Após traçarem diferentes caminhos, Avaí e Ponte Preta chegam à última rodada da Série B em condições bem parecidas: dependendo apenas de si para conquistar o retorno imediato à Primeira Divisão - os dois times caíram juntos ano passado. Um empate garante o Leão na Série A. Já a Ponte precisa da vitória para não depender mais de ninguém. Caso não vença, precisa secar o CSA, que vai visitar o rebaixado Juventude.
O Leão, terceiro colocado, passou 26 das 37 rodadas do campeonato dentro do G-4, enquanto a Macaca arrancou com sete vitórias nos últimos oito jogos para entrar no último momento da competição dentro do grupo de acesso. A partida na Ressacada, em Florianópolis, começa às 17h (horário de Brasília). Os ingressos esgotaram nesta sexta-feira (22).
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— Avaí Futebol Clube (@AvaiFC) 23 de novembro de 2018
ACABARAM OS INGRESSOS PARA TODOS OS SETORES!#VemPraRessacada pic.twitter.com/mPBZjatnEH
No primeiro turno, as equipes empataram em 2 a 2 na Fonte Luminosa, em Araraquara. Rodrigão e Guga marcaram para o Avaí, enquanto André Luis fez os dois da Ponte. Na história foram 11 confrontos, com quatro vitórias para cada lado e três empates.
Carga emocional acompanha Avaí na decisão
Depois de perder em casa para o Fortaleza, o Avaí viajou para enfrentar o CSA em confronto decisivo na última rodada. Confirmando seu grande retrospecto como visitante, o Leão venceu por 1 a 0 e subiu para o terceiro lugar, com 60 pontos, dependendo só de suas forças para garantir seu terceiro acesso seguido em edições da Série B - a equipe subiu em 2014 e 2016, caiu em 2015 e 2017.
O técnico Geninho tem um problema delicado para resolver nesta decisão. O goleiro Kozlinski tomou o terceiro cartão amarelo e está suspenso. Aranha, que era o titular antes de se machucar, não atua desde setembro, mas foi relacionado e deve ser titular. A outra opção é o experiente Rubinho, que só jogou uma partida no ano - 2 a 2 com a Chapecoense, em abril. Os laterais-esquerdos Igor, com uma lesão no cotovelo, e Capa, suspenso, estão fora. O lateral-direito Iury será improvisado na posição. No ataque, Rodrigão e Daniel Amorim disputam um lugar.
Geninho destacou a importância desta conquista a este ponto da carreira. O treinador já conseguiu o acesso com o Avaí em 2014 e tenta, agora aos 70 anos e em sua segunda passagem pelo clube, fechar mais um ciclo com o objetivo alcançado.
"Não é mais um jogo normal, mais um acesso, mesmo com tudo que eu vivi. Cada experiência é diferente, isso é o coroamento do trabalho do ano. Como toda pessoa, quando você traça um objetivo e alcança, ainda mais na minha idade, me motiva muito. Eu tenho tesão no que faço, eu sonho com as coisas, me empolgo com um título uma classificação, sinto muito a derrota e me empolgo na vitória. Muitas vezes eu não extravaso, mas é meu jeito. Mas eu vou estar imensamente feliz por dentro e ter a mesma satisfação que tive do título do Brasileiro. Provar para mim mesmo que eu ainda posso e na minha idade, isso me mantém trabalhando. O dia que eu aceitar esse como um jogo normal tenho que parar, ir pescar, cuidar de neto e largar o futebol. Enquanto tiver esse fogo de querer ganhar, vou trabalhar", ressaltou.
Além de toda a importância esportiva, o jogo vai marcar a despedida do meia Marquinhos, maior ídolo da história do Avaí e maior artilheiro da Ressacada, do futebol profissional, buscando o terceiro acesso com a equipe. O camisa 10 deve começar a partida no banco, e destacou que quer que o dia seja de festa para o clube, além de si próprio, e da dificuldade de abandonar o futebol e o clube do seu coração.
"Por mais que a gente se prepare, a hora que acontece você não está preparado. É diferente, eu vivi isso intensamente, vivo isso desde os 9 anos, eu saí para fazer o teste no salão e quem conhece meus pais sabe da cobrança. Eu saía de casa e a mãe falava que eu tinha que ser o artilheiro do time. Sempre saí de casa com o intuito de fazer o melhor e foi benéfico, porque na hora da decisão eu fui calejado para tomar as atitudes corretas. Eu me preparei, mas não estou preparado para parar. É tentar fazer o último jogo da melhor maneira, a última semana de treinamentos agradecendo aos companheiros, todos que jogaram comigo. Eles fizeram cada dia eu crescer mais, ser um dia melhor que o outro", ressaltou.
Kleina destaca caminhada épica e espera coroar campanha com acesso
Quando perdeu para o Brasil de Pelotas por 1 a 0, em casa, na 29ª rodada, a Ponte Preta estava no 13º lugar, com 37 pontos, oito pontos atrás do G-4. Gilson Kleina assumiu o time a partir do jogo seguinte e, com sete vitórias e um empate nos oito jogos seguintes, a Macaca voltou de forma épica para a briga pelo acesso. A vitória por 2 a 0 sobre o Coritiba na última rodada colocou o time de Campinas pela primeira vez no G-4 em toda a competição. A equipe entra em campo no quarto lugar, com 59 pontos, dependendo de suas forças para voltar à Série A.
Kleina ressaltou a caminhada da Ponte em sua terceira passagem pelo clube e espera que o elenco mantenha a postura que vem tendo nesta arrancada em busca do acesso à Série A.
"Está chegando o grande dia, a grande hora, o grande momento. O mais importante disso é que nos preparamos para esse jogo. Agora é a última batalha. Espero que nós possamos continuar sendo competentes para coroar esse trabalho. Não vou negar que gera ansiedade em todos nós, mas tento colocar tranquilidade nos jogadores. Não podemos descaracterizar nossa identidade, porque esse comportamento é o que nos trouxe até aqui. Espero que a gente seja muito feliz no final dessa jornada", disse.
O treinador falou muito também da questão psicológica, que será decisiva nesta decisão em Florianópolis, e destacou que o time já trilhou um longo caminho até esta partida, mas que ainda falta o 'tijolinho' final para garantir o objetivo.
"Tem que se espelhar nas pessoas que realmente atingem seu objetivo. Falta um tijolinho só, estamos no último degrau da escada. Futebol te dá muitos exemplos. Uso exemplos que vivenciei, de pessoas que trabalharam e atingiram. Se acontecer o acesso, é próximo do Fluminense em 2009, do Goiás também. É uma caminhada épica, um acesso de verdade mesmo. Nessa caminhada tivemos curvas sinuosas, tivemos turbulências, mas ela está no trilho, em linha reta. Agora não pode é dormir, porque aí que vem a grande tragédia. É manter o foco, está no norte", ressaltou.
Em relação à última rodada, a Ponte não poderá contar com o volante João Vitor, suspenso. Em seu lugar, Nathan deve ganhar a vaga no time titular. Tiago Real, que estava suspenso na última rodada, entra na vaga de Victor Rangel.