Já não se olha para o Fortaleza de 2020 com o mesmo otimismo que o de 2019. Ainda sob comando do técnico Rogério Ceni, a equipe cearense passa por maus bocados na atual temporada. Isso é nítido quando olhamos e analisamos as atuações tricolores tanto no mata-mata da Copa do Nordeste quanto nas duas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro.

Com seu famoso 4-2-3-1, que até fez sucesso no ano passado, o Leão do Pici não consegue mais mostrar um bom futebol frente a equipes de seu porte ou maiores.

Desde que avançou aos playoffs do Nordestão, o Fortaleza não balança mais as redes. Nas quartas, empate com o Sport por 0 a 0 — avançou nos pênaltis. Na semi, perdeu para o maior rival, o Ceará, por 1 a 0. A partir daí, ingressou no Brasileirão e já foi derrotado para os reservas do Athletico-PR por 2 a 0 em plena capital cearense e na última quinta-feira (13) foi batido pelo São Paulo no Morumbi por 1 a 0. Ou seja, são quatro jogos seguidos sem marcar um mísero gol.

Por que a seca toma conta do ataque?

A equipe de Ceni atua defensivamente no 4-4-2 e ofensivamente no 4-2-3-1, na teoria e com boas peças, isso funciona e bem. Mas o treinador opta por rodar bastante o elenco a fim de dar minutos e experiência a todos no esquema tático. Tudo bem que ele pode até ganhar admiração e despertar a competitividade entre os atletas. Em contraponto, perde na questão do entrosamento após a paralisação do futebol por conta pandemia. Como de costume, o Leão do Pici ataca, em muitas vezes, com seis ou mesmo sete jogadores. É um bloco em busca de gol que ocupa muitas partes do campo ofensivo. Porém, a execução disso está falha.

Osvaldo pela esquerda e David pela direita são os mais agudos e verticais do time. Romarinho é a opção de passe pelo meio, mas ainda atrás do centroavante Wellington Paulista. No banco de reservas, Ceni usa bastante o jovem ponta Yuri César, emprestado pelo Flamengo e que já teve propostas de clubes europeus. O que dava certo antes da pandemia, não está dando certo depois da pandemia. Essa queda de rendimento não é obra do acaso e nem por lua.

A partir da volta do volta do futebol, o Fortaleza marcou 11 gols em quatro jogos: 5 a 0 e 1 a 0 no Guarany de Sobral, 2 a 1 no Ceará e 3 a 1 no América-RN. Como dito, o time passou em branco nas quatro partidas seguintes, contra Sport, Ceará, Athletico-PR e São Paulo.

Percebe-se que, contra equipes que defendem em bloco baixo — aquelas que "estacionam um ônibus" em frente à área como Sport e Ceará —, o Fortaleza tem enormes dificuldades. Mas Athletico e São Paulo não atuam dessa forma, evidenciando que Rogério Ceni começou a criar dificuldades também contra equipes que marcam alto e pressionam a armação de jogadas.

Agora, é juntar os cacos e buscar resultados

Numa competição de pontos corridos como é o Brasileirão, é essencial começar a temporada bem e criar a famosa "gordura". Fortaleza não conseguiu isso nas duas primeiras rodadas e tem fortes adversários pela frente: Botafogo (casa), Goiás (fora), Corinthians (fora), Bragantino (casa), Ceará (casa) e Flamengo (fora).