Da última final foram mais de seis anos. Da última decisão em Campeonato Paulista foram 16, mas enfim a espera acabou e o torcedor pode voltar a comemorar uma vaga na final do estadual de 2019.

Foram anos sem saber o gosto de chegar em uma finalíssima, aquele frio na barriga ou aquela zoação no rival após a classificação. Quem se lembra como era o mundo quando o São Paulo foi à sua última final em 2012, quando enfrentou o Tigre da Argentina pela Copa Sul-Americana? Ou melhor, para puxar na memória: como foi a última decisão do Tricolor em Campeonato Paulista, ocorrida em 2003 contra o mesmo Corinthians, adversário deste ano.

Porém, para falar desse importante momento que vive a equipe não é preciso ir muito longe, afinal a explicação pode ser dada entre o fim da primeira fase e o começo dos mata-matas do Paulistão.

Breve histórico

O São Paulo é o quarto maior campeão paulista, com 21 títulos e está atrás dos três rivais do estado, Corinthians (29), Palmeiras (22) e Santos (22). Se analisar apenas os títulos conquistados neste século a história fica mais complicada, pois o São Paulo venceu apenas uma vez, em 2005, enquanto os rivais Santos e Corinthians somam sete e seis canecos respectivamente.

Em decisões do estadual o São Paulo leva vantagem, ganhou 10 (três em cima do Corinthians) e perdeu seis (três para o Corinthians). Os outros 12 títulos do São Paulo foram conquistados no modo pontos corridos.

Nos últimos 20 campeonatos estaduais o São Paulo levou dois (2000 e 2005) e foi vice em duas oportunidades (2003 e 2006), pouco para uma equipe do tamanho do Tricolor.

Por isso a importância desta tão sonhada final conquistada, com grande participação da vitoriosa base do São Paulo.

A base veio forte!

Que o São Paulo é referência na base não é novidade, além de revelar diversos jogadores com destaque para Casemiro, Lucas Moura e David Neres. Mas nesse Paulistão os jovens deram conta do recado.

Para ter uma ideia da importância da base Tricolor, no jogo em que garantiu a classificação contra o Palmeiras dos 11 titulares, quatro eram da base (Luan, Liziero, Igor Gomes e Antony) além dos reservas Igor Vinícius, Helinho e Brenner, ou seja, praticamente metade do time foi revelado em Cotia.

Não apenas titulares, mas imprescindíveis na classificação. Contra o Ituano nas quartas dois gols de Igor Gomes na vitória por 2 a 1 no Morumbi. Na partida de volta mais uma vitória, agora por 1 a 0, gol de Liziero. No primeiro duelo da semifinal empate em 0 a 0 com Antony escolhido como o melhor do jogo. Na partida de volta novamente o atacante teve destaque ao lado do volante Luan, no confronto que selou a classificação à final.

Realmente a fase está boa.

Um São Paulo diferente

A mudança de postura do elenco da fase inicial para o mata-mata foi extremamente importante para a equipe chegar na final do Campeonato Paulista, tanto é que nos embates da segunda fase ganhou dois jogos e empatou outros dois, não perdeu nenhuma vez, além de ter a defesa vazada apenas uma vez.

Na fase de grupos o aproveitamento foi muito abaixo, apenas de 41,7%, sem contar as cinco derrotas em 12 jogos. Porém, a partir da nona rodada em que ganhou do Bragantino por 2 a 0 fora de casa, a equipe começou a demonstrar o ímpeto que muitos torcedores pediam. Naquela ocasião o time estava bem diferente, com sete jogadores que não foram titulares no último domingo (7) contra o Palmeiras, apenas Tiago Volpi, Arboleda, Luan e Antony atuaram.

Depois daquela rodada foram oito jogos com três vitórias e apenas uma derrota. Marcou sete vezes e sofreu só quatro gols. Para um ano que começou com a eliminação precoce na Copa Libertadores da América, o Campeonato Paulista surgiu como um recomeço para a equipe e Vagner Mancini e Cuca tem muitos créditos sobre a fase atual.

"Crescemos no momento certo para brigar pelo título"

A frase acima é de Hudson e traduz bem o sentimento de superação do Tricolor. Superação foi a palavra mais comentada nos arredores do CT da Barra Funda e no Morumbi ou em qualquer outro lugar que o São Paulo passou nesse começo do ano. 

A temporada parecia diferente, logo com duas vitórias maiúsculas nas rodadas iniciais do Campeonato Paulista, Porém aquele 2018 que muitos achavam que era passado, voltou a atormentar a vida do são-paulino.

Não apenas 2018, mas todos os anos desde 2012 parecem passar lentamente para o São Paulo, de forma sofrida. A escassez de títulos machuca, mas não fere o sentimento pelo São Paulo. Foi apenas um título desde 2008, mas 2019, que começou como todos os outros, pode dar sua reviravolta mais cedo e o São Paulo mostrou isso no Paulistão, a entrega necessária para mostrar que o Tricolor vive de raça, garra e de superação.