Neste sábado (3), o Botafogo entrou no campo do Estádio Nilton Santos para enfrentar o Madureira, último colocado, com uma única intenção: terminar o primeiro turno como líder e, consequentemente, ter uma vantagem na semifinal da Taça Guanabara. A missão, por sua vez, dependia única e exclusivamente da equipe de General Severiano, que estava no topo do Grupo C antes dos apitos iniciais em todas as partidas da rodada.

Dentro de campo, porém, a execução passou bem longe do objetivo: desde o primeiro minuto, o que pôde ser visto foi um Botafogo apático, que não conseguia criar nenhuma oportunidade de gol. Sim: a equipe de General Severiano, excluindo as oportunidades de bola parada, não conseguia criar nenhuma chance para ameaçar o adversário por meio de toques – que é o que Felipe Conceição disse que iria priorizar, quando assumiu o cargo.

Alguns motivos ajudam a explicar esse cenário: primeiro, o esquema montado pelo treinador. Após cinco partidas, os jogadores continuam a não se entender em campo. Luiz Fernando, que tem o drible como principal característica, recebe todas as bolas de costas, sempre com um marcador por perto, o que impede, obviamente, de qualquer avanço no campo. O problema, porém, não é essa pequena evolução no campo e sim de que o atleta simplesmente não possuía companheiros por perto para tocar.

Segundo ponto: a falta de opções para os próprios atletas diante da errônea ocupação de espaços. Luiz Fernando foi apenas um exemplo, mas isso aconteceu com todos os jogadores de ataque. Os jogadores ficavam afastados, com uma distância e alguns marcadores os separando, o que resultava na dificuldade de criar jogadas. Um atleta do Alvinegro, quando tinha a bola em seus pés, conseguia enxergar melhor os jogadores do Madureira do que seus próprios companheiros.

Dessa maneira, é simplesmente impossível conseguir cumprir o objetivo de criar jogadas com toques, triangulações e ultrapassagens que Felipe Conceição tanto almeja. A equipe não joga mal, já que não passa muitos sustos na defesa, mas tá também fica muito longe de apresentar uma atuação de encher os olhos. Até aqui, a impressão que fica é que esse 4-1-4-1 não conseguiu ser assimilado pelos jogadores, e eles, obviamente, não conseguem reproduzir as ideias que estão na cabeça do treinador.

O último, por fim, ponto negativo é a apatia dos laterais. Arnaldo e Gilson são jogadores marcados pelo seu grande apoio ofensivo e os dois simplesmente não se arriscam nas oportunidades de ataque do Botafogo – salvo em algumas oportunidades. O lateral-direito é o que, em suma proporção, aparece para a partida, tentando romper as defesas em uma arrancada diagonal, uma de suas principais características. O atleta do setor esquerdo, por sua vez, até aqui não conseguiu apresentar nenhuma boa atuação, sendo basicamente nulo nas jogadas criadas pelo alvinegro.

O panorama nesse fim de rodadas regulares de Taça Guanabara é o de que há mais pontos negativos do que positivos. Os fatores que atrapalham conseguem, obviamente, ser “maiores” que os que ajudam e, por isso, é possível notar uma equipe que é dependente de João Paulo, que participa de 90% das jogadas, e de atuações apagadas de Leo Valencia, que consegue aparecer para o jogo, mas não consegue criar para ninguém – justamente pela falta de opções que aparecerem em seu radar.