Emoção, feitos e sofrimento. Doses do octacampeonato do Brasil na Copa América Feminina. A hegemonia do continente sul-americano foi confirmada na vitória de 1 a 0, gol de Debinha, sobre a anfitriã Colômbia, no estádio Alfonso López, em Bucaramanga, com 100% de aproveitamento e o melhor ataque da competição, com 20 gols, além de não sofrer nenhum. 

Gol alivia preocupação

Bola em jogo e favoritismo deixado de lado. Las Cafeteras mostraram que estavam dispostas a fazer história dentro de seus domínios. A equipe de Nelson Abadía incomodava com a dura marcação, não deixando a Seleção chegar à área com facilidade. Já o oposto acontecia para as mandantes, que conseguiam rondar com mais facilidade. Leicy disparou em contra-ataque, puxou para o meio e chutou em cima da defesa. 

O que estava complicado, ficou ainda mais. Angelina sofreu dura entrada, joelho com joelho, com Lorena Bedoya. A volante chorou muito ao deixar o campo de maca. Duda entrou em seu lugar. Como consequência, a Colômbia foi ganhando mais volume, enquanto as Guerreiras tinham dificuldades de passar do meio-campo. Linda Caicedo, um dos destaques da equipe tricolor, foi enfiada em velocidade, encarou a marcação de Antônia e bateu por cima do gol. Em outra oportunidade, dessa vez com Usme, que cobrou falta em direção ao gol. Lorena espalmou pela linha de fundo. Logo em seguida, a jogadora chamou a torcida para vir junto, que respondeu  prontamente.

Em uma apresentação abaixo do esperado, com erros de passes bastante evidentes, aquele toque de sorte apareceu para empurrar o ataque. Debinha tentou tocar para trás, a bola desviou em Leicy e sobrou para Antônia. A lateral chuta rasteiro e balançou a rede pelo lado de fora. No entanto, Las Cafeteras seguiam na esperança de surpreender. Bedoya arriscou de longe. Lorena segura no meio do gol. Devido ao erro de leitura, Antônia acabou furando ao tentar afastar o cruzamento de Leicy. Usme bateu de primeira, mas em cima da brasileira. 

A reta final do primeiro tempo foi boa para a equipe verde e amarela. Adriana recebeu na ponta esquerda, fez o giro e finalizou com perigo rente à trave. A tranquilidade surgiu graças a uma falta. Tamires tocou para Debinha e tabelou com Kerolin em passe de calcanhar. A camisa 9 sofreu a falta de Vanegas ao invadir a área: pênalti. A própria Debinha foi para a cobrança, deslocando a goleira e convertendo no canto esquerdo.

Foto: Thais Magalhães/CBF
Foto: Thais Magalhães/CBF

Teste para cardíaco 

O gol feito na etapa anterior serviu para dar tranquilidade às comandadas de Pia Sundhage, mudando o panorama da partida ao ficar mais no campo

O gol feito na etapa anterior serviu para dar tranquilidade às comandadas de Pia Sundhage, mudando o panorama da partida ao ficar mais no campo de ataque. Antônia, com espaço, arriscou da entrada da área. A bola quicou e obrigou Catalina Pérez a cair para defender.

Debinha, a artilheira da Era Pia, teve a melhor e última oportunidade de ampliar. A atacante foi acionada em velocidade, entrou na área e bateu na saída de Catalina Pérez. Porém, a goleira fez milagre. O panorama, que estava do brasileiro, voltou para o lado colombiano. As Guerreiras cediam facilmente a bola para as adversárias, além de errar nas tomadas de decisões. Pia colocou Gabi Portilho e Luana nas vagas de Ary Borges e Kerolin. Tais substituições não surtiram o efeito esperado. O meio-campo ficou nulo e a pressão aumentava com o tempo.

Visando o empate, a Colômbia apostou as suas fichas em Linda Caicedo. A jogadora de 17 anos era a válvula de escape, ocasionando perigo à meta brasileira. Ela chegou a passar por Tainara, porém acabou perdendo a posse da bola e Usme pegou a sobra. A atacante chutou à direita do gol. Comparando a companheira de seleção, Caicedo conseguiu até melhor a pontaria, batendo colocado da entrada da área. Lorena se esticou todo, mas observou a redonda tirar tinta do travessão.

Dando trabalho a defesa, a jovem não passou por Antônia, que  levou a melhor e protagonizou lindo desarme. A lateral vibrou como se fosse um gol, já que a colombiana iria sair cara a cara com Lorena. A goleira ainda defendeu arremate rasteiro de Usme. Geyse, última mexida verde e amarela, realizou algo que estava esquecido: o ataque: a nova atacante do Barcelona deixou a marcação para trás e cruzou da linha de fundo. Luana domina com liberdade e finaliza para fora no apagar das luzes, mas com cores brasileiras.

Novas marcas

Em seu terceiro ano no comando da Seleção Brasileira, Pia Sundhage é a primeira técnica a ser campeã da Copa América Feminina, bem como o fato de ser inédito de não sofrer nenhum gol na edição.