Todo bom torcedor de futebol não perde a chance de cutucar o rival relembrando alguma partida importante. Com os clássicos entre Atlético-MG e Cruzeiro, esta máxima não é diferente. Afinal de contas, esta rivalidade está bem próximo de seu centenário. 

Para contar um pouco desta história, convidamos o blogueiro do portal Camisa Doze (escreve-se Cam1sa Do2e) e jornalista Fael Lima. O atleticano também é representante do Atlético-MG na bancada democrática do programa Alterosa Esporte, tradicional no horário do almoço dos mineiros. Fael não poupou tempo e nem detalhou apenas partidas in loco. Ou seja, ele decidiu revisitar a história. 

Conta pra nós, Fael!

Atlético-MG 9 x 2 Palestra Itália - Campeonato Mineiro 1927

Para abrir a caixa de histórias dos clássicos entre Atlético-MG e Cruzeiro, não poderia deixar de citar a maior goleada do confronto que é Galo 9 x 2 Palestra Itália (na época, este era o nome do Cruzeiro). Os atacantes Said, Mário de Castro e Jairo, o "Trio Maldito", como eram conhecidos na época anotaram oito dos nove gols atleticanos na ocasião. Infelizmente, não estava lá, mas este confronto está presente na história. 

Foto: Divulgação/Atlético-MG

Entre alguns fatos que ocorreram na época, e eu que gosto de pesquisar muito, principalmente na Hemeroteca do Estado de Minas Gerais, descobri que ainda em 1927, ano da goleada, o Cruzeiro tinha mais um compromisso diante do Atlético, e sequer pisou no campo. Outro fato a ser lembrado é que a diretoria do então Palestra Itália mandou um telegrama aos atleticanos parabenizando pelo resultado.

Cruzeiro 2 x 3 Atlético-MG - Campeonato Brasileiro 1999

A campanha do Atlético era bastante irregular, tanto que antes da última rodada da fase de classificação, o Galo demitiu o técnico Dario Pereyra, e efetivou Humberto Ramos apenas para fechar a competição. O Galo Doido classificou e encarou o Cruzeiro logo nas quartas de final. O primeiro jogo foi 4 a 2 para o alvinegro, e depois os cruzeirenses disseram que aquilo foi um acidente e que na segunda partida teria revanche. 

Foto: Galo Digital

No segunda partida, o Cruzeiro fez 1 a 0, Galo empatou, Eles fizeram 2 a 1 e empatamos novamente, 2 a 2. Jogão! E na reta final da partida, Guilherme fez um gol de peito e colocou a bola na rede do goleiro André, viramos a partida. Depois do jogo, demos a resposta, eles foram vaidosos demais. E isso foi um fato que sempre nos beneficiou. A vaidade do lado de lá.

Cruzeiro 3 x 4 Atlético-MG - Campeonato Brasileiro 2010

O Cruzeiro estava brigando pelo título brasileiro de 2010 e jogaria contra nós com torcida única em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O Galo teve uma temporada de investimentos, contratou Luxemburgo e nada deu certo. Todos fatores giravam em torno deles e isso gerou a vaidade, salto alto por partes deles. Prato cheio pra nós! 

Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG

E o que aconteceu, o Cruzeiro contando vitória e o Obina fez três gols no primeiro tempo. Aí a vaidade falou mais alto, eles perderam um pênalti tentando fazer a 'cavadinha'. No segundo tempo, o zagueiro Réver fez o quarto do Galo, (o Cruzeiro tinha feito 1 x 3 com Gilberto). Na reta, o Atlético deu uma recuada, e acabou o jogo ficando 4 a 3. Uma pena que não teve nem 10% da torcida do Galo, porque só se ouviu o chororô da torcida deles. Um detalhe que chamou a atenção: quem deu a palestra motivacional aos jogadores atleticano foi um capitão do Bope. Depois disso, o Obina virou o Tropa de Elite do Galão da Massa. 

Atlético-MG 4 x 0 Cruzeiro - Campeonato Mineiro 2007

Lá se vão dez anos que o Galo chegou a final do Campeonato Mineiro de 2007. Depois que um ano de 2006, que ficou o pior da história do clube, o time em 2007 era até modesto, mas que tinha muita vontade dentro das quatro linhas. Durante o jogo, o Galo massacrou o Cruzeiro, com inúmeras chances perdidas, o tempo todo o Atlético finalizava e não conseguiu marcar o gol no primeiro tempo.

No segundo tempo, com menos de um minuto, o Éder Luis abriu o placar para o Galo. Foi uma loucura, a vibração da massa, porque só finalizávamos a gol e a bola teimava em não entrar. Depois de muita pressão do Atlético, veio o gol que muita gente lembra, mas pouco é comentado que foi o 'banho de cuia' que o Danilinho deu no Fábio. O atacante do Galo deu um chapéu que fez o goleiro deles se chocar com a trave e fez 2 a 0. A torcida estava infernal e o Marcinho fez o terceiro gol de pênalti. 

Foto: Reprodução

E aí veio o lance mais genial da partida que foi o gol do Vanderlei. E ninguém entendia, porque depois do gol do Marcinho, a torcida gritava 'É campeão', e aí veio aquela vibração de novo, e o que se viu foi o Fábio com duas bolas na mão. O placar apontando 4 a 0 e tinha gente achando que o placar tinha quebrado. Eu não culpo o goleiro do Cruzeiro, ele estava de costas, não viu o lance, eu também não vi, e ninguém saberia do acontecido se não fosse a televisão. O fato é que o Vanderlei aproveitou a desatenção da zaga celeste, roubou a bola e bateu para o gol e marcou o gol histórico. Isso rodou o mundo é o motivo de piada: o Fábio de Costas.

Cruzeiro 0 x 1 Atlético-MG - Copa do Brasil 2014

Chegar a final da Copa do Brasil não foi fácil. Tivemos que virar o placar contra Corinthians e Flamengo, e o nosso rival na decisão era o Cruzeiro. Já ganhamos títulos estaduais e internacionais, como a Copa Centenário ganhando deles. Faltava um caneco nacional e a veio a chance que esperávamos. 

Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG

Vou falar uma coisa: tirou o brilho da conquista, porque ganhar deles foi fácil demais. Vencemos o primeiro jogo por 2 a 0, no Independência, e faríamos a decisão no Mineirão. Éramos apenas 1.813 atleticanos calando quase 35 mil cruzeirenses que sequer ocuparam o espaço deles na totalidade. Cantamos e comemoramos o gol do título marcado por Diego Tardelli, e popularizou a música: "Eu sei que você treme".