Em novembro do ano passado o Corinthians anunciou a contratação do técnico Tiago Nunes. Junto da aquisição veio também a esperança de mudança no estilo de jogo do Timão. Apesar de se mostrar eficiente na conquista de títulos, o estilo de jogo reativo de Fábio Carille já não estava mais dando resultado. Mas o trabalho até aqui não está sendo satisfatório. Citarei cinco erros importantes do treinador até o momento.

Cinco erros importantes

Na janela de transferências o Corinthians trouxe alguns jogadores importantes. Casos de Victor Cantillo, Luan e Sidcley - este que já teve boa passagem pelo clube. Até o momento, Cantillo justifica o investimento com boas atuações e pré-convocação para a seleção Colombiana na disputa da Copa América (competição adiada). Luan ainda vive de lampejos e Sidcley chegou ao clube totalmente fora de forma.

1º: Para explicar melhor o fracasso dos dois últimos nomes citados até aqui é inevitável não haver críticas ao treinador. Sidcley chegou fora de forma e mesmo assim foi titular nos dois jogos contra o Guarani, pela Pré-Libertadores. Nos dois jogos foi muito mal, e, em consequência disso, não atuou mais. 

2º: Luan é um caso diferente. O jogador já vinha em baixa no Grêmio mas foi contratado a peso de ouro para ser "o cara" do Timão na temporada. Nessa questão também há certa crítica ao trabalho de Tiago. Explicando melhor, o camisa 7, quando foi escolhido o melhor jogador da América, não era meia de criação. Luan aparecia jogando aberto pelo lado esquerdo de ataque e centralizava as jogadas muitas vezes em progressão com a bola, fazendo também a função de segundo atacante.

Porém, no Corinthians de Tiago Nunes, Luan atua como meia de criação. Nos jogos o camisa 7 aparece muitas vezes indo buscar a bola nos zagueiros. Não é a característica do jogador. Camacho e Cantillo jogam para melhorar a saída de bola, se o melhor jogador da América em 2017 precisa ir buscar a bola nos zagueiros a função dos dois volantes se anula.

3º: Todo treinador tem convicções no seu estilo de jogo e com Tiago Nunes não é diferente. Porém algumas decisões que claramente não estão dando resultado geram desconforto entre os torcedores. Seja em escolha de jogadores no time titular ou na forma tática como o time vai jogar. Um dos casos que mais chamam atenção é a insistência em dois volantes que não tem grande poder de marcação.

Por tentar jogar de maneira mais ofensiva, o treinador costuma espetar os dois laterais bem avançados, com isso a equipe acaba sofrendo nos contra-ataques. Nem Camacho e nem Cantillo são grandes marcadores, o que dificulta bastante na hora de neutralizar o adversário. O Timão sofre muito com essas jogadas. É algo diferente do que fez Dyego Coelho como interino ano passado. Na ocasião o ex-jogador do clube utilizava Ralf, Gabriel e até Danilo Avelar as vezes atuando como um terceiro zagueiro, auxiliando na marcação.

4º: Entrando na questão de jogadores escolhidos no time titular, a insistência em Yony González, Pedro Henrique, e mais recentemente a escalação de Carlos Augusto. Não que o garoto seja ruim de bola, mas sim por no início da temporada ser carta fora do baralho e do dia para a noite aparecer no time titular.

Yony é mais um jogador que veio após obter destaque no Flumiense. Nos últimos 2 anos o Corinthians trouxe muitos jogadores que atuaram no clube carioca. Henrique, Douglas Augusto, Richard, Sornoza, Everaldo e agora Yony. Em nenhum dos casos os jogadores obtiveram sucesso no clube do Parque São Jorge. O colombiano chegou agora mas não agrada nem um pouco a torcida e o seu desempenho em campo deixa a desejar.

Pedro Henrique já entrou no time sob desconfiança da torcida. O primeiro ponto é que antes de ser emprestado para o Athletico Paranaense - quando Tiago treinava o clube paranaense - o zagueiro já não passava muita segurança quando atuava. Para complicar ainda mais, no banco de reservas está Bruno Méndez. Zagueiro uruguaio bastante promissor mas que teve poucas oportunidades desde que chegou no ano passado. A preferência do torcedor é pelo uruguaio.

Carlos Augusto era carta fora do baralho, inclusive quase fechou sua transferência para o Genoa, da Itália. A negociação acabou não agradando o Corinthians nos valores oferecidos e o lateral acabou ficando no clube. Lucas Piton e Sidcley eram os únicos que Tiago contava para a função até então. Ambos não tiveram desempenho satisfatório, o que fez com que o treinador utilizasse a cria da base do Timão nos últimos dois jogos. A crítica não é pela qualidade de Carlos, mas sim por do dia para noite o lateral sair do status de descartável para titular do time.

5º: Talvez o ponto onde a crítica mais pesa sobre o trabalho de Tiago Nunes. A dispensa do ídolo Ralf no início da temporada. Não pesa a dispensa em si, mas a forma como aconteceu. O processo com um ídolo do clube não foi conduzido da maneira correta, tanto é que o próprio Ralf admitiu que ficou chateado. 

Além disso, vendo os erros na parte tática defensiva da equipe, fica evidente que Ralf poderia ser uma peça importante no time titular, visto que era um exímio primeiro volante, fechando muito bem os espaços. Além, claro, da liderança de um ídolo. 

Permanência ou não no cargo ?

Apesar dos erros, o trabalho ainda é curto. O processo de mudança de uma filosofia enraizada no clube durante alguns anos é demorado. Além disso, quando foi contratado Tiago Nunes recebeu promessa de contratações por parte da diretoria. Em partes foi cumprido, mas em setores carentes, como jogadores velozes para jogar na ponta do ataque, não se cumpriu.

Outro fator que pesa é a escassez no mercado de treinadores. Em caso de demissão, um nome provável seria de Mano Menezes, mas o treinador vem de dois trabalhos ruins. Sendo um deles no Palmeiras, rival do Timão, e que possui um dos melhores elencos no país.

Agora o campeonato paulista, onde o clube tem poucas chances de classificação para o mata-mata, está parado devido a pandemia do COVID-19. Por enquanto Tiago segue no cargo, mas o próximo jogo é contra o Palmeiras. Dependendo do desenrolar da partida, pode haver uma mudança no comando do Corinthians.

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