Depois de vencer a Serie C do ano passado e se tornar o primeiro clube alagoano a ter um título nacional nos braços, o CSA continuou quebrando paradigmas em 2018. Em uma das temporadas que mais será lembrada na história do azulão do mutange, o clube de Maceió emendou o final de um jejum que durava uma década no Campeonato Estadual e conquistou um até então impensável acesso á Serie A do Campeonato Brasileiro, onde não atua desde 1987. Como "sobra" luxosa, os azuis e brancos ainda se tornaram o primeiro clube do país a fazer a escadinha, saindo da Serie D e chegando á elite em acessos seguidos.

Início difícil culminou em demissão do herói da conquista da Serie C

Tendo assumido o CSA em um momento delicado do ano passado e conseguido colocar os pingos nos is até a conquista inédita da Serie C, o até então unânime treinador Flávio Araújo acabaria demitido de forma precoce na temporada atual. Com críticas abertas a montagem do elenco direcionadas a diretoria do clube, Flávio acabou sendo minado aos poucos e deixou o azulão depois de derrota e eliminação para o São Paulo na Copa do Brasil, ainda em fevereiro.

Em uma temporada onde quase tudo deu certo, esse talvez tenha sido o momento de maior pressão dentro do CT Gustavo Paiva.  Numa passagem rápida porém vitoriosa e que ficou na história, Flávio Araújo deixou o CSA com apenas três derrotas em 14 jogos frente ao time.

Aposta em Marcelo Cabo e título estadual 

Para estancar a saída de Flávio Araújo e o momento ruim no início de temporada, o CSA foi ousado. Acumulando trabalhos questionáveis desde o episódio do sumiço, Marcelo Cabo acabaria sendo uma controversa escolha. Até, é claro, mostrar o contrário fazendo um grande trabalho, o que logo passou a acontecer desde os primeiros dias do técnico carioca na capital de Alagoas.

Nos primeiros dez jogos no comando do clube, Marcelo Cabo só perdeu três. Sendo duas vezes destas para o rival CRB, o que passou a ter um peso e causou uma rápida (porém) logo amenizada pressão. Isso porque, no terceiro encontro seguido contra o maior rival e no jogo derradeiro que definiria quem seria o campeão alagoano de 2018, o treinador e seus jogadores superaram a desvantagem e o favoritismo do Galo da Pajuçara e em uma primeira etapa dizimante conquistariam a vantagem necessária para o título. O primeiro depois de dez anos no "quase". 

A conquista foi o embalo para a equipe iniciar a Serie B na mais alta voltagem possível. Elogiado pela imprensa local na estratégia que teve para bater o CRB, Marcelo Cabo também começava a cair nas graças de todos do clube, ganhando moral até para reforçar o elenco ao seu jeito.

De questionável a unânime; Marcelo Cabo não demorou para conquistar o torcedor do CSA. Foto: Gustavo Henrique / CSA
De questionável a unânime; Marcelo Cabo não demorou para conquistar o torcedor do CSA. Foto: Gustavo Henrique / CSA
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Elenco da Serie B reforçado por andarilhos da bola

O CSA nem precisou se destacar dentro de campo para logo começar a chamar a atenção. Ativo no mercado e acreditando que poderia fazer uma boa Serie B, a diretoria do azulão deu carta branca ao técnico Marcelo Cabo e passou a trazer nomes pedidos pelo treinador, sendo muitos desses figurinhas carimbadas do nosso futebol. 

Ex-Goiás, Porto, Internacional e Fluminense, o gordinho Walter foi um dos primeiros a chegar. Homem de confiança de Cabo, com quem havia trabalhado no Atlético Goianiense, Walter logo ganharia companheiros como o goleiro Felipe, ex-Santos, o zagueiro Elivelton, ex-Fluminense, o lateral-direito Wellington Silva, ex-Flamengo, Fluminense e Bahia, o meia Jhon Cley, ex-Vasco, o lateral/volante Ferrugem ex-Corinthians e Sport, além dos mais que experientes volantes Edinho (Palmeiras, Internacional, Fluminense) e o meia/lateral Juan, ex-Seleção Brasileira, Flamengo, São Paulo, Arsenal, entre outros. Sumido no futebol mexicano mas com muita rodagem por equipes da Serie A, o atacante Neto Berola foi um dos últimos anunciados antes de se tornar peça crucial para o acesso.

Perda de peças chaves e demostração de equilíbrio

Conforme o CSA ia desbancando favoritos e conseguindo protagonismo na Segunda Divisão, nomes que se destacavam na campanha começavam a serem visados no mercado. Não demoraria muito para peças chaves do time de Marcelo Cabo saírem atraídos por propostas altas do exterior. Insinuante e diferencial no ataque, o meia-atacante Niltinho acabaria desembarcando em Portugal. Ditadores do equilíbrio no meio-campo, Ferrugem sairia para o futebol japonês, e o experiente Edinho acabaria no Ceará, para voltar a jogar na elite.

Perder tais peças poderia arruinar o grande momento do CSA, mas acabou sendo mais um dos argumentos de enfatização quanto ao belo trabalho conjunto entre diretoria e comissão técnica. Do jeito que deu, outras opções dentro do próprio elenco ou de bandeja no mercado acabariam tomando os lugares e mantendo o bom nível.

Experiente Edinho foi uma das peças que deixaram o CSA durante a Serie B. Foto: Londrina EC
Experiente Edinho foi uma das peças que deixaram o CSA durante a Serie B. Foto: Londrina EC

Campanha na Serie B: números e destaques

Mostrando o que queria desde o começo, o CSA teve como principal trunfo para o acesso a gordura de pontos que conseguiu fazer nos primeiros jogos. Enquanto especialistas apontavam para uma queda de rendimento á qualquer momento, o azulão continuava a somar pontos e mais pontos e conseguia se estabelecer numa situação tranquila para o fim da competição. Em uma campanha de 17 vitórias, 11 empates e 10 derrotas, o que mais chamava a atenção era a frieza da equipe para conquistar pontos fora do Rei Pelé.

Várias vezes desperdiçando boas oportunidades diante do seu torcedor, o time conseguia se superar fora de casa e recuperar os pontos que perdia dentro de seu estádio. Vice-campeão da segundona com 62 pontos, o acesso que acabou sendo conquistado apenas na última rodada teria sido bem mais tranquilo não fosse o "fraquejo" em casa.

Destaques do time dentro de campo, os trintões Daniel Costa e Didira também foram os que mais atuaram e fizeram gols no ano, somando juntos mais de 100 partidas. 52 de Didira, 50 de Daniel. Na Serie B, Didira foi o artilheiro com 7 gols, e Daniel vice com 5 tentos marcados. Diferenciais nas laterais, Rafinha e Celsinho também juntaram boas exibições a estabilidade no tempo de jogo: enquanto o primeiro atuou 44 vezes, o segundo fez 49  jogos. 

Secundariamente, nomes como Hugo Cabral, Leandro Souza, Xandão e principalmente o volante Yuri também fizeram parte importante de um time que independente do jogo e do adversário se mostrava sempre muito equilibrado e organizado dentro das quatro linhas.