O Campeonato Goiano está chegando na metade, mas pode estar acabando antes para um clube. Com inúmeras dívidas, greve de jogadores e demissões frequentes, o Esporte Clube Rio Verde, da cidade de Rio Verde, pode acabar abandonando o estadual. A crise interna está afetando o time dentro de campo, que está na lanterna da competição com apenas quatro pontos.

Nesse domingo (11), foi confirmado a demissão do treinador Júnior Pezão, que comandou o Verdão do Sudoeste em apenas uma partida, e do diretor de futebol Reino Alves, que decepcionado com a situação do clube, pediu para sair. No último sábado (10), o Rio Verde perdeu para o Anápolis em casa por 2 a 0.

Crise desde o ano de 2017

A crise no Rio Verde existia desde o ano passado. No Goianão de 2017, o clube correu sério risco de rebaixamento para a Divisão de Acesso e só escapou na penúltima rodada ao vencer o Goianésia fora de casa. Naquele ano, o Verdão passou pelo mesmo problema de atrasos salariais, fazendo com que vários jogadores deixassem o clube antes do fim do campeonato.

No final das contas, o Rio Verde teve de fazer uma partida beneficente contra um time amador da cidade no estádio Mozart Veloso do Carmo, com um preço do ingresso de R$ 20,00. O objetivo era fazer com que a população da cidade contribuísse com o clube para poderem se livrar dos atrasos salariais para os jogadores.

Rio Verde realizou jogo beneficente para pagar salários atrasados (Foto: Divulgação/E.C Rio Verde)

Problemas continuaram no planejamento para 2018

O Rio Verde foi atrás de um planejamento diferenciado. Enquanto muitos clubes procuravam nomes conhecidos no futebol goiano, o diretor de futebol Reino Alves foi atrás de nomes experientes e famosos como o do meia Jean (ex-Flamengo) e também de apostas de clubes menores.

O clube também trouxe um nome diferente para o cargo de treinador: Jorge Luiz, ex-auxiliar técnico do Vasco da Gama, que traria uma filosofia de jogo diferente para a equipe no Campeonato Goiano. Parecia que tudo estava caminhando bem, mas o diretor Reino Alves não escondia as dificuldades de apoio financeiro que o clube vivia.

Jorge Luiz comandando treinamento pela equipe do Rio Verde. (Foto: Divulgação/ E.C Rio Verde)

Mesmo com a cidade de Rio Verde sendo um polo empresarial no estado de Goiás, poucas se interessavam em dar o apoio financeiro ao clube, assim como a prefeitura da cidade. Até que uma empresa de gerência de esportes se disponibilizou para ajudar a equipe financeiramente, sendo a principal responsável por pagar os salários dos jogadores e do técnico Jorge Luiz.

Confusão com o treinador conturba o Rio Verde

O Rio Verde estrou no Campeonato Goiano com uma vitória fora de casa contra o Anápolis, e depois, conquistou um empate em casa contra a Aparecidense. Naquele momento, com quatro pontos, o Verdão estava na liderança do estadual, na frente de Goiás e Vila Nova.

Mas antes da terceira rodada, uma notícia inesperada veio á tona: o treinador Jorge Luiz foi demitido pela empresa que pagava os salários dos jogadores, por problemas internos. Aquilo causou um desconforto para a diretoria do Rio Verde, que buscou a empresa para readmitir o treinador novamente.

Jorge Luiz foi demitido do Rio Verde por problemas internos com empresa. (Foto: Divulgação/E.C Rio Verde)

No mesmo dia da demissão, Jorge Luiz foi recolocado no cargo de treinador novamente e comandou o time na sequência de jogos, porém, os problemas internos do Rio Verde refletiram em campo e a equipe perdeu três partidas seguidas, culminando em uma nova demissão de Jorge Luiz, dessa vez, por maus resultados.

Derrotas humilhantes e novas demissões

Após a demissão de Jorge Luiz, o Rio Verde enfrentou a Aparecidense com o auxiliar técnico no comando, mas logo se via que o problema não estava no comando técnico. O Verdão foi derrotado pela Aparecidense por 5 a 0 e deixou a diretoria preocupada com o time.

Para tentar resolver o problema, o clube trouxe Júnior Pezão, técnico conhecido no futebol goiano e com muitos acessos no estadual disputando a Divisão de Acesso, mas a passagem não foi duradoura. Em apenas um jogo, com o time perdendo para o Anápolis, lanterna do Campeonato Goiano, em pleno Mozart Veloso do Carmo, Pezão comunicou seu pedido de demissão.

Em entrevista á Rádio 730, ele explicou o motivo: “Pedi demissão por questões internas do clube que são decorrentes desde o ano passado. Me falaram uma coisa, eu cheguei lá era outra e isso deixa inviável. Eu construí meu nome no futebol goiano com trabalho, honestidade e pra mim ficou insustentável quando eu fiquei sabendo de tudo o que estava acontecendo. Se fosse só a questão das derrotas, tinha uma probabilidade muito grande de eu ficar, mas a coisa é mais séria do que eu imaginava e por isso achei por bem sair”, disse Pezão.

Júnior Pezão comandou o Rio Verde em apenas uma partida pelo Campeonato Goiano. (Foto: Reprodução)

Logo após o anúncio da saída de Pezão, o diretor de futebol Reino Alves também jogou a toalha e deixou o seu cargo no clube. Em entrevista á mesma rádio, ele desabafou, e falou do drama financeiro em que o clube está vivendo, com atrasos de salários, no pagamento do hotel dos jogadores e até da comida do restaurante.

"Conversando com o Pezão neste domingo (11) ele me pediu desculpas e o desligamento do clube porque viu a bagunça que está o Rio Verde. Restaurante sem pagar, não tem comida para os jogadores, hotel bagunçado, o dono do hotel querendo colocar os jogadores para fora, salários atrasados, jogadores de greve sem querer treinar e por conta disso eu resolvi me afastar e não sou mais o diretor de futebol do Rio Verde”, afirmou Reino.

Reino Alves comentou sobre a possibilidade do Rio Verde terminar o Campeonato Goiano, e ele admitiu que a possibilidade disso acontecer é bem complicada: “Para falar a verdade, eu acho muito difícil. Vai precisar de uma força de vontade muito grande da presidência (Wolney Marques) e de quem está ficando, mas é uma missão difícil terminar a competição hoje”, completou.

Os próximos capítulos

O Rio Verde volta á campo pela 8ª rodada do Campeonato Goiano na próxima quarta-feira (14), ás 20h30, contra o Itumbiara, outro clube goiano que também passa por problemas financeiros. A partida será no estádio Juscelino Kubitschek e o Verdão deve ir á campo com o auxiliar técnico.

O presidente do clube, Wolney Marques, ainda não se pronunciou sobre as demissões de Júnior Pezão e Reino Alves e também sobre o futuro do Rio Verde na temporada.