Novo filme, velhos erros. O Flamengo em 2019 parece viver em uma montanha-russa interminável. Após duas partidas boas contra Peñarol e Corinthians, o Rubro-Negro voltou a decepcionar o seu torcedor nesse sábado (18), ao perder para o Atlético-MG, 2 a 1, no Independência, em Belo Horizonte.

Perder para o Galo, fora de casa, não é um resultado anormal - em condições normais - mas, perder para a equipe mineira, inferior tecnicamente ao clube carioca, e com um a menos por 45 minutos, beira o inadmissível. Porém, não chega a surpreender, especialmente por alguns problemas da equipe de Abel Braga, que ficaram novamente expostos nessa noite.

Saída de bola

Desde a estreia do Flamengo na temporada, contra o Bangu, a equipe apresenta problemas na saída de bola, quando o adversário resolve pressionar. Até o momento, na temporada, poucos clubes adotaram essa postura, mas obtiveram sucesso, como Fluminense, Peñarol e Atlético-MG.

No primeiro tempo, após um início avassalador do Rubro-Negro, a equipe mineira conseguiu avançar a marcação e causou muitos problemas ao time carioca. Inclusive, o primeiro gol sai assim. Diego Alves é pressionado, tendo que se livrar da bola para Renê, que fica sem espaço e rola para Rodrigo Caio. Ricardo Oliveira vai para cima do zagueiro e consegue atrapalhá-lo, desviando a bola que sobrou para Cazares marcar um belo gol.

Superioridade numérica do Galo na marcação dificultou a saída de bola do Flamengo e gerou o gol de Cazares (Foto: Reprodução)
Superioridade numérica do Galo na marcação dificultou a saída de bola do Flamengo e gerou o gol de Cazares (Foto: Reprodução)

Nesse sábado, o erro gerou um gol e esse problema ficou mais em evidência mas, como dito no início, é um problema para lá de recorrente, e causado pela pouca aproximação entre os jogadores das duas primeiras linhas (defesa e meio). Em entrevista ao blog do jornalista Mauro Cézar Pereira, no mês de março, Abel reconheceu que seu time precisava evoluir quando pressionado na saída de bola:

Superioridade numérica do Galo na marcação dificultou a saída de bola do Flamengo e gerou o gol de Cazares (Foto: Reprodução)
Superioridade numérica do Galo na marcação dificultou a saída de bola do Flamengo e gerou o gol de Cazares (Foto: Reprodução)

"Estamos trabalhando isso. Trabalho minha defesa nos treinos contra seis, sete jogadores, para obrigar a sair, mas contra Portuguesa e Fluminense foi em domínio de bola que perdemos".

Problema com a superioridade numérica e bagunça tática

Com a expulsão de Elias, ainda no primeiro tempo, o Rubro-Negro ficou com um jogador a mais e não aproveitou. Pior, a equipe ficou ainda mais desorganizada em campo. Dando sinais de pouca organização ofensiva, a equipe de Abel Braga apelou para o 'chuveirinho' e cruzou 50 bolas na área atleticana, sendo 38 na segunda etapa (quando já estava em vantagem numérica).

Para o Flamengo, jogar contra 11 é melhor do que contra 10, e isso tem uma explicação. Com o adversário completo, a chance dos espaços surgirem é grande e, com um grande talento ofensivo, a equipe consegue criar sem necessariamente depender da organização tática.

A partir do momento em que o Galo ficou com 10, e fez o segundo gol no primeiro minuto após o intervalo, o trabalho tático teria que aparecer para furar a retranca atleticana. O que se viu foi exatamente o oposto, e as substituições (que serão abordadas no próximo tópico), pioraram ainda mais a situação. 

O Rubro-Negro até criou chances para empatar novamente, parando em Victor ou jogando para fora, mas a forma como jogou mostrou claramente que seria uma obra do acaso, da força técnica dos seus jogadores, e não do trabalho do técnico.

Substituições equivocadas (e tardias)

Problema que acompanha o treinador há alguns anos, a leitura de jogo do Abel é muito contestada também no Flamengo. Além de demorar para substituir em alguns jogos, as escolhas desagradam aos rubro-negros.

Contra o Galo, o treinador errou em duas das três mudanças. Na primeira, colocou Vitinho no lugar de Léo Duarte. Com isso, Cuéllar passou passou a ser improvisado como zagueiro, e o meio perdeu seu principal marcador. Por pouco, quase não levou o segundo gol em uma das escapadas dos mineiros.

A segunda mudança foi a entrada de Lincoln no lugar de Arrascaeta. É verdade que o uruguaio não fazia um grande jogo, mas sua qualidade técnica e poder de decisão o credenciavam para ficar pelo menos mais alguns minutos em campo. Além disso, a escolha pelo jovem centroavante, fez com que o Rubro-Negro partisse para o 'chuveirinho' de vez, escolha que também se mostrou equivocada.

Por fim, a única mudança acertada, mas tardia (aos 31 minutos). A entrada de Berrío e a saída de Gabriel Barbosa, o Gabigol, deveriam ter ocorrido muito antes. O colombiano poderia até ser improvisado por alguns minutos como centroavante, caso entrasse mais cedo, enquanto o camisa 9 teve mais uma atuação ruim.