Vice-campeão da Copa do Brasil, da Copa Sul-Americana e campeão do Campeonato Carioca, o Flamengo começou 2017 embalado por um bom fim de 2016 e com contratações de peso, que contaria mais tarde com a chegada de Diego Alves e Éverton Ribeiro na janela de transferências do meio do ano. Com tantos reforços badalados no setor ofensivo, que já contava com jogadores consagrados como Leandro Damião – até julho de 2017 -, Diego e Paolo Guerrero, a possibilidade de o rubro-negro utilizar os garotos da base diminuía cada vez mais.

Porém, como nem sempre o planejamento sai como o desejado, as coisas não caminharam bem para o Flamengo e seus grandes jogadores. Conca quase não atuou, Éverton Ribeiro e Berrío foram bastantes criticados pela torcida, e Guerrero sofreu com lesões e foi suspenso no final do ano por doping, desfalcando o Flamengo na reta final da temporada, inclusive na final da Copa Sul-Americana.

No lado de São Januário, o cenário foi exatamente o oposto. O Vasco começou o ano bem desacreditado, os reforços não demonstravam dar conta e a única contratação badalada da equipe, Luís Fabiano, não correspondeu às expectativas chegando a quase não jogar em 2017 em virtude de múltiplas lesões. Se a mão de obra comprada não foi boa o suficiente, busquemos em casa. E foi assim que pensou o Vasco em 2017, o clube procurou liberar jogadores mais velhos e já conhecidos para apostar nos jogadores criados na base do clube.

“É a estreia do garoto de apenas 16 anos”, esta frase se repetiu três vezes em 2017 tanto no Flamengo quanto no Vasco, com os jovens Vinícius Júnior, Lincoln e Paulinho. Apesar de caminhos totalmente opostos e de possibilidades diferentes, aconteceu que as duas equipes utilizaram bastante a base em 2017, principalmente o Vasco, o clube da Colina utilizou 16 jogadores no Brasileirão, enquanto o Fla usou oito.

DNA cruz-maltino

Conhecido por revelar grandes craques, o Vasco da Gama colheu bons frutos da geração de 1998 a 2000, período de nascimento de ótimos nomes como Paulinho, Mateus Vital e Paulo Vitor. Apesar da perda do maior nome da base cruz-maltina dos últimos cinco anos - o volante Douglas Luiz foi comprado pelo Manchester City por 12 milhões de euros, os jovens dessa safra de bons jogadores da base do Vasco foram responsáveis por ajudar a colocar a equipe na Libertadores pela terceira vez apenas no século XXI (2001, 2012 e 2017), e com ótimos números no Campeonato Brasileiro.

Paulinho foi o maior goleador da equipe, com três gols em 18 partidas. Mateus Vital foi quem mais atuou, em 30 jogos o meia marcou dois gols, sendo o último o gol da vitória contra a Ponte Preta que garantiu ao Vasco a sétima colocação no Brasileirão e a possibilidade de disputar a fase prévia da Taça Libertadores da América.

Os jogadores da base do Vasco marcaram 13 gols no Brasileirão, o equivalente a 32,5% dos gols marcados (40) pelo Vasco na competição. Os jovens atletas foram responsáveis por 8 das 29 assistências da equipe, o que representa 27% do quesito.

Do Flamengo para o mundo

A conquista da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2011 não rendeu tantos frutos ao profissional do Flamengo, mas em compensação o título da edição de 2016 da Copinha rendeu ótimos talentos para a equipe profissional do rubro-negro. Sob o comando de Zé Ricardo, o Flamengo venceu o Corinthians na final nos pênaltis e comemorou mais que o título, o surgimento de ótimos jogadores que em 2017 roubariam a cena em determinados momentos.

Lucas Paquetá e Felipe Vizeu estavam no time campeão da Copinha em 2016 e na temporada de 2017 fizeram ótimas atuações pelo time da Gávea, principalmente na reta final do ano com a ida do clube à final da Sul-Americana. No gol, Thiago e César foram campeões da Copinha e seguraram a barra enquanto o Flamengo sofria com lesões de Diego Alves e a má fase de Alex Muralha.

Neste ano surgiram da geração 2000 do Flamengo nomes já falados como Lincoln e Vinícius Jr. O primeiro que foi artilheiro do Brasil no mundial sub-17 e o segundo, que foi vendido para o Real Madrid por 45 milhões de euros. Apesar das poucas aparições na temporada em virtude da concorrência por posição na equipe, Vinícius Jr. ajudou o Flamengo com três gols e uma assistência no Campeonato Brasileiro.

Felipe Vizeu foi quem mais atuou e mais marcou gols, com 38 jogos e nove gols. Lucas Paquetá foi o segundo em ambos os quesitos, com 37 jogos e sete gols. Paquetá foi o maior garçom com duas assistências.
A base do Flamengo foi responsável por sete gols no Campeonato Brasileiro, o que corresponde a 14% dos gols marcados (49) pela equipe. Já em no quesito assistências, seis vieram de jogadores criados na Gávea, o que é equivalente a 28% do total de assistências (33).

Em 2018, novos jogadores surgirão e outros se firmarão de vez, a tendência é que as duas equipes recorram mais às promessas que já são realidade, muito por conta de um calendário recheado com muitas datas e em menor período de tempo, por conta da Copa do Mundo.