Nelsinho Baptista convocou coletiva durante a tarde desta terça-feira (24) e escancarou toda a sua insatisfação com o quotidiano e com a diretoria do Sport. Não restou alternativa. O treinador pediu demissão do cargo. Foi a segunda passagem de Nelsinho à frente do clube rubro-negro. Aos 67 anos e depois de nove temporadas no futebol japonês, o técnico retornou com o bom histórico de ter levado o time ao título da Copa do Brasil em 2008. Desta vez, tudo foi diferente. Em 17 jogos, sete vitórias, sete empates e três derrotas. No Campeonato Pernambucano, eliminado nas semifinais pelo Central. Na Copa do Brasil, eliminado de maneira surpreendente pelo Ferroviário ainda na segunda fase. No Campeonato Brasileiro, um ponto conquistado em dois jogos.

Quem também saiu foi Daniel Paulista. O auxiliar, que chegou a comandar o treino nesta tarde, jogou no clube em 2008 e entre 2009 a 2011. Como atleta, conquistou a Copa do Brasil – debaixo do comando de Nelsinho Baptista. Como técnico (interino ou efetivado), foram 33 jogos, com 18 vitórias, seis empates e nove derrotas.

Nelsinho tinha concedido entrevista exclusiva à TV Globo e deixou claro a surpresa ao chegar no clube. Com as informações de que o clube estava com a situação financeira tranquila e com as finanças em dia, foi surpreendido ao ver que o panorama é de sufoco na parte monetária.

“Estou fora do Sport. Não consigo trabalhar com pessoas que enganam todo mundo. Estou fazendo essa coletiva e estou usando da mesma forma que os diretores usaram um áudio que vazou ontem. Eu fiquei sabendo desse áudio e, para consumar minha demissão, para consumar nessa declaração só faltou a derrota do Sport. Trato as pessoas do jeito que elas me tratam. Estou aqui para dizer que é uma covardia o que foi feito. A diretoria está acompanhando, sabe o trabalho do dia a dia e foi uma declaração que eu acho até que, em parte, eu tenho que aceitar. Como treinador, tenho que viver com cobrança, pressão, porque o futebol brasileiro é assim. Agora existe uma grande mentira no final. Quando diz que ele deu totais condições de trabalho para a gente ir ao jogo. Mentira. Nem no CT ele apareceu”, explicou.

Nelsinho Baptista teve o trabalho de remontar o elenco. Deixaram a equipe os volantes Patrick e Rithely, o meia Diego Souza e o atacante André. Em contrapartida, em respeito às finanças do clube, chegaram jogadores de um nível mais inferior: o lateral-direito Cláudio Winck, os zagueiros Max e Ernando, os volantes Ferreira e Nonoca, o meia Andrigo e os atacantes Carlos Henrique e Hygor. E o treinador deixou bem claro como viu toda essa situação.

“Eles não me deram Carlos Henrique porque não tinha dinheiro para pagar o empréstimo para o Londrina. Não foi falta de condições físicas, nem nada. Foi por falta de pagamento para o Londrina porque o Carlos Henrique não teve condições. Fui ao jogo ontem sem um atacante na frente. Eu estou desabafando algo que vem comigo há dez anos. Não consigo ficar calado. A debandada de atletas que quiseram sair, foi muito grande. Além de perder atletas, tinha uma crise para trazer jogadores. O trabalho foi bom, o resultado que não. Eu me sinto frustrado. A debandada de atletas que saiu daqui foi muito grande. Além disso, tinha uma crise para trazer jogadores”, adicionou.

Nelsinho continuou a falar sobre a questão salarial. “Convivi com muitos desses problemas. Mas os jogadores confiam na gente. E com esses problemas eu conversei. Os jogadores foram ao campo, foram ao jogo. Eu não recebo. Não recebi um direito de imagem ainda. Estou fazendo isso pela instituição. Se eu quiser parar hoje, eu paro. Eu vou curtir minha família e meus netos. Mas se uma declaração dessa acabar com a minha imagem, não pode. Em 2009 aconteceu isso e o Sport caiu. Eu não vou sair calado, estou denunciando isso em respeito ao torcedor. É fácil criticar jogador e treinador. Mas, e a diretoria?”, concluiu.