A situação parecia ser tão hipotética que era típica do quadro Acredite se Quiser, uma coluna de jornal que virou programa de televisão nos Estados Unidos durante a década de 1980 que também teve sucesso em algumas emissoras brasileiras. O futebol brasileiro deu mais uma prova de como o seu mercado tupiniquim não respeita ética e o tão pregado profissionalismo é colocado em segundo plano por pura ganância. Na noite desta quinta-feira (28), surgiram os primeiros rumores da imprensa esportiva do Ceará e, pouco depois, de alguns membros da imprensa de Alagoas, que a diretoria do Alvinegro de Porangabuçu fez proposta ao técnico Argel Fucks para contar com o técnico nas três últimas rodadas do Campeonato Brasileiro da Série A 2019, em substituição a Adilson Batista, demitido após a goleada sofrida pelos cearenses diante do Flamengo.

Passaram-se as horas. O CSA entrou em campo, venceu o Cruzeiro por 1 a 0 e teve um pouco mais de esperança para permanecer na elite do futebol brasileiro, embora a situação ainda seja muito difícil. A informação do início da noite, até então desconsiderada por ter uma boa medida de incredulidade, se tornou real e foi oficializada. O técnico Argel Fucks deixou o CSA para assumir o Ceará, concorrente direto na luta contra o rebaixamento, a três rodadas do fim do Brasileirão. Os rumores aumentaram e a informação foi confirmada no início da madrugada desta sexta-feira (29).

O Ceará publicou uma nota em seu site oficial ao falar da contratação. Não citou a duração do contrato, mas afirmou que, junto com Argel, vem o auxiliar técnico Gledson Barroso e o preparador físico Daniel Azambuja. O treinador será apresentado, conversa com direção e elenco e comanda sua primeira atividade no clube, a única antes do próximo jogo do Vozão, contra o Athletico Paranaense, às 19 horas do sábado (30).

“Fucks já comanda o Vovô na próxima partida pelo Brasileirão, no sábado, 30/11, diante do Athletico/PR, no Castelão. O treinador desembarca na capital cearense nessa sexta-feira, 29/11, e, após reunião com diretoria, comissão técnica e elenco, já comanda as atividades, à tarde, no CT de Porangabuçu. Amanhã (hoje, sexta-feira), o novo treinador também será apresentado oficialmente à imprensa. O auxiliar técnico Gledson Barroso e o preparador físico Daniel Azambuja também chegam junto com Argel a Porangabuçu”, diz parte da nota.

Em entrevista depois do jogo, o próprio Argel Fucks falou sobre a decisão tomada. Afirmou que o convite feito foi mais tentador do que o primeiro, ocorrido no último mês de outubro, que o desafio é grande e gosta disso. Além disso, explicou que a liberdade tida com a diretoria do CSA ajudou a situação ser feita sem rusgas entre as partes envolvidas e agradeceu aos seis meses de trabalho à frente do Azulão do Mutange.

“A gente sai com o dever cumprido, agradece o apoio do torcedor e do clube, mas é um projeto diferente. Já houve um convite muito forte em outubro e o convite agora é mais forte ainda. Eu gosto desse tipo de desafio e a gente sai daqui deixando o time vivo na competição. Os jogadores assimilaram nossa forma de jogar, nosso modo de trabalhar e o resultado está dentro do campo. Futebol é profissional, dinâmico, principalmente quando tem um contrato onde não tem cláusulas que te prendem, nem de um lado e nem de outro. A gente sempre deixou a diretoria do CSA à vontade, eles também nos deixaram da mesma forma. Então é um até logo, daqui a pouco a gente se encontra. O mais importante é deixar o agradecimento a todos”, disse o novo técnico do Ceará.

Por outro lado, o presidente da CSA, Rafael Tenório , afirmou que foi comunicado pela Argélia de sua saída no fim da noite da quinta e que não contava mais com ele para uma semana final da temporada. Em uma publicação nas redes sociais e no site do clube, apenas um comunicado de saída simples. O Argel Fucks tem 45 anos e esteve no Azulão do Mutange por quase seis meses. Chegou no final do mês de junho para substituir Marcelo Cabo. Trouxe jogadores, criticou a estrutura do clube e o trabalho do seu antecessor, conseguiu aliar a torcida ao seu trabalho, mas sua saída não será digerida pela massa azul. Ao todo, foram 26 jogos treinados, com sete vitórias, cinco empates e 14 derrotas, com 19 gols marcados e 36 sofridos, com o tempo alagoano para a zona de rebaixamento em apenas duas rodadas.