Na manhã desta segunda-feira (13), o presidente do Confiança, Hyago França, concedeu entrevista exclusiva à rádio Fan FM e abordou temas polêmicos como as cobranças e ameaças que ele e o elenco vem sofrendo da Trovão Azul, principal torcida organizada do azulino, e também sobre o momento atual dos sergipanos na Série B.

Todo o tema polêmico teve início devido ao acontecimento do último fim de semana, onde a torcida organizada do clube foi até um barzinho em Aracaju onde se encontrava o meia Ítalo Melo, durante o seu dia de folga. Na ocasião, os representantes da Trovão Azul cobraram mais dedicação do jogador e argumentaram que não é momento de estar em locais desse tipo.

Com a oportunidade de rebater, Hyago ressaltou que dirigentes e atletas estão tendo que diariamente conviver como se não tivessem vida pessoal, sem poder visitar parentes e fazer coisas normais do cotidiano. Aí começou toda a polêmica. 

"Fui fotografado num sábado as duas horas da tarde, num momento onde estava almoçando com parentes e amigos, onde foi registrada uma foto e colocada na rede social com o disk (disk denúncia criado pela Trovão Azul) de que se encontrasse dirigente ou jogador era pra ligar para a trovão que eles iriam lá resolver. Então é uma ameaça bem clara, com os números dos integrantes nas redes sociais, os dois números de pessoas que você (o torcedor) pode ligar para que seja feita a ameaça não só para dirigente para também para jogador, como aconteceu com o Ítalo. Um jogador que foi muito importante para o acesso, que foi muito importante para títulos, um jogador que chegou numa semifinal de Copa do Nordeste, um jogador que conquistou a permanência na Série B, um jogador que tem história no clube e que a torcida pediu. Infelizmente, alguns esquecem muito rápido o que foi conquistado e num momento que eles estava de folga, pois isso foi num domingo, ele estava de folga, não perdeu nenhum treino e nem nada do tipo", argumentou o presidente do Confiança.

Foto: Divulgação / AD Confiança

Junto as cobranças, segundo o presidente, também vem as ameaças. Mas, acredita que assim como em outras profissões, tanto dirigentes como jogadores tem direito de viver a vida normalmente, lembrando sempre que há muitas coisas a melhorar para que o objetivo de se manter na Série B seja alcançado.

"Veja não é torcida. Estamos falando de torcida organizada, estamos falando de Trovão Azul e integrantes marginais daquela torcida. Não estamos falando da torcida de forma generalizada, inclusive vou prestar B.O (Boletim de Ocorrência) hoje de manhã, vou processar também, fortalecer a segurança. Entendemos que temos que entregar mais, que temos que nos resguardar mais, agora ninguém vai deixar de almoçar, ninguém vai deixar de ver parentes, de ver sua namorada, sua esposa, ninguém vai deixar de fazer isso, todo mundo tem vida normal. Quando um recepcionista faz um trabalho mal ele não pode sair? Quando um empresário tem um mês ruim ele não pode sair? Quando até mesmo alguém da imprensa que tem algum mês ruim, ou que a gente avalia ruim ele também não pode sair? Então não é assim. É uma profissão como outras e tem que ser tratada assim. Claro que temos que ter a consciência que o time está devendo e vamos brigar para tentar sair dessa situação que não tem nada perdido ainda", concluiu Hyago.

Críticas pela vida política

Apesar do ano ruim, Hyago França sempre foi reconhecido pelo enorme sucesso obtido com o Dragão do Bairro Industrial, aprimorando o Centro de Treinamento da equipe com investimento na estrutura do clube até chegar ao tão sonhado acesso à Série B. Mas, desde a sua eleição no ano de 2020 como vice-prefeito do município de Carmópolis, ao qual é filiado ao PSD, o presidente vive com críticas de supostamente abandonar o Confiança para focar apenas na vida política.

"Encaro com naturalidade, porque quanto mais conquistamos mais tem gente para criticar. Já passei por momentos ruins no Confiança, e também vários momentos bons e nunca fui atacado tanto quanto fui agora quando estou com mandato como político. Mas, faz parte. Tenho a consciência tranquila de que meu papel está cumprido no Confiança, que consegui chegar onde nenhuma gestão chegou. Não somente em termo de título, de conquista, mas também de estrutura, de legado que fica pela frente, e é natural que a crítica exista. É entender que a gente não tem nada perdido e que precisamos trabalhar. Já comecei um ano ruim que terminou com o acesso. Então o ano não terminou ainda, temos 15 jogos pela frente. Precisamos de oito vitórias e oito jogos em casa pela frente", afirmou.

Para concluir, Hyago aproveitou para ressaltar a briga da direção do clube pela liberação da torcida nos estádios, fator que seria fundamental para a salvação do azulino. 

"Estou buscando a liberação de público, inclusive tive uma reunião com o governador Belivaldo Chagas, participamos do Comitê (Comitê Técnico-Científico), entrei com uma ação no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para conseguir a liberação por meio de uma liminar, que anteriormente já foi concedida ao Cruzeiro, ao Flamengo, e o Vila Nova e o Goiás também estão conseguindo. Após a liminar ser aceita irei me reunir novamente com o governador para acertar a liberação, obviamente respeitando todos os protocolos e aceitando a resposta do Comitê pois é ele que sabe mais do que nós nessa situação quando é o momento seguro, para que possamos ter o nosso público. Sabemos que o torcedor é um reforço a mais nos jogos dentro de casa, e temos consciência que precisamos das oito vitórias", concluiu o principal dirigente do time sergipano.