Os Campeonatos Estaduais estão paralisados desde março devido à pandemia de Covid-19, mas, em vários lugares, já existem movimentos de volta aos treinamentos.

A VAVEL Brasil fez um levantamento de como está a situação em relação às decisões governamentais e como os clubes e federações estão se organizando nos seguintes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Pernambuco, Ceará, Alagoas e Goiás.

Rio beira o caos, mas Ferj quer retorno das atividades

Com mais de duas mil mortes e quase 20 mil casos confirmados, o Rio de Janeiro é uma das principais regiões  afetadas pela Covid 19 no Brasil e vive seu momento mais crítico em relação a pandemia. O governo do Estado decretou a prorrogação da quarentena até dia 31 de maio, podendo implementar medidas ainda mais severas no isolamento social, como por exemplo o status de lockdown

Mesmo com o cenário devastador, a Federação de Futebol do  Estado do Rio de Janeiro (FERJ) emitiu, no último dia oito, uma nota oficial com um apelo as autoridades para que os clubes possam retornar as atividades. O documento contou com a assinatura de todas as equipes que disputam o Campeonato Carioca 2020, com exceção de Botafogo e Fluminense.   

+#NoContexto: como está a situação do futebol em São Paulo

Ferj faz pedido ao Governo para retorno do futebol (Divulgação/FERJ)
Ferj faz pedido ao Governo para retorno do futebol (Divulgação/FERJ)

O presidente da FERJ, Rubens Lopes, que é médico pós-graduado em doenças infecciosas, elaborou um planejamento, de um total de 12 tópicos, com o objetivo de gerar um retorno seguro para os clubes. Uma das principais medidas seria a compra de 600 testes imunológicos da Covid 19.

Além dos clubes que não assinaram a nota, o Sindicato dos Atletas de Futebol do Rio de Janeiro (SAFERJ) se posicionou contra a volta de qualquer atividade nesse momento. 

"O SAFERJ avalia como mais seguro a continuidade do período de isolamento social, sem treinos e sem jogos, levando-se em conta os números crescentes dos casos de Covid-19 e os óbitos no Estado do Rio, além das orientações de órgãos de saúde municipal, estadual e federal. Por maior que seja o aparato e existam medidas de segurança, o risco de disseminação é comprovadamente menor, segundo as autoridades sanitárias.", afirma um trecho da nota oficial.

Botafogo 

O glorioso não assinou o pedido de volta aos treinos, afirmando, por meio do presidente Nelson Mufarrej que: "É questão de coerência o nosso posicionamento público. Respeito a atitude dos demais clubes, mas entendemos ser a hora de preservar a saúde de todos".

Porém, devido a grave crise financeira e perda de patrocinadores com a paralisação do futebol, o alvinegro carioca demitiu mais de 40 funcionários, entre eles o ex-jogador ídolo  Sebastião Leônidas, que atuava como conselheiro nas camadas de base da equipe.

Buscando ajudar os trabalhadores do clube em necessidade, os torcedores iniciaram uma campanha de doação cestas básicas. O movimento "Ninguém Ama Como A Gente", inclui a rifa de uma camisa de jogo usada na partida em homenagem a Valdir Espinosa.

Flamengo

Campeão de quase tudo no ano passado, o rubro-negro agora enfrenta uma realidade que há muito havia esquecido, a de problemas financeiros. Cerca de 60 pessoas, a maioria relacionada as  camadas de jovens, foram desligadas do clube.

Após as saídas sensibilizarem o elenco, a diretoria entrou em acordo com os jogadores para redução de  25% dos salários e postergação de direitos de imagem. Com isso, a previsão informada é de que não tenham mais demissões.

O foco do atual campeão da Libertadores é de tentar voltar aos treinamentos. A realização de testes identificou que 13% do elenco foi infectado pelo coronavírus e informou que todos já estão isolados. A equipe aguarda o desenvolvimento da situação da doença na cidade e as decisões do governo.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Pra fechar o domingo, vamos conferir os stories da semana dos atletas do Mengão! #FlamengoEmCasa

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Fluminense

Sem demissões ou contaminações divulgadas, o tricolor das Laranjeiras parece ser o mais estável dentre os clubes cariocas. O clube foi um dos pioneiros na iniciativa em encontrar meios para contornar a situação da pandemia no futebol dando férias para os jogadores em abril e fazendo um acordo de redução salarial de 25% com os atletas para maio, podendo estender caso os jogos não voltem.

Mesmo assim, o presidente Mário Bittencourt, em entrevista, afirmou que, caso a crise continue, o clube precisará encontrar renda principalmente na venda de suas principais promessas, citando como exemplo o atacante Marcos Paulo.

"Uma das poucas fontes de receitas que o clube tem hoje é a venda de jogadores. Sem a pandemia era isso, com a pandemia é mais ainda. Se abrir o mercado, certamente vamos pegar propostas por Marcos Paulo e outros jogadores. Na linha do que temos, é o atleta que receberá as melhores propostas. A tendência é que saia no meio ou no fim do ano, mas não é certo", afirmou.

Vasco

Não é de hoje que o Gigante da Colina enfrenta uma grande instabilidade financeira, mas a pandemia dificultou ainda mais a vida no clube. Cerca de 50 funcionários tiveram seus contratos rescindidos ou suspensos. Com relação aos salários atrasados de fevereiro, quem ganha até R$ 1.800 foi pago. Quem ganha acima deste valor teve R$ 1.300 pagos relativos aos vencimentos de janeiro.

Com relação aos atletas, alguns jogadores referência, como Fernando Miguel Fredy Gaurín, Ramon e o capitão Leandro Castán abriram mão da quantia esperada do salário de janeiro para que os demais no elenco pudessem receber o primeiro pagamento no ano. 

Segundo o vice-presidente do clube, José Luis Moreira, a parada no futebol foi uma das piores coisas que poderia acontecer com o time cruz maltino nesse momento. 

"Essa parada realmente foi um desastre total. Já não estava bom e, com a parada, foi pior ainda. A gente vai se virando da maneira que é possível. Tampa um buraco, arromba outro. É muito difícil. Foi um desastre total porque cheguei num momento muito, muito, muito difícil.", disse.