partida mostrou bem isso. A cada toque na bola, mesmo que fosse através de uma fácil defesa ou um simples recuo de bola, a torcida inflamava em gritos de apoio, sendo logo acompanhados pelo hino do clube. Júlio volta num momento polêmico do clube, em que, para muitos, sobra dinheiro investido e falta motivação em defender a instituição. Algo bem diferente do time que deixou há mais de uma década, onde era exatamente ao contrário, tendo até se despedido com salários a receber e depois optou por deixar o dinheiro com o clube.

Mas não foi tão diferente daquela partida. O golaço de Felipe, o último dos seis gols naquela ocasião, foi substituído em dose dupla e no mesmo nível. Primeiro, com Diego em falta na esquerda da meia-lua aos 36 minutos. Quatro minutos depois, Paquetá, do outro lado da marca, acertou um belo chute e contou com o voto do protagonista da festa. "Escolho o gol do Paquetá. Como goleiro, acho que por causa do ângulo, foi ele."- explicou o protagonista da festa.

Júlio César foi o capitão esta noite. Foto:(Gilvan de Souza/Flamengo).
Júlio César foi o capitão esta noite. Foto:(Gilvan de Souza/Flamengo).

Mesmo com o palco levando boas energias ao goleiro, o Estádio da Cidadania não levou bom público outra vez. No entanto, isso não mexeu com o arqueiro, que agradeceu a presença de quem foi vê-lo: "Estreia não poderia ser melhor. Esse reencontro com a torcida, queria agradecer a quem compareceu nessa chuva. É um sentimento de muita felicidade. É um momento especial para mim."

Outra situação declarada na entrevista foi também a surpresa com a entrega da faixa de capitão pelo zagueiro Juan e também sobre sua fama de ''chorão'': Sempre fui muito emotivo e as pessoas até encarnam com isso. Não esperava o ato do Juan e me emocionei. Isso foi gravado e depois a assessoria vai mostrar como a preleção foi emotiva."

O goleiro finalizou a entrevista agradecendo à diretoria pela negociação e comparou sobre o tempo de quando saiu do clube: "Já falei outras vezes sobre a diferença da estrutura antes e como está agora. É até estranho ver como é hoje para alguém que participou da época de vacas magras. Com isso a cobrança é até maior. Acho que merecia esse retorno pelo que o Flamengo representa para mim."

Sobre quando será próxima partida, Julio César desconversou e ironizou: "Quando vai ser eu não sei, isso fira para o Carpegiani. Sei que o próximo jogo é no domingo contra o Macaé.(risos)". Sobre isso, ainda há duvida por conta do arqueiro não estar presente na lista dos incritos na Libertadores da América. Há também a situação de necessidade do goleiro titular Diego Alves adquirir ritmo de jogo. Mesmo assim, Júlio deixa a impressão de que pode e quer ser mais utilizado mais para frente, e mais, deixa mais clara ainda a sua imagem de ídolo do Flamengo.