Primeiro adversário do Botafogo na Copa Sul-Americana, o Audax Italiano não vive um bom momento no Campeonato Chileno. Na verdade, a atual temporada da equipe é bem fraca se comparada com o ano passado – quando foi sétimo colocado no Torneo Clausura, uma espécie de ‘primeiro turno’, e quinto no Torneo Transición, o que lhe rendeu a vaga para a segunda competição internacional mais importante da América do Sul.

Quatro vezes campeão chileno, em 1936, 1946, 1948 e 1957, o Audax Italiano é um dos times mais antigos do país, tendo 107 anos de vida. Apesar de ter passado um grande período na segunda divisão do campeonato local, entre 1972 e 1976 e 1987 e 1995, a equipe está no topo do esporte local desde 1996, tendo seu último momento de ‘glória’ em 2006, quando foi vice-campeão do Torneo Clausura.

Sua única participação na Copa Sul-Americana ocorreu em 2007, quando conseguiu eliminar o Jorge Wilstermann com um placar de 3 a 1 na parte preliminar da competição, mas acabou sendo eliminado pelo Colo-Colo na fase seguinte. Quando o assunto é Libertadores, o Audax Italiano disputou em duas oportunidades, sendo eliminado na fase de grupos em 2007 e 2008. Além disso, possui uma participação em Copa Conmebol, em 1998, quando foi superado pelo Rosario Central nas oitavas de final.

Fraco desempenho em 2018

Após uma sólida campanha na temporada de 2017, a base para esse ano foi mantida, com a grande maioria dos jogadores titulares permanecendo no plantel. O desempenho, porém, é bem abaixo daquilo que fora apresentado anteriormente, já que o Audax Italiano é o último colocado do Campeonato Chileno, tendo 5 pontos em oito partidas disputadas: uma vitória, dois empates e cinco derrotas.

Nesse contexto, é possível enxergar um dos pontos fracos da equipe chilena: a defesa. No campeonato local, os Audinos levaram 16 gols, o que resulta em dois tentos contra o próprio gol por jogo. A posição de goleiro é outro problema para o Audax: no começo da temporada, o experiente Nicolás Peric, de 39 anos, era o titular da meta. Porém, algumas atuações ruins fizeram com que Juan Muñoz, seu reserva, assumisse a vaga no onze inicial. Com o arqueiro de 27 anos em campo, a equipe conquistou 4 pontos em duas partidas, mas, após algumas atuações abaixo da média, o experiente atleta e capitão retornou à meta do time.

Essa indefinição do goleiro titular é apenas o reflexo de uma equipe que simplesmente não passa por um bom momento. O Audax Italiano vem de três derrotas seguidas: 3 a 0 contra o Curicó Unido, 3 a 2 diante da Universidad de Chile – apesar da boa atuação – e 1 a 0 contra o Universidad Concepción, poupando alguns titulares, no último domingo (8), que foi eliminada pelo Vasco na segunda fase da Pré-Libertadores deste ano.

O treinador Hugo Vilches (Foto: Esteban Garay/LatinContent WO/Getty Images)
O treinador Hugo Vilches (Foto: Esteban Garay/LatinContent WO/Getty Images)

Como joga o Audax Italiano?

Em 2017, a formação utilizada era na base de um 4-3-3, com uma trinca de volantes – um à frente da defesa e dois mais avançados – com dois pontas abertos, um em cada lado, e uma referência dentro da área. Contando muitas vezes com o talento individual de Bryan Carrasco, o Audax Italiano conseguia se manter competitivo diante das referências do país, apesar de não ter conquistado uma vaga para a Taça Libertadores.

O mapa da mina: lado direito da defesa

Na atual temporada, essa formação mostrou sinais de fraquezas e, aos poucos, o treinador Hugo Vilches foi mudando para um 4-2-3-1. Nesse novo esquema, com três jogadores atrás de um atacante, o Audax Italiano teve suas melhores atuações na temporada: a única vitória no campeonato, por 1 a 0, diante do Everton de Viña de Mar, o empate de 1 a 1 com o Palestino e a derrota de 3 a 2 para a Universidad de Chile.

Nos últimos jogos, porém, essa formação também trouxe problemas, já que nas derrotas para Curicó e Concepción o time estava jogando nessa tática. Nos últimos três jogos, foram sete gols tomados, sendo quatro originados do lado esquerdo do ataque – local onde joga o lateral-direito Osvaldo Bosso – e três de bola de parada: dois de pênalti (apesar de um ter sido no rebote após defesa de Peric) e um de falta.

Reprodução/LineUp Builder
Reprodução/LineUp Builder

Provável escalação de acordo com as últimas partidas da equipe. Para este duelo, porém, não seria exagero pensar em algumas mudanças, já que a prioridade de Hugo Vilches é melhorar o desempenho no Campeonato Chileno.

Fase ofensiva

A falta de criatividade no ataque também é um dos motivos para as fracas atuações do Audax Italiano no ano. Dentro de campo, a equipe de Hugo Vilches foca a maior parte das jogadas em cruzamentos vindos do lado do campo, buscando sempre a bola aérea para o atacante Ignacio Jeraldino, artilheiro da equipe no ano, com quatro gols marcados. No contexto da bola aérea, Loco Abreu, conhecido pela torcida do Botafogo, é reserva, mas regularmente entra durante as partidas.

Quando o esquema é o 4-2-3-1, a equipe do Audax Italiano se mostra intensa, com bastante movimentação dos três atletas atrás de Jeraldino. Diante de uma forte marcação pelo meio, porém, a tentativa de bola pelos lados do campo e, consequentemente, um cruzamento são as opções achadas por Hugo Vilches, que é marcado por conseguir adaptar o seu time ao estilo de jogo do adversário. Além disso, outro nome interessante da equipe chilena é o volante Fernando Cornejo, de 22 anos, que oferece um bom apoio defensivo e qualidade na saída de bola, tendo distribuído uma assistência no Torneo Clausura.

Ou seja, o jogo do Audax Italiano é focado, principalmente, em jogadas pelos lados do campo, com os dois pontas abertos pelos lados. Na direita, Bryan Carrasco. Na esquerda, porém, a disputa está em aberto e Nicolás Crovetto, Renato Tarifeño e Juan Leiva podem estar na equipe titular - com o meio-campista Joe Abrigo correndo por fora. No geral, é um plantel bem jovem, sendo a faixa etária dos atletas em 25,5 anos.

Destaque

O jogador que consegue garantir algum tipo de desequilíbrio na equipe do Audax Italiano é Bryan Carrasco, de 27 anos. Atuando pelo lado direito do ataque, é a grande referência da equipe, que, muitas vezes na última temporada, dependeu de seu talento para vencer partidas, já que o mesmo viveu a maior fase artilheira de sua carreira: 10 gols no Torneo Transición, sendo o máximo goleador da competição.

Além disso, também ajuda por meio de assistências. Tendo a velocidade como uma de suas principais qualidades, Carrasco consegue servir os companheiros com extrema facilidade, tendo contribuído com quatro passes para gol no último Campeonato Chileno e dois no atual. Apesar da queda de rendimento em relação ao ano passado, o atacante continua sendo uma arma muito perigosa do adversário do Botafogo.

Carrasco viralizou na internet e ganhou certa notoriedade em 2011, em um lance válido pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo sub-20. Aos 31 minutos do segundo tempo, o Chile perdia para o Equador por 1 a 0 e, querendo recuperar a posse da bola, o atleta pegou a mão de Edson Montaño, jogador adversário, e a atingiu em seu próprio rosto, tentando simular uma falta.

O palco da partida

O estádio do Audax Italiano é o Municipal de La Florida, que fica em uma cidade com o mesmo nome da arena, na Região Metropolitana do Chile. A partida, porém, não será realizada neste local, já que a equipe não conseguiu cumprir com todos os requisitos desejados pela Fifa, já que trocaram recentemente o tipo de gramado, colocando um tapete sintético.

Dessa maneira, por conta de uma recomendação da Conmebol, o primeiro duelo do Botafogo na Copa Sul-Americana será no Estadio San Carlos de Apoquindo, que é utilizado pela Universidad Católica, uma das equipes mais tradicionais do país. Com 14000 assentos, dois mil a menos do que sua tradicional arena, é provável que nem todos estejam ocupados, já que a torcida do Audax Italiano não é muito grande – além do pífio momento vivido pela equipe contribuir para esse panorama.

(Foto: Martin Bernetti/AFP/Getty Images)
(Foto: Martin Bernetti/AFP/Getty Images)

No atual Campeonato Chileno, o melhor número em termos de público foi de um pouco mais de 7000 torcedores, que estiveram presentes na partida contra a Universidad de Chile, que também marcou a estreia do gramado sintético. Nas outras três partidas com mando de campo, um público baixíssimo, que não conseguiu alcançar 2000 torcedores em nenhum dos compromissos. Apenas 17km separaram os dois estádios.