Em um confronto de 180 minutos, uma mínima vantagem no primeiro duelo pode ser o suficiente para levar a melhor. Mas em outros casos não. E quando se trata de um clássico, a situação fica ainda mais imprevisível. O retrospecto recente favorecia o CRB, que venceu o primeiro jogo e tinha conquistado títulos sobre o CSA na década. Mas o Azulão do Mutange mostrou o motivo de ter evitado maiores feitos alvirrubros na história do principal duelo do futebol alagoano.

Não foi mais do mesmo. Os últimos minutos do Campeonato Alagoano 2018 reservaram surpresas emocionantes. Se o Clássico das Multidões tinha tudo para ser histórico, cumpriu à risca. Foi o Dia D aos marujos. Com gols marcados por Didira e Daniel Costa, o Azulão do Mutange venceu por 2 a 0, destruiu a vantagem adversária e conquistou o 38º título estadual, o primeiro desde 2008. Além disso, o Azulão evita o tetracampeonato do CRB e volta a conquistar um título em cima do principal rival depois de 20 anos, quando tinha faturado o tri em 1998. O título neste domingo (8) garante ao CSA a vaga na Copa do Brasil e na Copa do Nordeste de 2019.

+ Veja como foi o tempo real do histórico duelo

Após toda a euforia, a equipe vai tentar mudar a chave e estrear no principal desafio da temporada, o Campeonato Brasileiro da Série B. Os regatianos estreiam diante do Oeste, às 20h30 da sexta-feira (13), na Arena Barueri; enquanto os azulinos voltam a jogar no Estádio Rei Pelé às 16h30 do sábado (14), diante do Goiás.

Didira arremata para abrir o placar (Foto: Gustavo Henrique/RCortez/CSA)

Vantagem do lado azul

O CSA veio determinado a fazer o que não tinha feito há muito tempo. Atacar. Logo aos dois minutos, o goleiro João Carlos começou a se destacar quando Echeverría ajeitou, Boquita desviou e Didira encheu o pé para a defesa espetacular do arqueiro. O terceiro Clássico das Multidões do ano foi completamente o oposto dos anteriores, com muita intensidade e com a boa perspectiva. O primeiro tempo também foi marcado pelos duros contatos entre os atletas.

A intensidade do CSA resultou em gol. Aos 19 minutos, Echeverría recebeu longo lançamento em velocidade, avançou e chutou forte. O goleiro João Carlos espalmou. Didira aproveitou a sobra para chutar no alto, abrir o marcador e anular qualquer vantagem que o rival tinha. A partir daí, um festival de cartões amarelos, faltas duras e confusão. Xandão cometeu falta dura e foi advertido. Os regatianos reclamaram, pediam a expulsão e o jogo ficou paralisado. Pouco tempo antes, João Carlos tinha evitado o segundo gol do CSA quando o Azulão avançou em contra-ataque iniciado por Michel Douglas. O centroavante acionou Didira na esquerda, que cruzou na área para Daniel Costa. O camisa 10 dominou e encheu o pé para espetacular defesa do arqueiro do Galo.

Entretanto, o segundo tento veio aos 44 minutos. Rafinha cobrou lateral direto na área, Didira furou na hora de arrematar e Daniel Costa estava no momento certo para chutar e deixar a massa azul feliz e com totais possibilidades de conquistar o título estadual, uma vez que a vantagem tinha mudado de lado.

Daniel Costa comemora o gol do título do CSA após uma década (Foto: Gustavo Henrique/RCortez/CSA)

Pressão do CRB e a defesa garante o fim do jejum

O segundo tempo apresentava algo novo. O CRB estava em desvantagem e precisava impor seu jogo e fazer valer a ofensividade e o estrelismo de Neto Baiano, capitão da equipe e sempre decisivo em clássicos. Desde os primeiros minutos da etapa complementar seria perceptível que, se o CSA quisesse ser campeão, teria que segurar bem o adversário e administrar a vantagem.

Por ser a referência ofensiva do Galo, Neto Baiano era acionado com frequência. Aos seis, Juninho Potiguar escorou de cabeça e o centroavante regatiano emendou com o pé esquerdo. Dois minutos depois, Juninho Potiguar cruzou e Neto Baiano cabeceou. A bola tirou tinta da trave. Em seguida, nova bola alçada na área e o centroavante cabeceou em cheio no travessão.

O técnico Marcelo Cabo modificou o time para segurar o jogo e deixar o time menos encurralado no campo de defesa. Por outro lado, Mazola Júnior deixou o time ainda mais no ataque. Era o ataque do CRB contra a defesa do CSA. Um gol era necessário para a disputa ir às penalidades máximas. Aos 38 minutos, a defesa que garantiu o título azul. Após cruzamento na área, Feijão cabeceou, Alexandre Cajuru fez uma intervenção milagrosa e Xandão tirou em cima da linha de bicicleta.

O Galo tentava arriscar de longe, Neto Baiano era acionado, mas errava o alvo. Nos acréscimos, uma pequena confusão resultou no segundo cartão amarelo e na expulsão de Daniel Costa. Mas pouco importava naquele instante. O Azulão já fazia a festa e segue a comemorar bastante o primeiro título em uma década, justamente em cima do maior rival.