A grande polêmica da 24ª rodada do Campeonato Brasileiro teve como cenário o Itaquerão. O gol da vitória por 1 a 0 do Corinthians sobre o Vasco da Gama foi marcado pelo atacante , que usou o braço para empurrar a bola para as redes. Após o jogo, no gramado e na saída dos vestiários, Jô não assumiu ter feito o gol de maneira irregular.

A polêmica ganhou grandes proporções pois o atacante esteve envolvido em um lance em que, em um clássico contra o São Paulo, foi injustamente advertido com um cartão amarelo, prontamente cancelado pelo árbitro após relato do zagueiro tricolor Rodrigo Caio, testemunhando a falta de culpa de Jô no lance. O jogador do Corinthians concedeu diversas entrevistas louvando a atitude do zagueiro rival e afirmando que faria o mesmo, caso tivesse a oportunidade.

A repercussão do tema não se ateve à mídia esportiva, sendo também assunto nas entrevistas coletivas dos clubes. O goleiro atleticano, Victor, ex-companheiro de Jô no próprio Galo, quando, inclusive, foram campeões da Copa Libertadores em 2013, falou sobre a atitude do jogador.

“Esse tipo de pergunta, a gente vai remeter não só ao esporte. Remete um pouco do que é a nossa cultura hoje em dia. Quando se cobra fair play no futebol, remete muito à questão política que a gente atravessa. Um país onde a corrupção não é vista como escândalo, é vista como normal. A honestidade, para mim, é vista como qualidade, mas ela tinha que ser uma obrigação de cada um. Em uma sociedade onde vivemos uma inversão total de valores, é difícil falar especificamente do futebol. Já aconteceu casos de eu fazer uma defesa e o juiz dar tiro de meta, mas eu acusar o desvio. É difícil cobrar. Sempre vão ter duas correntes, uma responsabilizando a arbitragem e outra falando que os jogadores têm que se acusar. É difícil opinar a respeito. Mesmo que os jogadores não se acusem, são cinco árbitros em volta do campo. Tem o árbitro da linha de fundo para esse tipo de situação. Há uma equipe de arbitragem para assumir a responsabilidade em um lance como esse. Não condeno o Jô. É um lance que a arbitragem tem que ser um pouco mais atenta, menos omissa e corajosa para anular”, analisou Victor.

A situação também causou uma movimentação na Confederação Brasileira de Futebol, que anunciou a utilização de recursos de vídeo para auxiliar a arbitragem a partir da próxima rodada do Brasileirão. Victor vê a decisão com bons olhos e acredita na modernização do esporte.

“Eu acho que já passou da hora de o futebol se modernizar. Todos os esportes que têm influência na arbitragem, vôlei, tênis e basquete, são esportes que usam da tecnologia. Passou da hora não só no Brasil, mas em outros lugares, de terem o árbitro eletrônico. É válido, porque o futebol competitivo, da forma que está, é difícil que você admita que jogos sejam decididos por erro de arbitragem. Muitos vão questionar o tradicionalismo, mas tudo tem que ir se atualizando e evoluindo”, comentou o goleiro.

O Atlético faz seu primeiro jogo com recursos de vídeo contra o Vitória, no próximo domingo (24), no Independência, às 19h.