Não é o líder do Campeonato Brasileiro, não está na final da Copa Libertadores da América, não possui o melhor elenco, a torcida não está no top 10 do ranking, sequer tem o maior poderio financeiro dentre os clubes. Para conquistar a alcunha de time 'grande' no futebol brasileiro, esses critérios são levados em consideração. Contudo, não há dúvidas quanto à grandeza do Tricolor Baiano. E o que faz o Bahia ser Bahia?  

Fundado em 1º de janeiro de 1931, o Esporte Clube Bahia é um dos mais populares do estado e do Norte-Nordeste do país e detém a maior torcida dentre os clubes da região, torcida essa que vem aumentando e se espalhando nos quatro cantos do país.

Revolução com democracia e inclusão

O time se destaca não só por sua história, mas por seu perfil: time do povo! Valendo-se do esporte mais popular do país, o Tricolor Baiano abre os olhos de torcedores e simpatizantes para assuntos de relevância social e humanitária, e dá verdadeiras aulas a outras agremiações esportivas do Brasil. O Bahia possui um Núcleo de Ações Afirmativas, coordenado por Tiago César; desde sua criação, o núcleo rompeu a máxima de que futebol, política e religião não se discutem, levantando a bandeira das causas sociais.

Pioneiro nesse quesito, o clube do Nordeste reverencia ídolos negros, incentiva mulheres na torcida, combate intolerância religiosa e adere à causa LGBT. O tricolor baiano possui um tripé identitário: coerência, verdade e democracia. As pautas partem do próprio clube, assim como as produções, que levantam a torcida.

As ações afirmativas — tão sensíveis — dão espaço, voz e protagonismo, em missão inclusiva e educativa. As redes sociais do clube são usadas como canal de comunicação, e não só em datas comemorativas. Contra assédio, machismo, homofobia, à favor do reconhecimento paterno... em ação recente, protestou contra o desastre ambiental causado pelas manchas de no litoral do Nordeste. Ações de encher os olhos e aplaudir de pé!

Bahia de todas as cores, classes, crenças e gêneros

 (Foto: Felipe Oliveira / EC Bahia)

Os clubes querem que a torcida os ame, mas os clubes amam as torcidas? - Tiago César, assessor de Planejamento do Bahia

Tiago questiona na sala de coletiva do Museu Brasileiro do Futebol, no Mineirão. Aponta a responsabilidade da troca que há no futebol e que é esquecida pelas diretorias dos clubes brasileiros. No caso do Bahia, a inclusão do torcedor vai além. Em maio, o Bahia passou a incluir a população mais pobre em seu quadro de sócios-torcedores. Com mensalidade de 45 reais, o plano Bermuda e Camiseta abriu 2.000 vagas para torcedores que recebem até 1.500 reais se associarem e, consequentemente, terem direito a voto para presidente, entre outros benefícios. 

O clube e seus dirigentes sabem de suas responsabilidades sociais. O posicionamento do Bahia nos revela o quanto os clubes brasileiros vivem em realidade paralela e se omitem em pautas urgentes. Nesse quesito, o Bahia marca um gol de placa!

Enquanto se consolida como clube democrático, o 'Baêa' promove a transformação social e coloca a pulga atrás da orelha de outros clubes do país, para que somem voz e esforços na luta por um futebol inclusivo. O clube merece todos os aplausos pelas campanhas sociais que vem encabeçando. O núcleo de ações afirmativas bate um bolão. O Bahia é gigante dentro e fora das quatro linhas!