Fim da busca pelo bicampeonato da América. O Flamengo foi eliminado pelo Racing nos pênaltis (5 a 3) após novo empate em 1 a 1 no tempo regulamentar, placar do primeiro jogo, pelas oitavas de final da Libertadores nesta terça-feira (1º). No Maracanã, Sigali foi o autor do gol argentino, e Willian Arão empatou nos acréscimos do segundo tempo, mas não converteu sua cobrança nas penalidades. Rodrigo Caio foi expulso na falta que deu origem ao gol do visitante.

Jogo decisivo no Maracanã pela competição mais cobiçada do continente e entre duas equipes que precisavam se recuperar de seus retrospectos recentes. Especialmente o Rubro-negro, já eliminado em outro mata-mata (Copa do Brasil). Para tanto, com o resultado de 1 a 1 no jogo de ida, na Argentina, bastava um empate sem gols ou uma vitória simples. Nas últimas cinco partidas, considerando diferentes campeonatos, haviam sido duas derrotas, dois empates e apenas uma vitória.

Já o time argentino vinha de um resultado positivo, vencendo pela primeira vez no campeonato nacional em cinco rodadas. Nos quatro jogos anteriores, um empate e três derrotas. Para avançar na Libertadores fora de casa, precisava vencer ou empatar a partir de 2 a 2. Além disso, a equipe não vinha descansada como a carioca, visto que atuou apenas três dias antes de viajar para o Rio de Janeiro.  

Estratégias

Rogério Ceni teve importantes nomes como desfalque e retorno. Gabriel Barbosa não ficou à disposição a tempo. Thuler e Natan cumpriram suspensão. Em compensação, Rodrigo Caio e Isla voltaram ao time titular, e Pedro pôde ficar no banco de reservas. Esquema tático: 4-4-2. Diego Alves no gol. Gustavo Henrique e Rodrigo Caio formaram a dupla de zaga, enquanto Isla e Filipe Luís cuidaram das laterais. No meio-campo, Willian Arão e Gerson compuseram a dupla de volantes, dando o primeiro combate e iniciando as jogadas ofensivas; mais à frente, Everton Ribeiro e Arrascaeta foram os responsáveis pela criação ofensiva. No ataque, Vitinho e Bruno Henrique ameaçavam com velocidade e finalização na área.

Sebastian Beccacece não pôde contar com o meia Solari e o atacante Cvitanich. Esquema tático 3-4-2-1. No gol, Gabriel Arias. A trinca de zaga contou com Domínguez, Sigali e Mena. Nas laterais, Fabricio Domínguez pela direita e Soto pela esquerda. O meio-campo tinha Miranda e Rojas recuados na marcação, enquanto Fertoli e Reniero cuidavam da construção para o ataque. E, isolado na frente, Lisandro Lopez tomava conta da área.

Rubro-Negro peca na mira ao gol, e Racing avança convertendo todas as penalidades

Gol perdido por Vitinho no primeiro tempo (Foto: Alexandre Vidal / CRF)
Gol perdido por Vitinho no primeiro tempo (Foto: Alexandre Vidal / CRF)

Precisando correr atrás do resultado, o Racing iniciou o confronto ensaiando uma marcação alta, com pressão na saída adversária, mas que não se manteria ao longo da primeira etapa. O Flamengo logo adotou a mesma postura, a qual traria lances favoráveis. Antes dos cinco minutos, o time da casa já havia perdido algumas oportunidades, aparentando que daria trabalho ao gol de Arias, o que não chegou a se concretizar.

O jogo passou a ficar amarrado, com muita marcação e faltas no meio-campo. O Rubro-negro voltou a conseguir profundidade quando subiu toda a marcação e passou a fazer os desarmes característicos na intermediária ofensiva, culminando em jogadas de ataque. Arão ia bem no desarme e na cobertura pelo meio. Apenas aos 18, a primeira chance do Racing, mas não sem perigo para Diego Alves. Vitinho se posicionava mais centralizado pela frente da área, e Bruno Henrique vinha sendo o mais ativo do ataque, tentando na velocidade e finalizando.

Aos 23 minutos, eram 61% de posse de bola (porcentagem que pouco alternaria no primeiro tempo) e 6 a 2 em finalizações para o mandante, porém 1 a 0 em chutes a gol para o visitante, evidenciando certa falta de pontaria carioca. Só o Flamengo jogava e no campo de ataque, inteiro, mas precisava converter em chutes no alvo. Enquanto isso, a equipe argentina havia mudado de vez sua postura, apostando no contra-ataque.

Na sequência, o Racing conseguiu um momento de ataque, explorando o cruzamento para a área. Pelo outro lado, faltavam as participações dos meias rubro-negros, Everton Ribeiro e Arrascaeta, com o último sendo bem marcado. Vitinho passou a chamar mais a responsabilidade, conseguindo boas aparições na área e jogadas individuais. Mudança argentina antes mesmo do intervalo: Reniero saiu para a entrada do jovem Alcaraz.

No penúltimo minuto, Arrascaeta encontrou belo passe longo e deixou Vitinho frente a frente com o goleiro, mas o atacante tirou demais e chutou para fora tirando tinta da trave. Na ida para os vestiários, 10 a 2 em chutes a favor do Flamengo, porém ainda 1 a 1 no alvo.

Foto: Alexandre Vidal / CRF
Foto: Alexandre Vidal / CRF

Para a segunda etapa, o Rubro-Negro veio pressionando ainda mais na saída do Racing, postando uma linha de três em cima da marcação da grande área na cobrança de tiro de meta do adversário. Não demorou para Vitinho ter outra chance, defendida pelo goleiro. Arrascaeta passou a aparecer mais na área. O time da casa pressionava no ataque, faltando a bola na direção do gol, como nos primeiros 45 minutos. Beccacece resolveu sacar Fertoli para a entrada de Montoya, reforçando a marcação.

Aos 15, ainda 63% em posse, 14 a 2 em finalizações e 2 a 1 em chutes a gol, todos os números favoráveis ao mandante, demonstrando que pouca coisa havia mudado de fato. Entretanto, era ataque contra defesa, com a equipe argentina fechada no bloqueio da área. Lisandro Lopez, isolado no ataque, era o único a receber bola e tentar alguma finalização, pela esquerda. Até que, aos 17 minutos, Rodrigo Caio foi expulso pelo segundo cartão amarelo. Lance crucial à decisão.

Ceni, então, tirou Arrascaeta para a entrada de João Gomes, recuando Arão para a zaga. No entanto, logo na cobrança da falta de longe, Gustavo Henrique não tirou, e Sigali chegou de trás para colocar dentro do gol aos 19 minutos. O técnico rubro-negro resolveu ser mais incisivo, colocando o artilheiro Pedro no lugar de Everton Ribeiro. Mas, assim, a equipe carioca passou a jogar sem meias de construção/criação. Do outro lado, Domínguez deu vez a Lucas Orbán. Gerson adiantou seu posicionamento, assumindo a função de criação.

Foi quando o goleiro Arias começou a se destacar e garantir a classificação para o Racing. Aos 35, defesa salvadora em cabeceio de Bruno Henrique a partir de mais um levantamento de Isla pela direita. E, dois minutos depois, mais uma, desta vez cabeceio de Arão. Gustavo Henrique saiu para a entrada de Diego Ribas, dando, justamente, mais força ao meio-campo. Quando a bola parecia que não iria mesmo entrar para o Flamengo, cobrança de escanteio na primeira trave e Arão subiu mais que os marcadores para cabecear para dentro sem chance de defesa ao goleiro já aos 48 minutos, resultado que levava a decisão para os pênaltis. E foi o que aconteceu.

As cobranças estavam sendo certeiras para os dois lados. Pelo Racing, que começou batendo, Lisandro López, Rojas, Sigali e Alcaraz converteram, alternando com as batidas bem sucedidas de Filipe Luís, Gerson e Pedro pelo Rubro-negro. Até que Willian Arão, autor do gol salvador nos acréscimos, errou sua cobrança, defendida por Arias no meio do gol a meia altura. Na sequência, Fabricio Domínguez fez e fechou o embate: Racing classificado às quartas de final e Flamengo fora.

Satisfação argentina no Maracanã (Foto: Divulgação / Conmebol)
Satisfação argentina no Maracanã (Foto: Divulgação / Conmebol)

Classificação e próximos compromissos

O Racing aguarda agora o vencedor do confronto entre Internacional e Boca Juniors nesta quarta-feira (2) às 21h30. O primeiro jogo das quartas de final da Libertadores está previsto para o dia 8 de dezembro.

O próximo compromisso do Rubro-negro é pelo Brasileirão contra o Botafogo no sábado (5) às 17h. Já o Racing volta a campo também no sábado (5) pela Copa Diego Maradona, novo nome do Campeonato Argentino em homenagem ao maior craque nacional, na qual enfrenta o Arsenal Sarandi às 17h10.