Se ocorresse como previsto no Conselho Arbitral, a semifinal da Copa do Nordeste seria um espetáculo de arrepiar. Duas equipes disputariam partidas de ida e volta em estádios lotados, com festa expressiva e singular das torcidas, em uma atmosfera que o Nordeste sabe muito bem proporcionar. Mas, no meio do caminho surgiu uma pandemia catastrófica, avassaladora, que ceifou a vida de aproximadamente 90 mil brasileiros e despejou tristeza em várias famílias afetadas pela doença e pela morte de seus queridos. Com isso, todas as possibilidades outrora imaginadas caíram por terra.

Nesta terça-feira (28), às 21h30, Fortaleza e Ceará disputam o terceiro Clássico-Rei de 2020 sem torcida e bem longe de casa. O jogo será disputado no Estádio de Pituaçu, em Salvador/BA, pela semifinal do Nordestão. Será uma partida quente, a rivalidade estará em campo, mas a falta do torcedor causa uma sensação de incompletude que ansiosamente esperamos que fique em 2020. Será apenas um jogo. Quem ganhar, avança à final. Quem perder, está fora. Empate no tempo normal leva a disputa aos pênaltis. Não existe vantagem durante os 90 minutos de gol como visitante ou resultado igual para time de melhor campanha.

Não apenas pelo sofrível momento vivenciado, mas o confronto entre os principais grandes clubes do Ceará será histórico. Pela primeira vez em 101 anos de intensa rivalidade, o Clássico-Rei será disputado fora do território cearense. Apenas em uma ocasião, o jogo foi disputado fora de Fortaleza, há 20 anos. Há 18, as equipes não se enfrentam em jogo único e eliminatório. Com todo esse cenário, um quer evitar que o outro tenha grandes chances de conquistar o bicampeonato regional. O Leão do Pici é o atual campeão, enquanto o Alvinegro de Porangabuçu venceu em 2015. Na atual temporada, duas partidas. Um pela Copa do Nordeste, empatado em 1 a 1. Outro pelo Campeonato Cearense, com vitória tricolor por 2 a 1. Veremos o que o jogo desta noite irá nos proporcionar.

Melhorar apresentação

O favoritismo apontado antes do confronto contra o Sport não foi visto em campo. O Leão da Ilha do Retiro soube neutralizar bem os ataques tricolores e teve claras chances de vencer, principalmente no segundo tempo. Porém, a ineficiência rubro-negra levou a disputa às penalidades máximas e o Fortaleza conseguiu a vitória e a classificação. Mesmo com a vaga garantida, o técnico Rogério Ceni ficou na bronca com o desempenho da equipe durante o tempo regulamentar e espera que o time tenha uma melhor apresentação.

Quanto à escalação, o Leão do Pici tem o elenco completo à disposição de Rogério Ceni. Único que não tinha viajado a Salvador, o lateral-direito Tinga está completamente recuperado de um edema na coxa esquerda e está com a delegação na Bahia. Embora o time teoricamente não sofra muitas modificações em jogadores e no estilo de jogo, o escrete inicial ainda é desconhecido.

“Fiquei feliz que o time passou à semifinal, mesmo jogando abaixo. Queria mais durante o jogo. Queria que a gente tivesse um futebol mais vistoso, melhores passes, infiltrações, mas às vezes não se joga bem. Quando isso acontece, é importante vencer. Clássico é sempre importante, acho que tem um peso grande. Mas o nosso comportamento é o mesmo para enfrentar qualquer time. Espero que a gente consiga produzir mais do que conseguiu contra o Sport. Ajustes do time não se tem muito a fazer. A gente espera que os jogadores estejam individualmente melhores”, explicou.

Com problemas, Ceará tenta engrenar na temporada

O Ceará já trocou o treinador, está na final do Campeonato Cearense, mudou a estratégia trabalhada em pouco tempo com jogos, mas uma coisa é praticamente unânime. A equipe alvinegra precisa engrenar. Falta algo para a equipe deslanchar e obter tranquilidade. Uma vitória sobre o arquirrival Fortaleza, a eliminação tricolor e a classificação a mais uma decisão de Copa do Nordeste pode ser o combustível que falta ao Vozão pegar embalo na temporada.

O grande problema do técnico Guto Ferreira são os desfalques. O zagueiro Luiz Otávio foi expulso na partida contra o Vitória e desfalca a defesa. O meia Felipe Baxola e o atacante Rodrigão estão no departamento médico com lesões. Rick e Rafael Sóbis foram substituídos nas quartas de final como uma forma de evitar desgaste físico extremo. A dupla defensiva pode ser formada por Fabinho e William Oliveira, testada em um jogo-treino contra o Ferroviário, assim como Juninho Quixadá, Chico e Rogério podem ser utilizados no clássico, a depender do comandante, que faz mistério quanto à escalação.

“Jogamos três partidas do Campeonato Cearense e duas da Copa do Nordeste em 12 dias. Mesmo a gente tendo trocado algumas peças, isso é difícil. Eram partidas decisivas. Espero que a gente possa retomar um bom jogo contra nosso rival na semifinal para chegarmos à final. Soubemos sofrer e precisamos estar bem postados defensivamente. Todos os jogos do Ceará, independentemente contra quem seja, temos de nos superar. O mais importante não é o adversário, mas que pode nos levar à final. O nosso grupo tem se colocado em uma posição de busca e superação. Espero que a gente possa fazer a melhor partida que nós já fizemos e que possamos superar o nosso rival”, declarou Guto.