Você já ouvir falar na Associação Desportiva Recreativa Cultural Icasa? Se é um assíduo acompanhador de futebol brasileiro, certamente já. Principalmente entre os anos 2009 e 2013. Mas para você que conhece, ao mesmo tempo deve se perguntar neste momento: Que fim levou? Pois bem, em poucos anos todo o projeto do clube foi por água abaixo e até hoje a instituição luta todos os dias para manter-se aberta.

Rápido sucesso estadual até o ápice nacional

A ADRC Icasa foi fundada em 2002, mais precisamente no dia 7 de janeiro, em Juazeiro do Norte, estado do Ceará. A fundação ocorreu inspirando-se na história do extinto Icasa Esporte Clube, mas a Federação Cearense de Futebol reconheceu como registro diferente, por isso não foi a reativação de um clube, mas sim a criação de um novo.

Com a fundação, o Icasa ganhou o direito de disputar a segunda divisão do campeonato cearense, e no ano de 2003 sagrou-se campeão da competição, garantindo o acesso a elite. Em um curto período de tempo passou a incomodar os adversários mais fortes do estado, como Ceará e Fortaleza, sagrando-se vice-campeão cearense em 2005, 2007 e 2008. 

Queda no estadual e reviravolta nacional

Apesar do crescimento, sofreu um grande baque em 2009, sendo rebaixado no estadual, mas a queda não parece ter afetado as estruturas no clube, que fez grande campanha no Campeonato Brasileiro da Série C do mesmo ano, garantindo o acesso para a Série B após golear o Paysandu, no Estádio Romeirão, em Juazeiro do Norte, por 6 a 2.

Em 2010, no estadual, o Icasa conquistou o título da segunda divisão novamente, carimbando a ascensão a elite do estado. No âmbito nacional fez uma Série B bem apertada, terminando a competição na 12ª posição, com 49 pontos, mas a apenas três do Brasiliense, primeiro clube da zona de rebaixamento.

Rebaixamento, início das dívidas e ascensão inesperada

Em 2011, o Verdão do Cariri fez campanha fraca no campeonato cearense, fora da zona de classificação para a fase de mata-mata da competição, e no Brasileirão da Série B acabou sendo rebaixado, terminando na 17ª posição com 47 pontos. 

No ano posterior, o clube fez nova campanha fraca no estadual e passou a acumular muitas dívidas com atletas, resultando em troca na direção e vários outros problemas internos. Por isso, foi para a disputa da Série C daquele ano bem desacreditado pela imprensa e pelos próprios torcedores.

Apesar de todos os problemas, surpreendentemente o Verdão fez ótima campanha na competição. Mais surpreendente ainda foi o resultado ao final dela.

Em confronto contra o Duque de Caxias-RJ pela fase quartas de final, onde quem passasse garantiria o acesso a Série B, o Verdão conquistou uma vitória por 2 a 1 no primeiro jogo e empate por 0 a 0 na volta, resultados que foram suficientes para que o clube que tinha tudo para ser rebaixado, garantisse o acesso.

Ano (quase) mágico

Em 2013 o Icasa iniciou o ano com um bom desempenho no estadual, chegando as semi finais e sendo eliminado no clássico contra o Guarany de Sobral apenas pelo gol sofrido em casa. Na ida, derrota por 3 a 0 fora de casa, e na volta placar de 4 a 1. O gol sofrido no Romeirão acabou tirando a vaga na final.

Apesar da campanha no cearense o clube já estava com muitas dívidas, o que o credenciava a ser um dos quatro clubes que retornariam a Série C. Porém, o que se viu em campo foi totalmente o oposto. 

Contando com jogadores como o goleiro João Ricardo, o zagueiro Luiz Otávio e os atacantes Tadeu e Leandro Pereira, o clube conseguiu uma surpreendente 5ª colocação, com direito a vitória contra o Palmeiras, campeão da competição, e ficando apenas um ponto atrás do Figueirense, deixando transparecer que a equipe cearense poderia ter anos de glória nos anos posteriores.

Na época o clube contestou bastante o acesso da equipe catarinense alegando irregularidades no contrato do jogador Luan, que atuou pelo Figueira contra o América-MG. O STJD chegou a conceder uma liminar que garantiria o acesso ao time icasiano, mas os catarinenses conseguiram reverter a situação graças a um erro no sistema da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Por conta do grave erro, a entidade foi condenada a pagar indenização de R$ 20 milhões ao clube em 2018.

Seguidos rebaixamentos

O ano de 2013 parece ter sido realmente mágico, um ponto fora da curva, visto que logo no ano seguinte a equipe acabou rebaixada no Brasileirão da Série B, aumentando ainda mais a crise financeira, dando início a um caos que perdura até hoje.

Em 2015, na volta a Série C, o Verdão do Cariri acabou rebaixado novamente. Como se não pudesse piorar, em 2016 acabou rebaixado também no campeonato cearense, terminando a competição com apenas cinco pontos, contando uma vitória, dois empates e cinco derrotas. 

Desde então o Verdão do Cariri acumula dívidas, mudanças de direção e fracassadas tentativas de retorno a primeira divisão estadual, sumindo dos holofotes no âmbito nacional e sem perspectiva de uma possível volta por cima.