Um sonho interrompido. No melhor momento de sua história, a Associação de Futebol Chapecoense teve seu primeiro roteiro de sucesso em campos internacionais pausado por uma tragédia que chocou o mundo inteiro. O acidente aéreo que deixou 71 mortos - entre eles jogadores, comissão técnica, jornalistas e tripulantes - quando o time viajava para Colômbia rumo ao primeiro jogo decisivo da Copa Sul-Americana, comoveu até mesmo quem não gosta de futebol.
Aos amantes do esporte, uma dor desmedida. O simpático time de Chapecó ganhava cada vez mais força no cenário brasileiro, conquistando os torcedores de todos os times. Após uma classificação heroica contra uma grande equipe argentina na semifinal, a Chape voou rumo ao estrelato sul-americano. O adversário era o campeão da Libertadores e sensação da América do Sul, Atlético Nacional. Porém, o desfecho trágico interrompeu a ascensão da equipe de Santa Catarina.
Era um feito raro, um clube considerado pequeno até chegar a uma final de competição internacional. Quis o destino que se tornassem gigantes. Foi mais do que a Sul-Americana, os guerreiros da Arena Condá conquistaram o mundo. Do céu, cada um marcou seu nome para sempre na história do futebol. Na terra, os três jogadores sobreviventes renasceram. Talvez para presenciarem o sucesso de seus companheiros de time. Há quem diga que foram escolhidos para que pudessem assistir a Chapecoense se reerguer e triunfar pelos estádios mundo afora.
A "final dos sonhos" não aconteceu. No entanto, em um grande gesto de solidariedade, milhares de colombianos se deslocaram de suas casas até o estádio Atanasio Girardot, em Medelín, para homenagearem o time da Chapecoense na noite que aconteceria a primeira partida da decisão histórica.
Através da lição de humanidade, o povo colombiano conquistou a todos os brasileiros. Na partida da volta, a Chape foi considerada campeã da Copa Sul-Americana. O título simbólico deixou claro o sentimento da equipe colombiana, pela relação que criara com o clube brasileiro. Apesar da dor da perda, surgia a esperança, uma espécie de proteção do mundo através do futebol.
Quatro meses após o acidente áereo, a decisão tão esperada por todos acontecerá. Chapecoense e Atlético Nacional se enfrentarão dentro de campo. Para a Chape, a expectativa de uma final de torneio internacional inédita. Coincidência ou não, a Recopa, que junta o campeão da Libertadores com o vencedor da Sul-Americana, será a oportunidade de uma "reedição" da final que não aconteceu. Por isso, tem sabor especial. Do sonho à realidade, é chegada a hora do Verdão do Oeste sentir o gosto do sucesso, e precisava ser contra os verdolagas.