29 de novembro de 2016. O dia em que o mundo olhou para Chepecó. Um ano do trágico acidente envolvendo a delegação da Chepecoense, em Medelin, que deixou 71 mortos. Aquela terça-feira chuvosa ainda se faz presente na cidade de pouco mais de 160 mil habitantes do estado de Santa Catarina.

Se faz presente na vida da família dos que se foram. Se faz presente na esperança no olhar de Neto, Jackson Follmann, Alan Ruschel e do jornalista Rafael Henzel, os sobreviventes do acidente. Se faz presente no olhar inocente do Indio que comoveu o mundo. Se faz presente no grito entoado na Arena Condá em cada jogo aos 71 minutos, em homenagem às vítimas e desejando: "Vamos, vamos, Chape!". Vamos, Chape! 

Buscando, de certa forma, homenagear a instituição Chapecoense e as vítimas da tragédia de Medelin, o diretor uruguaio Luiz Ara Hermida realizou um documentário intitulado de "O milagre de Chapecó", que iria estrear no próximo dia 30. Iria. O filme, no entanto, foi barrado pela justiça de Santa Catarina à pedido da própria Chapecoense.

"O milagre de Chapecó" barrado

No início de outubro, a justiça de Santa Catarina aceitou o caráter de urgência uma ação da Chapecoense para que o documentário "O Milagre de Chapecó", produzido pelo uruguaio Luiz Ara Hermida, não fosse veiculado nos cinemas. O clube alegou quebra de contrato, e o juiz Marcos Bigolin, da 3ª Vara Cível de Chapecó, concedeu a liminar. A produção conta a evolução da agremiação na história recente até chegar à primeira divisão do Brasileirão, passando também pelo acidente de Medellín. 

Além disso, o clube rescindiu contrato com a empresa Trailer Ltda. Isso porque a família de uma das vítimas do acidente teria passado por tristes constrangimentos. A viúva de uma das vítimas do fatídico voo foi ao cinema com os filhos em Chapecó para ver um filme infantil e foi surpreendida pelo trailer do documentário, segundo a assessoria de imprensa da Afav-c (Associação dos Familiares das Vítimas do Voo da Chapecoense).

A Associação já havia informado ao clube a intenção de entrar com uma ação na Justiça para que o filme não fosse exibido, e o fato que expôs familiares das vítimas foi o estopim para a decisão da Chapecoense em pedir que o longa não fosse divulgado. 

“Que lo escuchen
En todo el continente
Siempre recordaremos
Campeón al Chapecoense

Que se escute
Em todo o continente
Sempre recordaremos
A campeã Chapecoense"

Arte: Isabelly Morais VAVEL/Brasil
Arte: Isabelly Morais VAVEL/Brasil