Após derrotar a Bolívia, o domingo (16) foi dia de coletiva na Seleção Brasileira. O escolhido para atender os jornalistas foi o lateral-direito Daniel Alves. Com clima leve e visando o segundo jogo do Grupo A contra a Venezuela, próxima terça-feira, às 21h30, o jogador baiano avaliou o estilo de jogo da Vinotinto.

"É uma seleção que está leve e solta, jogando sem responsabilidade. Evoluíram muito, tem uma geração muito promissora. É uma seleção que deve ser respeitada. Precisamos planejar o jogo bem para conquistar o objetivo. A primeira etapa é classificar em primeiro do grupo. Isso passa por vencer a Venezuela. Mas com o respeito de enfrentar uma seleção que joga até de maneira irresponsável, o que dificulta."

Em seguida, Dani Alves também falou sobre as expectativas do povo brasileiro ao entorno da Seleção, que pode ir de 'um extremo ao outro' de acordo com o resultado que terá nesta Copa América.

"Confesso que para nós, brasileiros, acontecem dois tipos de situações: estamos preparados para o êxito, mas vamos de um extremo a outro no resultado negativo. A gente veio desacreditado nas Confederações (de 2013) e conseguimos um desempenho incrível. Na Copa de 2014, chegamos com favoritismo e acabou não dando certo. Precisamos de um equilíbrio para sermos sólidos. Para não acontecer o que aconteceu em 2014. O futebol não te perdoa."

Sou nordestino e deixo bem claro em todo lugar que passo.

Revelado no Bahia, clube dono da Arena Fonte Nova, o lateral, que atualmente joga pelo PSG, não deixou de falar sobre seu amor ao Nordeste, já que nasceu em Juazeiro/BA.

"A Fonte Nova me traz esse carinho afetivo. Foi onde tudo começou. Graças à Fonte Nova e ao Bahia eu sou um jogador conhecido mundialmente. Você pode perder tudo, menos a sua essência. É daqui, da terrinha, mas estou muito tempo fora. Sempre tento me alimentar disso aqui. Sou nordestino e deixo bem claro em todo lugar que passo. Posso ter rodado o mundo, mas o lugar que eu mais amo é o meu Nordeste. É onde não tenho toda essa proteção que nos distancia das pessoas. Não sou mais e nem menos do que ninguém por ser famoso. É uma grande honra estar aqui de volta vivendo a Fonte Nova. Dá um frio na barriga, porque as pessoas sempre esperam algo de mim e eu quero dar essa coisa."

E o retorno ao Bahia?

Logo, a pegunta sobre sua possível volta ao Bahia não poderia ser deixada de lado, pois Daniel já está com uma idade avançada e seu futuro no PSG ainda segue incerto para as próximas temporadas.

"Para voltar, vai demorar um pouco. Tenho grandes objetivos, ainda faltam algumas páginas do meu livro que eu vou me dedicar a escrever."

Outras falas da coletiva de Daniel Alves

Início no Bahia

"Eles (Bahia) foram contratar outro jogador e eu vim no pacote. E eu não tinha contrato em Juazeiro, fui assinar no ônibus, porque senão não teria ajuda de custo no Bahia. Assinei no caminho para a federação para poder ganhar os R$ 60. Pode não parecer muito, mas ajudou muito a minha família. Esse tipo de história é inspiradora, ensina a não deixar de acreditar."

Segue no Paris Saint-Germain?

"Eu estou na seleção brasileira e prefiro me centrar no compromisso que temos agora. Foi um ano bastante duro, tive que me reinventar muito. Foi um ano muito batalhador para estar aqui e não quero estragar esse momento pensando em outra coisa. Não quero passar pela situação que passei, de não poder fazer nada. Estou aqui e vou dar o meu melhor pelo objetivo. Temos uma missão, não pode haver distrações. Quero fazer uma grande competição. Depois, veremos as decisões. Só posso dizer que não tenho medo de desafios."

Presença na Copa do Mundo de 2022

"É um objetivo que eu tenho, mas não me permito olhar muito à frente. As oportunidades que eu tenho de estar aqui não podem ser distraídas com o futuro e nem o passado. Importa é o presente, eu me reinventar. Quando você bate uma idade, começam a levantar dúvidas. Muito se fala sobre a Seleção se renovar. Mas, aqui, se preza por resultados, não importa a idade. No momento em que não estiver dando o resultado, temos que ter a consciência de abrir para o seguinte."

Posto da Seleção na Copa América

"Sinceramente, enquanto eu estiver jogando, isso não é uma preocupação. E nem quando parar. São nomes que foram referências para mim durante toda a carreira, não só na seleção brasileira. Tenho o perfil de acumular números. Depois, as pessoas me colocam nos lugares que elas quiserem. Não vai mudar minha filosofia de entender a profissão. Só quero fazer, desde que saí de casa, só queria orgulhar os meus pais. Esse é o título maior, voltar em casa e poder comemorar tudo o que fizemos durante toda essa trajetória."

Ídolo na lateral direita

"Tenho uma mistura do Cafu e do Jorginho. O Cafu, pela perseverança, pela persistência, o comprometimento com a causa. O Jorginho tinha uma qualidade para passar, para jogar... São inspirações para mim, mas houve outros grandes nomes que não tive a oportunidade de ver. Esses foram mais da minha época. Tenho um pouco deles, mas também as minhas próprias características."

Sobre risco de lesão

"Nossa profissão é de risco, não podemos prever certas coisas. Temos que nos doar ao máximo. A vida vai nos mostrar as situações para superar. Não dá para prever e fazer um treino mais leva para não machucar. O nível é tão grande que você pode ficar fora. É isso que nos faz estar na Seleção, ter uma carreira sólida. Nos entregamos 100%, sem pensar no que pode acontecer. Se acontece, é porque não era para ser. Temos que nos adaptar às circunstâncias."

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