A semana de espera para o segundo jogo do confronto apenas acirrou os ânimos de Atlético e Cruzeiro para a “partida do tudo ou nada”. Foram seis dias que mais pareceram semanas. Dada a repercussão da primeira final no Mineirão e de um segundo jogo em que esperava-se ver propostas de jogo completamente diferentes do que foi visto na partida de mando do time estrelado, a finalíssima no Independência tinha tudo para ser alucinante para quem a acompanhou.

O confronto era premeditado para ter um começo bastante intenso e pegado já que o cenário havia mudado após o 2 a 1 para a favor do Cruzeiro no primeiro jogo e agora era o time alvinegro que precisava do placar (mínimo) para seu lado. A estratégia de Rodrigo Santana passava exatamente por fazer o que deixou de fazer no primeiro jogo e partir para cima do adversário desde o início da partida.

Diferentemente do que ocorreu na primeira partida, Geuvânio foi o homem responsável por acionar as jogadas pelo lado esquerdo do Atlético e foi ele quem deu mais trabalho para a zaga cruzeirense, desde o início do jogo. As jogadas de lado de campo foram as armas mais usadas pelo Galo nos primeiros minutos. Com o time todo para cima, Chará cumpriu basicamente uma função de segundo homem mais avançado no time atleticano e vinha sendo um dos jogadores mais agudos nos contra-ataques.

Do lado do Cruzeiro, que tinha em campo a clara proposta de segurar as jogadas de ataque atleticanas a partida de uma zaga e "volância" bem postadas, deu todos os indícios de que botaria suas fichas nas jogadas em velocidade para tirar proveito do domínio absoluto alvinegro.

Dito e feito: com uma pressão imensa vinda das arquibancadas e sentida dentro das quatro linhas, o Atlético simplesmente não deixava a Raposa ter a mínima liberdade para segurar a bola no campo de ataque e ter os contragolpes. Se Geuvânio e Chará faziam a festa em cima dos laterais Dodô - que hoje substituiu Egídio devido às suas características físicas - e Edílson, ambos completamente envolvidos pela força de ataque atleticana.

Enquanto o Cruzeiro atuava praticamente com um 4-5-1, sendo Fred o único homem avançado na equipe, o Galo botava em prática o que se era imaginado e sua linha de 5 homens de meio-de-campo tornava-se praticamente uma formação com 3 atacantes nos momento de ataque. O sempre polivalente Luan vinha sendo (mais uma vez) uma peça fundamental para o sucesso momentâneo da equipe, já que se infiltrava na defesa adversária com facilidade e parecia ser onipresente dentro de campo.

Claramente atordoada em campo, a Raposa sentiu ainda mais o “baque” do gol marcado por Elias no final da primeira etapa e parecia ser uma presa fácil para o time alvinegro caso não mudasse sua postura no segundo tempo.

Mesmo com a desvantagem no placar, Mano apostou em estruturar seu time da mesma forma que o fez nos primeiros 45 minutos de partida e continuou a ser envolvido pelo time atleticano em seu campo de defesa.

Se o primeiro passo para que o time celeste mudasse seu pragmatismo era a mudança de esquema tático e postura dos jogadores, Mano Menezes pareceu compreender o que não vinha dando certo e apostou em dois jogadores mais incisivos para alterar o panorama do jogo. Thiago Neves entrou na vaga de Romero para puxar o time para cima e diminuir o espaço entre os meias e Fred. Pedro Rocha, velocista que entrou no lugar de Marquinhos Gabriel, fez toda a diferença pelo lado direito ao exigir mais de Guga que, assim como no primeiro jogo, falhou na marcação nos momentos mais cruciais. No Atlético, Zé Welison vinha sendo um jogador fundamental tanto nas jogadas de ataque quanto de defesa do Galo, eliminando diversas possibilidades mortais da Raposa.

Pelo mesmo lado direito da defesa alvinegra, Pedro Rocha recebeu em profundidade e se lançou de forma aguda em direção à área, onde driblou dois e viu a bola resvalar no braço de Léo Silva antes de sair pela linha de fundo. O VAR foi acionado e o pênalti foi devidamente assinalado a favor do Cruzeiro. Foi literalmente a primeira jogada incisiva feita pelo time celeste rumo ao gol de Victor, e por isso mesmo o perigo já foi determinante para que o perigo finalmente batesse na porta da defesa atleticana. Fred, o artilheiro máximo do Campeonato Mineiro que vinha bem apagado no jogo foi para bola e deixou tudo igual no Horto.

No final, necessitando do gol urgentemente e após perder Luan e Zé por lesão, Rodrigo Santana apostou em Jair para lançar seu time para a o ataque. Léo Silva já havia abdicado completamente da defesa e era o segundo homem de ataque junto a Ricardo Oliveira.

Mas, com muita inteligência, a equipe celeste soube segurar a bola na hora certa e esperou apenas o apito final para comemorar o bicampeonato do Mineiro. Jogando exatamente o necessário para levantar a taça - e no melhor “estilo Mano Menezes” - o Cruzeiro sagrou-se campeão invicto após dois clássicos bastante intensos, de muitos cartões amarelos e um futebol bem aquém daquilo que ambas as equipes são capazes de entregar dentro das quatro linhas.