Após Marcelo Oliveira deixar terra arrasada no Atlético-MG, Roger Machado vai reconstruindo uma equipe que terminou a última temporada totalmente desorganizada. Nesse domingo (7), o gaúcho, de 42 anos, conquistou seu primeiro título desde que virou treinador, em 2014. O Galo venceu o Cruzeiro por 2 a 1, no Independência, e copou o Campeonato Mineiro 2017.
Mas, além do título, Roger tem outro motivo para comemorar. É que, nos dois confrontos – ida de volta – contra a Raposa pela decisão do Mineiro, o técnico atleticano levou a melhor sobre Mano Menezes, comandante da equipe celeste.
Na partida de ida, disputada no dia 30 de abril, Roger armou sua equipe em um 4-2-3-1, que passava a um 4-4-2 quando os jogadores não tinham a posse de bola. Com a vantagem de jogar por dois empates ou dois resultados iguais (por exemplo, uma vitória e uma derrota por 1 a 0), o treinador esperou as investidas da Raposa para sair em contra-ataque.
Os contragolpes não funcionaram, sobretudo no primeiro tempo. Mas o time atleticano conseguiu evitar que o Cruzeiro ameaçasse o gol de Victor. Na segunda etapa, uma alteração deu mais consistência ao Atlético: Roger sacou Maicosuel, esgotado, e pôs em campo o volante Adilson. A entrada do jogador deu mais densidade no meio-campo, minando as chances de gols do adversário.
Já na partida desse domingo (7), no Independência, Roger mudou o esquema de jogo e algumas peças no time. Adilson e Otero, que foram titulares no mistão que goleou o Sport Boys, na Bolívia, na última quarta-feira (3), entraram nas vagas de Maicosuel e Marlone – titulares no confronto de ida. Assim, a equipe saiu do 4-2-3-1 para se posicionar num 4-4-2. Elias fechava pela direita, Adilson e Rafael Carioca apareciam como “interiores”, e Otero puxava pela esquerda; no ataque, Fred e Robinho movimentavam constantemente para confundir a defesa adversária.
Mano Menezes, por sua vez, continuou usando o 4-2-3-1: Henrique e Hudson na “volância”; Thiago Neves, Arrascaeta e Rafinha na linha de três no meio-campo, buscando sempre a troca de posições para construir espaços e desorientar o oponente; e Rafael Sóbis como um camisa 9 móvel, que voltava para construir jogadas no meio-campo.
"A gente conseguiu ter um equilíbrio importante defensivo, sem perder agressividade. Jogamos com a vantagem, não pela vantagem" - Roger Machado
O Atlético controlou o primeiro tempo. Não à toa, o Cruzeiro finalizou apenas três vezes, sendo que nem um chute acertou a meta de Victor. Vale ressaltar também o alto número de desarmes no primeiro tempo: oito do Galo contra dois da Raposa. O primeiro gol, inclusive, saiu em uma bola roubada de Leonardo Silva no meio-campo; na sequência do lance, Robinho guardou.
Mano viu a necessidade de tornar sua equipe mais ofensiva no segundo tempo. Por isso, Ábila entrou em campo no lugar do volante Hudson. O argentino marcou um golaço, e o Cruzeiro começou a pressionar o Galo, que se mostrou perdido pela primeira vez na partida. Porém, uma alteração de Roger aos 22 minutos, foi fatal para o resultado final do clássico.
Cazares substituiu o cansado Robinho – que, verdade seja dita, teve uma bela atuação –, e, em seu segundo lance, forneceu a assistência para o gol de Elias, o gol do título. Mano Menezes ainda tentou ao menos evitar a derrota, trocando Sóbis por Alisson, e Arrascaeta por Raniel; mas de nada adiantou, e Roger levou a melhor no confronto de técnicos.
Melhores em campo
Marcos Rocha, Adilson (ainda que tenha sido expulso antes de terminar o clássico), Elias e Robinho se destacaram pelo lado atleticano. Henrique, volante do Cruzeiro, foi o acima da média no lado azul celeste.
Ressalvas
Em entrevista coletiva após o revés, Mano Menezes frisou a ausência de jogadores importantes na reta final do Mineiro. O lateral-direito Ezequiel, o zagueiro Manoel, o volante Ariel Cabral e o meia Robinho desfalcaram a equipe cruzeirense. “Você tem que reconstruir uma equipe na reta final e alguns jogadores são muito importantes no nosso controle e proposta de criação, como Ariel e Robinho. Ninguém perde dois jogadores assim e a equipe não sente”, lamentou Mano.
O técnico, nesse caso, tem razão. Principalmente se tratando de Ezequiel, Ariel Cabral e Robinho. Mayke ainda não conseguiu recuperar a boa fase de 2014 e, portanto, se mostrou aquém das atuações de Ezequiel. Embora Hudson tenha realizado boas partidas desde a contusão de Ariel Cabral, o volante argentino tem mais qualidade para auxiliar a saída de bola. Por fim, Robinho, um dos jogadores mais importantes do Cruzeiro no ano passado, poderia ser mais uma opção ofensiva capaz de mudar a característica da equipe, seja em profundidade, passes ou arremates.
Números
Fonte: Footstats
Fundamento | Atlético-MG | Cruzeiro |
Posse de Bola | 43,00% | 57,00% |
Desarmes | 15 | 10 |
Finalizações | 11 | 12 |
Finalizações certas | 4 | 3 |
Finalizações erradas | 7 | 9 |
Faltas cometidas | 22 | 15 |
Passes | 252 | 397 |
% Passes certos | 80,56% | 92,70% |
Cruzamentos | 12 | 26 |
% Cruzamentos certos | 16,67% | 19,23% |
Lançamentos | 44 | 38 |
% Lançamentos certos | 45,45% | 28,95% |
Escanteios | 4 | 4 |
Impedimentos | 1 | 3 |
Assistências | 2 | 1 |
Assistências para finalizações | 7 | 10 |
Perdas de posse | 28 | 35 |