Partiu Rogério, pé direito na bola, passou pela barreira!” Assim, na voz de Cléber Machado, foi imortalizado o gol de número 100 da carreira de Rogério Ceni. Assim, naquela tarde de domingo, naquele dia 27 de março de 2011, mais uma vez, o Majestoso dava as caras como um dos mais importantes clássicos do Brasil.

Ao São Paulo, agradeço a chance de homenagear um dos maiores goleiros da história do clube e do país, ainda mais se tratando de uma semana de final de Paulistão, onde mais um majestoso será disputado. Aos tricolores, peço licença para falar sobre um dos acontecimentos mais importantes da década para o São Paulo.

No próximo domingo (14), o São Paulo receberá o Corinthians, no Morumbi, pelo primeiro jogo da final. Há 8 anos o São Paulo recebia o Corinthians na Arena Barueri, também por um Campeonato Paulista e, com o gol já citado de Rogério Ceni, vencia o Corinthians por 2 a 1. Com isso, a VAVEL Brasil tentará aqui relembrar os torcedores de uma das mais marcantes partidas da história do Majestoso.

Como foi a partida (e o gol)

O São Paulo começava melhor a partida. O tricolor pressionava, tabelava a tentava dar velocidade ao jogo, como era característica da equipe comandada por Carpegiani. O alvinegro, por sua vez, tirava a velocidade, tentava se defender e conseguia. O São Paulo só chegava com chutes de fora da área, muitos deles com Dagoberto. E foi assim que o primeiro gol da partida aconteceu.

Dagoberto, aos 39 minutos do primeiro tempo, recebeu uma bola pela esquerda, na entrada da área e decidiu, mais uma vez, chutar a gol. A bola não ganhou altura, mas ganhou força e velocidade, caindo no canto esquerdo do goleiro Julio César, que nada pode fazer a não ser escutar os gritos enlouquecidos da torcida tricolor.

(Foto: Divulgação/Rubens Chiri/São Paulo FC)
(Foto: Divulgação/Rubens Chiri/São Paulo FC)

No início do segundo tempo, ainda antes do ápice de todo o jogo, Fábio Santos desceu pela esquerda e cruzou para Liédson desviar, obrigando Rogério a operar um milagre na Arena Barueri, tirando a bola no alto e salvando o São Paulo do empate. O tricolor estava melhor, quando veio a falta. Fernandinho fintou Chicão e na sequência foi passar por Ralf, até que o volante alvinegro o derrubou na entrada da área, ligeiramente à esquerda da meia lua. A torcida tricolor no estádio se gritava o nome de seu goleiro e Rogério Ceni já vinha andando de sua meta.

Arruma-se a bola, olha-se onde está o goleiro Julio César, onde está a barreira. É quase possível se pegar a tensão no ar e guardá-la num pote. São 99 gols de Rogério. São 4 anos sem vencer o rival alvinegro e uma torcida que suplicava pelo 100º gol de seu ídolo. Ele, de camisa dourada com o número 01 nas costas e a faixa de capitão vermelha no braço esquerdo, parte para a cobrança. Pega na bola com a parte interna do pé, de um modo bonito e poético, tratando-a com todo o respeito merecido. Ela passa pela barreira e morre no fundo da rede véu de noiva, deslizando lentamente até o gramado.

É quase possível contar o silêncio entre a bola entrar na meta defendida por Julio César e o grito de gol da torcida tricolor. Um milésimo de segundo onde os são paulinos presentes na Arena Barueri e em todo o mundo souberam que a história estava acontecendo em sua frente, que lá estava um dos gols mais importantes do tricolor do Morumbi. Após esse milésimo de segundo de silêncio, a explosão. Tudo o que se escuta é a torcida tricolor comemorando o gol que talvez ela achasse que iria acontecer. Quando um goleiro faria 100 gols? E Rogério tirou a camisa e comemorou seu gol como poucas vezes foi visto. O cartão amarelo que recebeu foi logo esquecido.

(Foto: Divulgação/Rubens Chiri/São Paulo FC)
(Foto: Divulgação/Rubens Chiri/São Paulo FC)

Como foi esquecido também o gol corintiano, de Dentinho, que também pela esquerda da entrada da área, acertou um forte chute e venceu Rogério Ceni. Um chute que quase estragou tudo, mas que os deuses do futebol não deixariam estragar. O São Paulo vencia o Corinthians naquela tarde ensolarada de domingo, por 2 a 1. Rogério era 100 vezes marcador no clube e 100 vezes, em resumo, Rogério.