Desde os tempos de São Paulo, clube que atuou de 2005 a 2010, Richarlyson convive com uma enxurrada de insultos homofóbicos. O jogador, de 34 anos, nunca assumiu ser homossexual, mas isso nunca evitou ofensas disparadas por torcedores – inclusive de times que ele já defendeu.

Em entrevista ao programa "Super Faixa do Esporte", da RedeTV!, que foi ao ar no último sábado (24), o meio-campista se posicionou sobre o assunto e criticou as pessoas que acreditam ser errado um atleta gay jogar por seu time.

"Eu não me magoo, eu tenho dó dessas pessoas", disse. "Vamos partir do princípio que a situação seja sobre o homossexualismo. Quer dizer que no futebol não pode haver o homossexual? E por causa disso ele deixa de ser um grande profissional? A questão não é essa a ser abordada", observou.

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"O que me deixa intrigado sobre essa questão de manifestações homofóbicas dentro do futebol é que quer dizer que se o cara for gay, ele não pode jogar? Por que não pode jogar? É isso que eu não consigo entender. Fico sem saber o porquê. Tento explicar, mas ao mesmo tempo eu nem sei porque estou explicando algo que é inexplicável", acrescentou.

Embora tenha sido tricampeão brasileiro (2006, 2007 e 2008) e campeão do Mundial de Clubes da Fifa (2005) vestindo as cores do São Paulo, Richarlyson nunca foi bem-visto pela torcida tricolor. Não à toa, o nome do jogador era o único que os torcedores não gritavam antes dos jogos.

Richarlyson comemora título da Libertadores, em 2013, pelo Atlético-MG (Foto: Douglas Magno/AFP)
Richarlyson comemora título da Libertadores, em 2013, pelo Atlético-MG (Foto: Douglas Magno/AFP)

A situação, no entanto, não se repetiu no Atlético-MG, de acordo com Richarlyson. "O único clube que não passei por nenhuma situação desta foi no Atlético-MG", afirmou o ex-atleticano, que atuou pelo clube de 2011 a 2014 e conquistou três títulos, entre eles a Copa Libertadores da América, em 2013.

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Por fim, Richarlyson comentou o último caso recentemente de possível homofobia que esteve envolvido. Ao ser apresentado no Guarani, de Campinas, em maio, dois homens lançaram bombas próximas ao Estádio Brinco de Ouro da Princesa. Segundo o jogador, a imprensa aumentou o caso sem saber exatamente se tratava de afrontas homofóbicas.

"Ninguém soube se foi por causa disso. Plantaram essa situação e todo mundo copiou essa manchete como se fosse algo verdadeiro. Pode até ter sido, eu não estou falando que pode não ter sido, mas ninguém sabe se era isso. Às vezes foi uma manifestação porque não queria que me contratasse e acabou", concluiu.