Quase duas semanas após a tragédia no Ninho do Urubu, mais uma reunião terminou sem acordo, dessa vez no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ), nessa quinta-feira (21). Representantes do Flamengo, das famílias das 13 vítimas (que faleceram e que foram internadas), membros do Ministério Público e da Defensoria Pública, além do Desembargador Cesar Cury estiveram presentes.

O MP e a Defensoria pediram R$ 2 milhões e mais R$ 10 mil reais por mês de indenização, é esse pedido foi reforçado pelos familiares no Tribunal de Justiça.

O Rubro-Negro, que havia oferecido R$ 400 mil, além de um salário mínimo por mês, aumentou a oferta para R$ 700 mil e três salários mínimos por mês, segundo o “O Globo”. Mas a proposta foi recusada.

Após a fracassada tentativa de acordo, que durou mais de quatro horas, os familiares dos jovens jogadores saíram revoltados com a proposta e a postura do Rubro-Negro, que esteve representado por advogados, pelo VP Jurídico, Rodrigo Dunshee (que saiu logo no começo, alegando compromisso), e Bernardo Acciolly, diretor-jurídico:

"Estou perplexo com a atitude do Flamengo. É uma falta de respeito com os pais. Estão brincando com a vida dos nossos filhos. É tortura o que o Flamengo está fazendo conosco. Viemos aqui como bobos, palhaços, desamparados por todos. Não nos sentimos acolhidos, principalmente pelo Flamengo", afirmou Cristiano Esmério, pai de Christian Esmério.

A mesma revolta foi compartilhada por Danrlei Pisetta, pai de Bernardo Pisetta, que criticou a postura de Dunshee na reunião, e questionou onde estava o presidente do clube, Rodolfo Landim, que não participou do encontro:

"Não tem ninguém do Flamengo que decida. O vice-presidente ficou aí 10, 15 minutos e disse que tinha que sair. Onde estava o presidente (Landim)? Será que tinha um compromisso maior que esse?", se indignou.

Em contato com o repórter Venê Casagrande, do site "Coluna do Flamengo", Rodrigo Dunshee deu a sua versão para a curta participação afirmando que a responsabilidade de participar da reunião eram dos advogados contratados pelo clube, e que nem ele, nem Landim, teriam a obrigação de comparecer, mas mesmo assim teria ido por entender que a presença de um dirigente era necessária:

"Além de ser vice-presidente jurídico e geral do Flamengo, eu tenho minha vida, meus afazeres. Mas tem várias frentes que eu tenho trabalhado em prol do Flamengo. Eu fui ao Ministério Público por conta própria. O clube contratou um advogado para representar, não era para eu ter ido. Mas eu entendi que tinha que ter alguém da diretoria do Flamengo presente. Então fui, fiz o meu discurso, prestei solidariedade. Quando eu estava falando, esclareci: 'Eu vim aqui prestar solidariedade e recepcionar vocês, pois foram convidados por nós. Mas tenho compromissos'. Eu não sou o advogado desse processo. Eu fui prestar solidariedade às famílias junto com o desembargador, que também esteve presente, esclareceu como funcionava mas depois foi embora'", e completou: "Quanto aos que estão chateados, eu entendo. Mas prestei esclarecimento de forma clara, e ainda estendi um pouco mais (a participação). Depois que acabou essa parte de pré-mediação, eu fui embora. Não sou parte disso. O Landim também não foi porque ele não tem nada a ver com isso. A gente não é parte integrante da mediação. Ele está envolvido por ser presidente do clube, pois é quem vai assinar o cheque, pagar às famílias. Expliquei isso na pré-mediação. A verdade é que o Flamengo tentou fazer o seu melhor, mas querem uma solução para ontem".