Dentro de campo, mais uma vitória do São José sobre o time B do Internacional pelo jogo de volta das quartas de final da Copa Paulo Sant'Ana, a competição do segundo semestre nos gramados do Rio Grande do Sul. No início deste sábado (30), o placar de 3 a 1 em Alvorada serviu para o Zequinha avançar à fase semifinal do torneio. Porém, uma atitude grosseira, incabível e lamentável fora das quatro linhas manchou a partida e a classificação. Alguns torcedores do São José proferiram ofensas machistas contra a repórter Júlia Goulart, da Rádio Galera. O episódio repercutiu nas redes sociais.

"Hoje foi difícil. E eu tenho um recado pra minoria da torcida do São José que tentou me derrubar: vocês não vão conseguir", escreveu a repórter na rede social Twitter. A Rádio Galera costuma transmitir partidas de clubes com menos visibilidade no Rio Grande do Sul, sobretudo na região metropolitana, como o próprio São José. Além disso, busca levar aos ouvintes jogos da dupla Gre-Nal em categorias de transição ou de base.

O episódio das ofensas recebidas por Júlia gerou revolta de seguidores da repórter nas redes sociais, de outras mulheres, torcedoras e torcedores, demais profissionais da imprensa e até chegou à conta oficial do São José, que emitiu nota de repúdio. Na mensagem postada no Facebook, o São José relatou o seguinte recado:

"NOTA DE REPÚDIO

Futebol é coisa para homem? É coisa para macho? Não. Futebol é coisa para humanos, para socializar, divertir e desenvolver amizades.

No final da partida deste sábado, no Estádio Morada dos Quero-Queros, lamentavelmente, pelo menos um torcedor dirigiu ofensas _ que não serão reproduzidas aqui _ à repórter Julia Goulart, da Rádio Galera. Uma atitude machista, mal educada e desrespeitosa à profissional que estava ali cumprindo o seu ofício.

Infelizmente, hoje aconteceu com a Julia, mas diariamente a conquista deste espaço no futebol pelas mulheres é bombardeada pelo pensamento retrógrado que ainda habita arquibancadas, gramados, vestiários e também microfones.

Aconteceu dentro da nossa torcida. E o Esporte Clube São José repudia com veemência tal atitude. E não compartilha do pensamento de pessoas que ainda não compreenderam que lugar de mulher é onde ela quiser. No Zeca é assim. Quem não compartilha disto e veste esta camisa, realmente não entende o que é ser São José.

Lamentamos o ocorrido, nos desculpamos à Julia, em nome da nossa torcida, e repetimos: os portões do Passo d'Areia estão sempre abertos a ti e a todas as mulheres que têm no futebol a sua paixão e o seu ofício.

Machistas, aqui não!

#machistasnãopassarão #Zecaédetodos"

O apoio à Júlia Goulart veio em várias mensagens, de torcedores e torcedoras de diferentes clubes, além dos colegas da imprensa. Apesar dos incentivos em prol da repórter, alguns tentaram minimizar ou mascarar a ação ocorrida, afirmando que seria um exagero ou busca por mídia. Assim como há os que proferem os insultos e as ofensas, há os que naturalizam os gestos lamentáveis. Não é de se espantar.

A VAVEL Brasil, que conta com várias editoras e redatoras, demonstra apoio à repórter. Às torcidas por este vasto país, a espera que ajam cada vez mais conscientes de que a mulher está e estará mais presente nos gramados, sejam atuando como jogadoras, técnicas, árbitras e torcedoras nas arquibancadas.

São merecedoras de respeito e reconhecimento pela coragem de se inserir em uma área tão voltada aos homens desde sua origem. O desejo de que tenham cada vez mais o seu espaço respeitado e que atitudes como a ocorrida em Alvorada sejam rechaçadas e os culpados apontados.