É o fim! Foi-se a última possibilidade de conquista expressiva do Cruzeiro nesta temporada. Ao torcedor, restava exercer a ação mais valiosa do esporte, a de torcer, mas se confrontaria com o principal e imbatível  adversário do clube, seu próprio roteiro. Roteiro este perfeitamente elaborado para o caos, a longo prazo, iniciando-se no início de 2018 com a chegada dos novos poderosos, aqueles com a missão de cuidar de uma instituição de quase 9 milhões de admiradores.

Roteiro é para ser seguido, né? Aqui neste caso, ultrapassa os limites do papel e se inicia pelo próprio roteirista, cujo histórico não o credenciaria para tamanho status. Itair Machado é o primeiro elemento, o passado sem prestígio seria a primeira pista dada ao torcedor de que pesadelos viriam, e novamente, a longo prazo.

O primeiro ano da diretoria, é verdade, não ilustrou futebolisticamente a catástrofe externa que já era real: campeão da Copa do Brasil, mas de péssima gestão administrativa. Ano seguinte, estoura a bomba, inúmeras irregularidades, corrupções e a pior crise administrativa da história, resultando na Polícia Federal como mais um elemento do roteiro. Não bastasse, o próximo passo seria de um elenco escasso em determinados setores e predominado por altíssimos salários, de um plantel sem justiça financeira, onde a hierarquia técnica não se tornaria compatível com o que cada um recebe - Fred e Edílson, juntos, representam mais de R$ 1 milhão mensais, ali, no banco de reservas. Este ultimo, aparentemente, vencido tecnicamente por Orejuela, de discreta chegada.

Viria ainda a saída de atletas importantes e com perfis semelhantes, o de futuro. Prevalecido por medalhões, as despedidas de Murilo, Raniel, Lucas Silva e Lucas Romero, fortaleceram um elenco sem perspectiva de futuro, desigual do ponto de vista de idades e escasso: não tratava-se mais de um ótimo plantel. Neste cenário, o Cruzeiro já se depararia na zona de rebaixamento, com longo tempo (o maior da história) sem marcar gols e eliminado da competição mais almejada pela torcida, a Libertadores. Rogério Ceni, em si, nada teria culpa da catástrofe do roteiro, mas não deixa de ser um treinador que chega em dado momento de crise: o rebaixamento adora esse tipo de troca.

A eliminação para o Internacional retira-nos do delírio, pois silenciávamos o roteiro a fim de imaginar o inimaginável, um título de expressão em 2019. A bola não pune, ela premia.