Um ano apertado financeiramente e futebolisticamente. Assim podemos descrever o 2018 do Botafogo. Após perder jogadores importantíssimos na ótima campanha da temporada passada, como Victor Luís e Bruno Silva, o clube não conseguiu ir ao mercado e fazer contratações badaladas, já que passa por dificuldades nos cofres. 

Leandro Carvalho, Luiz Fernando, Renatinho, Kieza, Marcelo, Moisés, Yago, Erik, Jean e Aguirre foram os negócios fechados pelo alvinegro. Alguns deles foram titulares em quase todo o ano. Outros buscaram espaço, mas não se firmaram. 

A verdade é que o Botafogo começou 2018 com o pé esquerdo. Empates com Portuguesa e Madureira antecederam o pior momento da temporada: a eliminação vergonhosa na estreia da Copa do Brasil para o Aparecidense, time de Goiânia que disputa a Série D. A partir daí, a torcida já passou a desconfiar e criticar o elenco, que acumulava atuações nada convincentes. 

As derrotas para Flamengo por 3 a 1 na semifinal da Taça Guanabara, e para Fluminense por 3 a 0 na final da Taça Rio trataram de piorar o cenário. Porém, os ventos que rondavam o Nilton Santos mudaram. Apesar de não conquistar nenhuma das Taças e chegar às semis do Campeonato Carioca sem a vantagem do empate, o glorioso reagiu. Triunfo por 1 a 0 contra o rubro-negro e vaga na finalíssima garantida. 

A decisão do regional foi o melhor momento da temporada. Após perder o jogo de ida por 3 a 2, o Botafogo precisava reverter o placar na partida de volta. Em um Maracanã lotado, emoção não faltou. Com gol de Carli nos acréscimos, o clube de General Severiano levou o duelo para os pênaltis, onde o goleiro Gatito Fernández brilhou, defendeu duas cobranças e o alvinegro sagrou-se campeão carioca de 2018

Susto no Brasileirão e frustração Sul-Americana

O Campeonato Brasileiro do glorioso foi repleto de oscilações. No primeiro turno, um desempenho muito aquém. Nenhuma vitória longe do Rio de Janeiro e empates dentro do Nilton Santos com Vitória e Ceará. Como resultado, a proximidade da zona de rebaixamento. Em compensação, na Sul-Americana, classificações contra Audax Italiano e Nacional-PAR davam esperanças aos botafoguenses. 

Entretanto, mais derrotas no nacional e a eliminação nos pênaltis para o Bahia nas oitavas da Sula arrasaram de vez com uma torcida já magoada. Com o Botafogo na beira do Z4 e com o risco de queda aumentando cada vez mais, surge a arrancada salvadora. Foram 5 vitórias e 1 empate. Da 16ª para a 9ª posição. O medo de disputar novamente a Série B se transformou em uma vaga para a Copa Sul-Americana de 2019. No fim das contas, as frustrações deram lugar a um certo alívio. 

Destaque e Decepção 

O jogador destaque atuou com a camisa alvinegra em apenas metade do ano. Vindo de empréstimo do Atlético-MG, onde já estava emprestado pelo Palmeiras, Erik caiu como uma luva em um elenco que encontrava-se em desespero. Com ótimas atuações, cinco gols e quatro assistências, o atacante terminou o ano valorizadíssimo e o Botafogo vem tentando mantê-lo a partir da negociação entre o Verdão, que detém seus diretos, e Matheus Fernandes, volante da equipe carioca. 

Indiscutivelmente, a decepção de 2018 foi o uruguaio Aguirre. Contratação mais badalada, o atacante não rendeu o esperado e atualmente está sem espaço no time. Nessa temporada, Aguirre atuou 907 minutos. Foram 22 jogos em campo e apenas 1 gol marcado, no triunfo por 2 a 0 contra o Sport. Ele termina o ano com mais cartões vermelhos do que bolas na rede. O atleta do Uruguai está emprestado pela Udinese até junho de 2019. 

Despedida

Este ano ficará marcado pela aposentadoria de Jefferson. O ídolo alvinegro se retira dos gramados como o terceiro jogador que mais vestiu a camisa do clube. O goleiro pendurou as luvas na vitória por 2 a 1 diante do Paraná, na penúltima rodada do Brasileirão. Jefferson conquistou três estaduais pelo Botafogo e uma Série B. Além disso, foi campeão da Copa das Confederações de 2013 pela Seleção Brasileira. O arqueiro tem como um dos maiores feitos de sua carreira, se não o maior, a defesa no pênalti cobrado por Lionel Messi, no Superclássico das Américas entre Brasil x Argentina em 2014. 

Infelizmente, em 2018, o goleiro de machucou seriamente após choque com Lucas Paquetá e perdeu grande parte da temporada. Mas nada que tenha afetado a importância e o tamanho do atleta na história do Botafogo. Jefferson deixa um vazio para o torcedor e também para o time, já que o clube precisará buscar um goleiro para suprir sua saída. 

Treinadores

O Botafogo teve quatro técnicos nesse ano. O primeiro foi Felipe Conceição, anunciado para o lugar de Jair Ventura. O treinador comandou a equipe no conturbado início de 2018 e foi demitido logo após a derrota por 3 a 1 para o Flamengo, em confronto válido pela semifinal da Taça Guanabara. Vale lembrar que Felipe estava à frente do time na vergonhosa eliminação da Copa do Brasil para o Aparecidense-GO.

O segundo técnico foi Alberto Valentim. Sob a batuta do treinador, o glorioso viveu o melhor momento da temporada, quando sagrou-se campeão estadual. Porém, as boas atuações não vinham se repetindo no Brasileirão, principalmente longe do Nilton Santos. Mesmo assim, Valentim fazia um bom trabalho e acabou recebendo proposta irrecusável do Pyramids FC, do Egito. Contudo, a passagem no clube da África foi curtíssima, já que depois de três jogos o comandante desligou-se do time, devido a atritos com o dono. 

Para substituir Valentim, o Botafogo anunciou Marcos Paquetá. Contrariado e tendo seu nome criticado desde sua chegada, o treinador não resistiu por muito tempo. Após cinco jogos, foram quatro derrotas e uma vitória. O bastante para que fosse demitido. Paquetá deixou o alvinegro com um aproveitamento de apenas 20% e sem deixar saudades aos botafoguenses.

Por fim, Zé Ricardo. Sonho antigo da diretoria e da torcida, o treinador fechou com o clube após a Copa do Mundo. Com a missão de livrar a equipe do rebaixamento, Zé sofreu com a eliminação da Sul-Americana e com a dificuldade de adaptar seu estilo de jogo ao elenco. Apesar do susto, foi sob a batuta do técnico que o Fogão deu bela arrancada, afastou-se do Z4 e terminou entre os dez primeiros na tabela. O comandante seguirá no Botafogo na próxima temporada. 

O que esperar para 2019

Para o ano que vem, o alvinegro ainda tem muitas incógnitas no elenco. Até agora, as únicas certezas são as saídas de Luis Ricardo, Dudu Cearense e Matheus Fernandes, e o retorno de empréstimo de Leandro Carvalho. Em contrapartida, o glorioso busca renovar os empréstimos de Erik, junto ao Palmeiras, e do trio do Corinthians ( Yago, Jean e Moisés). Brenner (Internacional), Marcelo (Maccabi Tel Aviv) e Renatinho (Mirassol), são outros jogadores emprestados que também passam pela mesma situação.

Com uma situação financeira delicada, a diretoria do Botafogo não deve fazer loucuras no mercado. Um nome que vem sendo ventilado é do goleiro Diego Cavalieri, ex-Fluminense e que atualmente está sem clube. De volta após grave lesão na perna, o meia João Paulo está próximo da renovação por mais dois anos. 

É muito provável que 2019 seja parecido com esse ano, onde o coletivo e o trabalho precisarão fazer a diferença para uma boa campanha nas competições. Com a manutenção da base que terminou essa temporada em alta, a tendência é que Zé Ricardo tenha um bom tempo para ajeitar o time da maneira desejada. Entretanto, até o início dos treinamentos em janeiro e as definições sobre contratações, é difícil estipular qual será a cara do Botafogo.

De antemão, pode-se dizer que a torcida terá de fazer sua parte e jogar junto dos atletas, para que assim o alvinegro almeje e brigue pelo que realmente condiz com seu tamanho.