a segunda pior campanha entre os classificados às quartas de final do Paulistão, o Santos foi eliminado na noite de quinta (30) para a Ponte Preta, justamente a equipe que teve a pior campanha que passou ao mata-mata. O pior não foi nem a derrota por 3 a 1, mas, sim, a atuação apática dos comandados pelo treinador português Jesualdo Ferreira. Ficou escancarado que o clima pesado nos bastidores do clube tiram a vontade dos jogadores em darem o máximo dentro das quatro linhas.

Na Vila Belmiro, o Santos até que começou bem ao abrir o placar com Marinho aos seis minutos de jogo, após assistência de Soteldo, mas depois a maionese desandou. Antes do fim do primeiro tempo, o mesmo Marinho foi expulso ao receber o segundo cartão amarelo. Isso poderia ser aceitável se não fosse a outra expulsão de Uribe no jogo passado, contra o Novorizontino. São dois jogadores do elenco que perdem a cabeça e a noção ao tomarem dois amarelos cada. Em situação normal, raramente essa dupla expulsão em dois jogos seguidos é vista.

Já com um a menos em campo, Jesualdo Ferreira fica prejudicado com seu esquema tático. Mas espera-se que alternativas sejam mostradas. Sem Marinho, expulso, o sistema ofensivo do Peixe ficou literalmente perdido no segundo tempo e refém do venezuelano Soteldo.

Um pouco mais organizada e motivada, a Ponte Preta se aproveitou de tudo isso e virou o marcador sobre a estática defesa santista. Bruno Nascimento, aos 50', e Moisés, aos 61', puseram a Macaca à frente do marcador. A partir daí, trocas de passes lentos se tornou comum no Santos, que precisava virar o placar para avançar. Soteldo, coitado, recebia todas as bolas na ponta esquerda. Uma transição lentíssima, jogadores estáticos e sem vibrações nas divididas. Apatia era a palavra que melhor definia a atuação santista em sua casa.

Em contraponto, a Ponte do técnico Brigatti via o lateral Apodi se dedicar demais na marcação de Soteldo. O meio-campo campineiro unido e empolgado nas jogadas, fechando os espaços para o Santos jogar e também ousar nas investidas contra os mandantes. Chegou até a pressionar muito dos 50' aos 65' e dos 70' aos 85'. Então, o terceiro gol ponte-pretano ainda apareceu aos 88', com o mesmo Bruno Nascimento que havia empatado o jogo.

Estatísticas do jogo

Para se ter noção, a Ponte deu 23 chutes contra apenas seis do Santos. Desses, 12 da Macaca foram de dentro da área — praianos só três de dentro da área ponte-pretana. Ou seja, ímpeto ofensivo muito maior na conta dos interioranos. Sem contar a posse de bola: 58% para o time que lutou para não cair até a última rodada, e o Peixe com 42%.

Jesualdo e a necessidade de mudança

Pela cultura do futebol brasileiro é óbvio que parte dessa eliminação santista poderia ir aos ombros do treinador, mas sabe-se também que a diretoria do Santos é uma das piores da história — principalmente por conta do presidente Pérez. Cortar salário dos jogadores sem aviso prévio é, no mínimo, cruel e irresponsável. Ainda teve Sasha e Everson entrando na Justiça contra o Alvinegro Praiano. Mas, mesmo assim, há quem peça a cabeça do técnico português, que respondeu uma pergunta sobre sua provável demissão:

"Não temo nada. Diretoria está à vontade. Nem sequer me preocupa. Que façam o que quiserem", disse Jesualdo.

Ele deixou claro que não pretende "desistir" do Peixão e alertou que as coisas na Vila Belmiro precisam mudar para o time conseguir bons frutos no restante da temporada.

"O Campeonato Paulista é um desejo de todas as equipes, das maiores às médias. Esse era o desejo do Santos. Queríamos muito ganhar. As outras estão em aberto. Jogadores precisam sentir que podem ganhar se fizerem o melhor possível. Ganhar crédito, confiança. Essa é a questão que temos que mudar."

Com a eliminação no Paulistão, a equipe santista só volta a campo no dia 9 de agosto, em jogo que marca a estreia no Campeonato Brasileiro. O adversário é o Bragantino, que também foi despachado no estadual.