A programação do Botafogo, incialmente, para esta quinta-feira (8) não previa a presença de imprensa no treinamento, ou seja, não haveria nenhuma entrevista coletiva de algum atleta do elenco após as sessões de prática com o treinador Felipe Conceição. Porém, visto o ambiente pesado no clube desde a eliminação na Copa do Brasil, com torcedores protestando na chegada da delegação, o goleiro e capitão Jefferson foi um dos que falaram neste dia, na sala de imprensa do Estádio Nilton Santos.

"Nós jogadores sempre pregamos a paz, principalmente com a violência que vivemos no Rio. Vemos crianças sendo mortas a tiro, assassinatos, e nós sabemos a importância de levar paz. E ser recebido dessa forma foi muito triste, saímos como bandidos pelos fundos", disse Jefferson, ao ser perguntado sobre o protesto na última quarta-feira (7).

Ainda falando sobre os protestos ocorridos, Jefferson afirmou que esse evento não foi organizado por grande parte da torcida, que permaneceu, apesar dos resultados negativos, apoiando. "Não foi (organizado) pela maioria, os próprios torcedores estão repudiando quem foi lá. Isso é importante. Nós repudiamos o que aconteceu no aeroporto", afirmou.

O goleiro, ao ser perguntado sobre a pressão que o Botafogo vem sofrendo dos torcedores, afirmou que esse fator sempre estará presente no ambiente da equipe. "Sempre vai existir, mas as coisas mudam muito rápido. O Felipe (Conceição) sabe da pressão, é novo mas já passou por diversas coisas. Perdeu a final da Copa do Brasil Sub-17, já viveu isso. Jogadores também. Vamos esfriar a cabeça", afirmou.

Vida que segue: o Botafogo terá seu próximo compromisso no sábado (10), contra o Flamengo, pela semifinal da Taça Guanabara, o primeiro turno do Campeonato Carioca. "Só temos uma maneira agora, é vencer o Flamengo. Claro, respeitando o adversário. Não vamos vencer o Flamengo fácil, mas vamos suar sangue lá dentro para conseguir a classificação", bradou.

Um dos alvos da torcida é o treinador Felipe Conceição, que não coleciona bons resultados nesse começo de trabalho e está ameaçado no cargo. Jefferson, por sua vez, saiu em defesa do técnico: "Vi muito isso no futebol, de pressão, se não ganhar vai cair, enfim. Mas isso não cabe a nós, jogadores. Pensar em jogar só pelo Felipe seria egoísmo, todos estamos pressionados". E completou, prometendo empenho contra o rubro-negro. "A gente quer que o Felipe continue pela pessoa que é, o pouco tempo de trabalho, mas sabemos que a pressão está em cima dele. Vamos fazer do jogo contra o Flamengo a nossa vida, correndo por ele, mas pelo Pimpão, Gilson, torcedores, nossos familiares.", falou.

Fazendo uma síntese sobre esse começo do Botafogo, o goleiro admite que a situação é ruim. "Precisa melhorar muito, isso é visível. Mas tivemos 10 dias de pré-temporada, com treinador novo, teve que passar toda filosofia em um mês, muitos jogadores ainda estão absorvendo. Para quem vê de fora não dá esse tempo, está muito corrido", afirmou.

"É muita informação para pouco tempo. É gradativo, está praticamente atropelado, mas sabemos que é resultado. É jogo atrás de jogo, mas sabemos que temos que melhorar muito" – Jefferson

Apesar do pífio resultado, a partida foi significativa para Jefferson, que entrou no seleto grupo dos cinco maiores jogadores que já vestiram a camisa do Botafogo na história. "Representa muito, mas não entrei nesse jogo pensando nisso. As coisas virão naturalmente. Quero chegar no final do ano com vitórias e título. Não adianta chegar com 500 jogos e o Botafogo na Série B. Eu troco tudo", disse.

"Ninguém dormiu. Almoçamos 12h30, fomos dormir 7h, pensando no jogo, remoendo. Tem que doer, a verdade é essa. Antes do almoço nos reunimos, sabíamos que teria pressão, não poderia entrar dúvida no plantel", afirmou Jefferson, que completou: "Todo mundo ficou mal, abrimos coisas internas ali da gente. O Felipe reuniu a gente e motivou para o jogo seguinte."

O goleiro, perguntado sobre uma possível ‘mágoa’ da torcida, por conta do desempenho ruim no fim do ano passado, afirmou que esse fator pode pesar para esses protestos da torcida. "Isso com certeza é consequência. Claro que o Felipe não tem culpa do que aconteceu nos anos anteriores, mas sabemos que somos responsáveis por hoje. Como um dos principais líderes, vejo que precisa conquistar título de grande expressão”, declarou.

Finalizando, Jefferson falou sobre uma reunião com a diretoria nesse momento de tensão. "A diretoria que procurou os jogadores, eles estão preservando a integridade dos jogadores. Nos sentimos muito seguros, falaram que vão tomar as devidas providências nesse sentido", falou.

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