Com uma história rica de histórias, grandes times e títulos, o Atlético-MG iniciará nesta semana mais uma oportunidade de chegar ao segundo título em um campeonato nacional. O Galo enfrentará o Grêmio nos dias 23 e 30 de novembro, valendo pela final da Copa do Brasil

Além dos 43 títulos do Campeonato Mineiro, configurando-o como um dos times do Brasil que mais detém conquistas estaduais, o Atlético possui um bicampeonato da Copa Conmebol em 1992 e 1997. Porém, em nível nacional, o Galo ainda não chegou ao segundo taça, fato que é um prato cheio para provocação dos rivais. 

Até 2014, ano da primeira conquista da Copa do Brasil, o Galo só havia chegado até as semifinais. Quando se trata de Campeonato Brasileiro, a história mostra que o Atlético teve cinco chances reais de conquistar o bicampeonato do Brasileirão. Contudo o alvinegro saiu derrotado de campo não por incompetência técnica, mas por não ter feito um gol ou perder pontos importantes pelo caminho.

Brasileirão 1977: Invicto, Galo perde nos pênaltis para o São Paulo

Em tempos que a história exaltava o Internacional de Falcão, o Cruzeiro de Raul e a máquina do Fluminense de Rivellino, um elenco de jovens com média de idade abaixo dos 24 anos encantou o futebol brasileiro. O Atlético-MG só não fez chover no Campeonato Brasileiro de 1977. Com jogadores de qualidade, um time arrumado, e um gênio chamado Reinaldo, que já carregava a alcunha de Rei, o Galo era franco favorito ao título do Brasileirão.

Até a decisão contra o São Paulo, o Atlético havia ganhado 17 das 20 partidas que disputou. Tinha o melhor ataque, com 55 gols, e a melhor defesa, que levou apenas 16. Dez pontos separavam o Galo do tricolor paulista. Como bonificação, o alvinegro ganhou o direito de decidir o Brasileirão no Mineirão, mas em jogo único.

Com uita luta e tensão, o Brasileirão de 1977 foi decidido nos pênaltis (Foto: Arquivo/Sâo Paulo FC)

No dia 5 de março de 1978 (o campeonato foi decidido no ano seguinte), Atlético-MG e São Paulo entraram em campo sem Reinaldo e Serginho, suspensos. Ambos eram os artilheiros do campeonato, com 28 e 18 gols, respectivamente. O público, que ultrapassou a marca de 100 mil pessoas, assistiu a uma partida nervosa e truncada. 

O Atlético quis jogo. O São Paulo quis parar o Galo e conseguiu. Após 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, a decisão foi para os pênaltis. O goleiro atleticano João Leite pegou os dois primeiros tiros de Getúlio e Chicão do time paulista. O Galo havia acertado duas das três batidas da marca penal com Ziza e Alves. Na quarta batida, Joãozinho Paulista perdeu. Antenor e Bezerra converteram e viraram para os visitantes. A chance do alvinegro estava nos pés de Márcio, mas ele também desperdiçou a cobrança e a equipe mineira viu a primeira chance do bicampeonato escapar. 

Brasileirão 1980: O empate era o do Galo, mas o Flamengo venceu

Em campo, eram os dois melhores times do Brasileirão de 1980. Qualquer um poderia vencer que o título estaria em ótimas mãos. Após um campeonato com grandes equipes, Atlético-MG e Flamengo chegaram à decisão deixando os adversários para trás. Na semifinal, o Galo eliminou o Internacional. Já o rubro-negro passou pelo Coritiba. A grande final seria decidida em dois jogos. 

No primeiro jogo, no dia 28 de maio de 1980, o Atlético-MG foi superior ao Flamengo durante todo o tempo. O rubro-negro, sem Zico, lesionado, parecia fora de sintonia. O resultado consagrou o Galo como vencedor por 1 a 0, gol de Reinaldo. O alvinegro teve outras chances para ampliar, mas faltou sorte. O placar dava aos atleticanos a vantagem do empate na grande final que aconteceria no Maracanã.

Reinaldo bem que tentou, mas o Flamengo de Zico faturou o título (Foto: Site Imortais do Futebol)

No dia 1 de junho de 1980, quase 155 mil pessoas foram ao Maracanã e viram um grande jogo. O Flamengo terminou o primeiro tempo vencedor por 2 a 1, mas a partida estava em aberto. Na etapa final, Reinaldo, sem condições físicas, empatou o jogo e estava dando a taça ao Galo. Minutos depois, o camisa atleticano foi expulso por ter feito cera, sendo que nem cartão amarelo havia recebido. Nunes fez o gol do título flamenguista. Final: 3 a 2. O Atlético ainda teve Chicão e Palhinha expulsos. Os atleticanos alegam arbitragem tendenciosa de José de Assis Aragão, mas, com a bola rolando, deu rubro-negro e a segunda chance do bicampeonato atleticano ficou no Rio de Janeiro.

Brasileirão 1999: Mesmo desacreditado, Galo chegou à final, mas parou no Corinthians

O panorama do Campeonato Brasileiro de 1999 apontava o favoritismo total do Corinthians. O Atlético-MG não passava de um azarão. Bem ou mal, ambos cumpriram seu papel à risca até realizar uma das decisões mais emocionantes da época. O Timão terminou a fase de classificação em primeiro lugar. O Galo só se classificou na última rodada e dependendo de resultados negativos dos adversários. 

O Corinthians eliminou Guarani e São Paulo até chegar à decisão. O Atlético deixou para trás Cruzeiro e Vitória. O Galo tinha um ataque em ponto de bala. O Timão era superior em todas as posições. Na primeira partida, o centroavante atleticano Guilherme fez os três gols alvinegros, porém os corintianos fizeram dois com Vampeta e Luizão. Aos atleticanos, uma vitória simples daria o bicampeonato depois de 28 anos.

Belletti tenta, Márcio Costa se defende. Galo não consegue vencer o Corinthians (Foto: Pasión Futbol)

Para segunda partida, o Atlético perdeu Marques, lesionado. Sem ele, o Galo jogava apenas com uma perna só. O Corinthians se aproveitou bem e fez 2 a 0, gols de Luizão. Para o último e decisivo jogo, a vantagem se inverteu, e o Timão passou a ter o direito do empate.

No dia 22 de dezembro de 1999, o time alvinegro foi corajoso. O Corinthians se apresentou altamente cauteloso e jogou com o regulamento em baixo do braço. Nesta partida, chances não faltaram ao Galo, mas o alvinegro parou nas luvas salvadoras de Dida. Após o apito final de Carlos Eugênio Simon, os atleticanos deixaram escapar o bicampeonato novamente por causa de um gol.

Brasileirão 2012 e 2015: Galo perde para Fluminense e Corinthians e é novamente vice

Diferente do que aconteceu nas outras três oportunidades, o regulamento do campeonato não foi modificado. A regra era vencer mais jogos para ser campeão. Em 2012, o Atlético-MG possuía um excelente time e era comandado por Ronaldinho Gaúcho. Porém, o concorrente era o Fluminense, que tinha o atacante Fred em ponto de bala. 

Ronaldinho regia o Galo dentro de campo, mas o título ficou com o Fluminense (Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG)

O Atlético começou o campeonato voando e concorrendo ao título com grandes chances. Porém, caiu de produção no segundo turno do Brasileirão, pois os adversários descobriram o modo atleticano de jogar. Quem se aproveitou dos tropeços alvinegros foi o Fluminense. Com um time homogêneo e cheio de variações táticas, além de um bom banco de reservas, o tricolor arrancou para a conquista de seu quarto Campeonato Brasileiro, e deixou o alvinegro para trás com seis pontos de diferença. 

Em 2015, o filme foi repetido, mas dessa vez com outro concorrente: o Corinthians. O Atlético-MG começou o Campeonato Brasileiro encantando a todos. Contudo, o outro lado havia o Timão comandado por Tite e com um elenco mais qualificado que o Galo. 

Em 2015, o Galo chegou perto, mas foi o Corinthians quem ficou com a taça (Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Como em 2012, os atleticanos caíram de produção e oscilaram bastante, perderam pontos preciosos, e abriram passagem para o Timão, que estava melhor a cada rodada. O resultado final deu aos paulistas o título nacional e com impiedosos 12 pontos de diferença. 

Histórias não faltam para contar. Dizer que o Atlético-MG teve poucas chances de ser bicampeonato nacional é uma mentira só. Os mais fanáticos podem alegar forças externas, como intervenção da arbitragem, por exemplo. Contudo, nesta final de Copa do Brasil que se aproxima, Galo e Grêmio entram em condições rigorosamente iguais. O que nos resta é torcer para que o melhor seja o campeão.

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