Após mais de um mês sem futebol nacional em decorrência da parada para a Copa América 2019, a bola volta a rolar com tudo nesta metade de julho para Atlético e Cruzeiro. Conflitando com o Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores da América (para a Raposa) e Copa Sul Americana (para o Galo), a Copa do Brasil é a bola da vez para os dois rivais muito mais que por tratar-se “apenas” de uma fase de quartas de final da competição de mata-mata nacional mais relevante do país, mas também por ser um dos mais importantes clássicos do continente.

Se “de um lado da lagoa” um time vive uma de suas piores crises internas e externas de sua história, o outro vivia uma crescente interessante nos campeonatos que disputava até a parada para a competição entre seleções.

Como os dois clubes mineiros já integraram a competição de mata-mata na fase de oitavas de final, a pressão é ainda maior por uma continuidade no torneio. Na fase anterior, o Galo bateu o Santos por 2 a 1 no placar agregado. O Cruzeiro saiu vitorioso nos pênaltis contra a equipe do Fluminense após um 3 a 3 no placar conjunto dos dois jogos. No Campeonato Brasileiro, o Atlético ficou em 5º geral na tabela antes da parada da Copa América, enquanto o Cruzeiro amarga a zona de rebaixamento e a 18ª colocação.

Com Rodrigo Santana já efetivado como treinador principal atleticano, a pressão interna diminui e a motivação dos jogadores com a presença de um líder fora de campo vira um coringa para a melhora do time até o fim da temporada. Neste hiato por conta da Copa América, o Atlético-MG teve o retorno de Rómulo Otero, que volta a integrar o elenco alvinegro após uma passagem de empréstimo frustrante pelo mundo árabe. Especula-se muito que o jogador fique com a vaga que vinha sendo de Chará entre os 11 iniciais atleticanos. Além do meia venezuelano, o lateral-esquerdo Lucas Hernández e o volante Ramón Martínez são mais duas opções interessantes para Rodrigo Santana e já cavam vagas no time titular alvinegro.

Mano Menezes, por sua vez, se vê na “corda-bamba” pela segunda vez em pouco mais de três anos desde que assumiu a equipe celeste - contando suas duas passagens pelo time azul. O Cruzeiro, durante o torneio sul-americano, teve uma única movimentação no elenco: a saída de Raniel. O atacante deixou o time da Toca da Raposa em direção ao São Paulo, que desembolsou mais de 12 milhões de reais ao clube mineiro pelo jogador.

Diferentemente do cenário visto no Campeonato Mineiro, onde o time celeste veio a ser campeão estadual, muita água andou pelo caminho das duas equipes e hoje a situação é completamente incerta para um clássico mineiro em fase decisiva de Copa do Brasil. Desde que o Atlético-MG levantou a única taça da competição, justamente em cima do Cruzeiro na finalíssima de 2014, esta é a primeira vez desde então que os dois times se cruzam em uma competição que não seja o Brasileirão e o torneio estadual.

A Raposa espera melhorar seu desempenho ofensivo, que, desde o final do próprio campeonato estadual, não vem sendo mesmo. Fred, camisa nove celeste e principal referência de ataque da equipe, vem sendo muito cobrado pelo torcedor e terá novamente a chance de encarar a última equipe em que jogou antes de mudar de time na capital mineira. 

O Galo, apesar de viver um momento ofensivo melhor que o de seu rival, passa por uma indefinição com relação a seu centroavante. Isso porque Ricardo Olivera, grande referência de ataque alvinegra há mais de três anos, passa bom uma fase conturbada e deixa uma brecha interessante para o garoto Alerrandro, que vem mostrando efetividade quando assume a posição na cabeça do ataque.

Fica claro e aparente que a condição das duas equipes antes da parada para a Copa América não pode ser utilizada como premissa para cravar um eventual favorito para a decisão. Cada Atlético-MG e Cruzeiro representa uma indefinição infinita e inexplicável. E é exatamente isso que faz de um clássico um jogo historicamente à parte dos outros, onde mando de campo, momento das equipes e elencos têm um peso diferente “na hora H”.