O ano do Atlético Paranaense terminou com o objetivo principal concluído: a vaga na Libertadores da América de 2017. Para conquistar esse lugar na competição mais importante do calendário, a equipe teve uma ajuda muito importante de um velho conhecido do clube. Pablo Felipe Teixeira, ou apenas Pablo, voltou ao Furacão após passagens pelo Japão e até Real Madrid e foi essencial.

Com 48 jogos e 12 gols marcados pelo Atlético-PR em 2016, o jogador de 24 anos não tem do que reclamar nesse ano. Em entrevista exclusiva para a VAVEL Brasil, Pablo celebra a boa temporada, a vaga na Libertadores e elogia o trabalho de Paulo Autuori, além de defender a polêmica grama sintética. O atacante ainda falou sobre a passagem pelo Japão, a experiência no Real Madrid e a tragédia com a Chapecoense.

VAVEL: Você foi treinado por Paulo Autuori enquanto jogava no Cerezo Ozaka, em 2015. Como você definir a importância dele no seu desenvolvimento como atleta?

Pablo: Tive a oportunidade de trabalhar com ele no Japão e é um cara fantástico, que tem minha admiração, meu respeito por tudo que já conquistou no futebol, dispensa comentários. É um cara de uma índole fantástica, super ético, correto, que me ensina muito a cada dia. Sou feliz por ter a chance de trabalhar com ele e espero evoluir ao seu lado cada vez mais.

VAVEL: Sobre sua experiência no Japão, você se destacou por lá e voltou ao Brasil. Por aqui, o contato com o esporte de lá não é muito grande. Como você avalia sua passagem pelo futebol japonês e como é jogar em um local com cultura tão diferente? A adaptação foi difícil?

Pablo: Vejo como excelente minha atuação no Japão. É incrível em termos de clube, virei ídolo lá, conquistei a torcida com o meu futebol e sou muito grato ao Cerezo Osaka por tudo que me proporcionou. A adaptação foi muito fácil, minha esposa e meus pais foram junto comigo, então isso ajudou muito nesse processo. Tê-los por perto foi fundamental e fomos muito felizes no Japão, temos um carinho enorme por lá. A temporada foi fantástica para mim.

(Foto: Divulgação/Cerezo Osaka)
(Foto: Divulgação/Cerezo Osaka)

VAVEL: O Autuori é um técnico renomado, tendo conquistado Brasileirão, Libertadores, Mundial. Mas, antes de chegar no Atlético Paranaense, existia certo receio por parte da torcida, que temia um profissional desatualizado. Como o elenco tratou da chegada dele?

Pablo: Acredito que todos viram o contrário. É um cara muito atualizado, que busca essa inovação no futebol, que gosta de ter um time para frente, com posse de bola, tomando conta do jogo. Gosta de fazer variações táticas. Acho que deu para perceber isso durante a temporada. Fizemos um ano excepcional em casa, fora não tivemos tanta sorte, porém todos viram a capacidade que o Paulo (Autuori) tem, que é um técnico super moderno, está super feliz com o clube, com o que viu em termos de estrutura (CT, Arena e torcida). Tenho certeza que ficará muito tempo no Atlético.

VAVEL: Sua história com o Atlético-PR vem desde a base e você optou por voltar ao clube depois de jogar fora do país. Qual é a sua relação com o time? Sempre foi um sonho atuar no Furacão?

Pablo: Foi um clube que me proporcionou muita coisa, me levou à equipe principal muito cedo, quando tinha 17 anos. Estava no banco de reservas no jogo do Campeonato Brasileiro de 2010 contra o Corinthians e me recordo até hoje, tinham jogadores como Ronaldo e Roberto Carlos jogando. É o clube em que sou muito feliz e muito grato. Tive essas passagens fora do país para amadurecer e ganhar experiência. Quando voltasse, precisava ser no momento certo e com as pessoas certas trabalhando para que eu pudesse fazer meu melhor. Graças a Deus 2016 foi um ano incrível na minha carreira.

VAVEL: O Atlético sempre foi muito forte dentro de casa e nessa temporada a soberania foi ainda maior. Torcida, estrutura, grama sintética… Qual foi o principal fator desse aproveitamento considerável na Arena da Baixada?

Pablo: Sem dúvida a torcida foi o fator principal. Conversamos entre nós que dentro de casa tínhamos que mostrar nossa força e acabamos cumprindo isso. Todos falaram da grama, mas acho que isso não vem ao caso porque, na verdade, ela em vez de atrapalhar acaba dando mais dinâmica e velocidade ao jogo, deixa a partida fluir mais.

VAVEL: E falando sobre a grama sintética, houve muita reclamação por parte dos outros clubes sobre seu uso na Arena da Baixada. Dificuldade na condução, terreno escorregadinha, correria. Qual a sua opinião sobre essa reclamação por parte dos rivais?

Pablo: Acho que alguns clubes que reclamaram deveriam utilizar essa grama, porque ela, sem dúvida, é fantástica para o futebol ser jogado da melhor maneira possível. É um gramado muito bom, é fácil jogar nele. Não tem essa de a grama é ruim, isso ou aquilo. Ao contrário de atrapalhar, ela só melhora a qualidade do jogo, é melhor para o futebol.

(Foto: Gustavo Oliveira/Atlético-PR
(Foto: Gustavo Oliveira/Atlético-PR)

VAVEL: Se em casa o Atlético foi praticamente imbatível em 2016, fora da Arena não funcionou dessa forma. Qual é a grande dificuldade do clube longe de seu estádio e porque os números acabam mostrando uma equipe diferente? 

Pablo: Nós, jogadores, tivemos muitas conversas porque não estávamos fluindo fora de casa e isso acabou atrapalhando a gente durante a temporada. Mas em casa conseguimos compensar e nos classificar para a Libertadores. Claro, se tivéssemos feito mais pontos fora de casa com certeza brigaríamos por coisas maiores.

VAVEL: O acidente com a Chapecoense movimentou e muito o mundo do futebol  última semana de campeonato. Além de todas as manifestações dos clubes, vimos a união entre torcidas de Coritiba e Atlético no dia que seria disputada a final no Couto Pereira. Como foi lidar com esse acidente e ainda precisar entrar em campo na última rodada?

Pablo: Perdi amigos, foi muito duro. Estamos sempre viajando, sabemos que é complicado. Agora temos que pedir muita força às famílias dos que se foram e aos que ficaram também muita força para que sigam em frente, levantem a cabeça. É difícil, mas tem que continuar. Para nós, jogadores, também foi muito complicado e agora temos que jogar por eles.

VAVEL: Tem algum jogador no elenco que você e todos do clube vejam como uma grande promessa? O Hernani, por exemplo, acabou de se transferir para o Zenit. Quem mais pode impressionar lá fora?

Pablo: Com certeza tem, é um time muito novo, tem jogadores de muita qualidade. Pegamos esse caso do Hernani, fez uma excelente temporada, com o Paulo Autuori ele evoluiu e cresceu muito, jogou muito e isso fez muita diferença. É um jogador versátil, pode atuar como segundo volante, meia ou até extremo, como acabou fazendo em algumas partidas, e é um ótimo jogador. Temos o Otávio, que é uma promessa, Matheus Rossetto também, são muitos atletas de qualidade que nos ajudaram muito durante essa temporada e com certeza terão uma carreira excelente.

VAVEL: E quanto ao seu futuro. Algum plano específico? Tem a Libertadores chegando em 2017 e o torcedor quer saber se continuará com o artilheiro no time.

Pablo: Meu futuro deixo na mão do meu pai e da diretoria do Atlético. Estou muito feliz no clube, espero continuar. Tem a Libertadores para jogar, mas isso é com eles.

VAVEL: Você encerra o ano como um dos artilheiros do país, sendo inclusive colocado em seleções como a revelação do torneio. Como você avalia sua temporada? E a evolução para o Pablo que chegou e o Pablo de hoje?

Pablo: Fico muito feliz por tudo que o Atlético me proporcionou, toda comissão técnica, departamento médico, fisiologistas, diretoria, torcida. Foi um ano muito bom para mim. Sempre falo que se o coletivo vai bem, o individual acaba aparecendo e isso aconteceu no nosso caso. Então fico muito feliz pelo ano, por todo reconhecimento de todos, torcedores e jornalistas. Espero continuar dando sempre meu melhor para evoluir e melhorar cada vez mais.

VAVEL: Hoje, Casemiro é um dos pilares do Real Madrid. Willian José passou pelo Castilla e hoje é um dos artilheiros da Liga Espanhola. Em 2014, antes de ir pro Japão, você teve a oportunidade de defender as cores do Real Madrid. Apesar de não ser o time principal, qual foi o tamanho do aprendizado na Espanha?

Pablo: O aprendizado no Real Madrid foi incrível, tive a oportunidade de trabalhar com o Willian José, Casemiro e outros craques como Cristiano Ronaldo, Gareth Bale, Ángel Di Maria, Marcelo, Sergio Ramos. A passagem por lá foi muito boa, aprendi a ser profissional, que tem que dormir bem, se alimentar bem, cuidar do corpo, que é a máquina de trabalho. Isso fez com que eu evoluísse muito daquele ano para cá. Então foi um aprendizado importante e muito legal.

(Foto: Arquivo pessoal)
(Foto: Arquivo pessoal)

VAVEL: E Cristiano Ronaldo? Corre a história que o português chegou a te dar conselhos sobre como bater na bola. Procede?

Pablo: Procede sim! Foi em um treino de finalização, ele acabou me falando algumas coisas. É um cara que todo mundo admira, que todo mundo vê o tanto que trabalha e o quanto ele é bom. Cristiano é um cara fantástico, finalizador nato, faz muitos gols. Isso me inspira, vejo o Cristiano Ronaldo jogar há muito tempo, desde 2004 acompanho. Ver a evolução dele é absurda. Junto a Messi e Neymar, é um dos melhores do mundo sem dúvida nenhuma e com certeza me espelho muito nele.

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