Ser campeão do mundo exige uma série de requisitos técnicos. Um deles é ter, no elenco, uma série de atletas gabaritados. Em 2005, o São Paulo conquistou o Mundial de Clubes ante o Liverpool e tinha no plantel uma série de grandes jogadores. Um deles, por sinal, não deu certo. E tudo isso foi relembrado por jogadores, jornalistas e torcedores tricolores em uma live do canal oficial do Campeonato Paulista. 

Rei das quadras no campo

O atleta que não deu certo foi Falcão. Tido como melhor jogador de futsal de todos os tempos, ele assinou com o São Paulo para jogar o Paulistão 2005 - vencido pelo Tricolor. Apesar de demonstrar talento, a passagem dele pelo futebol de campo foi curta. Cicinho, lateral-direito da equipe, relembrou.

"Eu tomei caneta dele no campo. Normal, né? Ele precisava de um tempo maior de adaptação. Como ele começou a enfrentar desconfianças e possibilidades de perdas de patrocínio, ele optou em voltar para o salão. Mas também houveram com o Leão. Ele chegou a avisar que o Falcão era uma contratação do Marcelo Portugal Gouvêa, e não dele. Se o técnico tivesse dado mais oportunidades, acho que poderia, sim, dar muito certo", relembrou.

O jornalista Arnaldo Ribeiro viu a passagem de Falcão com outros olhos.

"Tive a curiosidade de assistir as primeiras partidas dele da arquibancada por conta da questão da ocupação do espaço dele. Aquilo iria demorar. Não é de uma hora para a outra. Às vezes ele tentava finalizar uma bola da intermediária e o chute dele, que no futsal era um petardo, no campo era um traque. Além disso, aquele São Paulo era muito físico. Três zagueiros, Cicinho, Junior. Muita gente do futsal estraçalha no campo, mas chegando cedo. Ele já chegou formado. No último jogo do Leão no Paulistão, contra o Mogi Mirim, ele foi titular e não jogou bem", lembrou o profissional.

Importância dos laterais

Chegado no meio da temporada, Amoroso logo percebeu o diferencial tático do SPFC naquela época. "Assim que eu cheguei, eu vi que os diferenciais daquele time eram os laterais. Quando o São Paulo jogava com três zagueiros, ou três volantes, Junior e Cicinho atacavam. Eles sabiam que estavam protegidos. A gente atacava sempre em superioridade numérica. O Paulo Autuori foi muito inteligente nisso", declarou.

Aloísio Chulapa

Se Amoroso chegou no meio do ano, o ex-centroavante do então Atlético-PR foi contratado pelo Tricolor em novembro, dias antes do começo do Mundial de Clubes. Cicinho relembrou o apuro que um zagueiro do elenco passou ao vê-lo.

"O Aloísio chegou com uma alegria de outro mundo. Ele teve um problema na final com o Alex Bruno, o zagueiro tinha xingado a mão dele ou algo assim. Quando ele viu o Chulapa subindo pra ir pra sala da presidência, o Alex Bruno se encolhia na cadeira", riu o lateral.

O próprio Aloísio, que não estava presente na live, mandou um áudio para participar. A lembrança do centroavante foi bem no estilo do atleta: cheio de bom humor e envolvendo os "danones", como o ex-atleta se refere às cervejas. "A lembrança que eu tenho daquele Mundial foi do pessoal falando para eu chamar o Mineiro para comemorar bebendo com a gente no hotel. Falaram para eu ir porque eu tinha dado a assistência e ele tinha marcado o gol. Quando cheguei no quarto, ele tava lendo a Bíblia. Aí eu falei pra ele ficar lá, eu beberia por ele e por mim também", finalizou.