A Chapecoense era mais conhecida no Sul do país e praticamente desconhecida para o mundo há pouco mais de dez anos. Após subir da Série D para a Séria A, fora das quatros linhas, a Chape deixou de ser uma marca local e se tornou conhecida mundialmente. O motivo pelo qual ninguém gostaria de se lembrar: o acidente aéreo que vitimou 71 pessoas, incluindo jogadores, jornalistas, comissão técnica, dirigentes, convidados.

A tragédia ocorreu há um ano, na madrugada do dia 28 para o dia 29 de novembro de 2016, após o clube ter embarcado rumo à Colômbia, onde disputaria o jogo de ida da final da Copa Sul-Americana, uma novidade para o clube catarinense. Mas, infelizmente, o voo acabou sendo interrompido, e o avião que levava 77 pessoas caiu por falta de combustível, em Medellín. O acidente vitimou ao todo 71 pessoas. Apenas os jogadores Danilo, Follmann e Alan Ruschel, além de uma comissária de bordo e o jornalista Rafael Henzel, sobreviveram. 

Para se manter na elite do Brasileirão, a Chape reconstruiu todo o elenco e se ergueu novamente. Os clubes se solidarizaram doando jogadores para a recomposição do elenco. Além disso, milhares de pessoas em todo o mundo abraçaram e se juntaram em prol do clube. As homenagens ocorreram por todo o mundo, emocionando e mexendo com todos os tipos de pessoas.

Nesse dia, a única frase que podíamos ver era: "nunca será só futebol". Todos deixaram a rivalidade de lado. As homenagens das pessoas tomaram conta e a emoção era difícil conter. O número de sócios saltou de 9 mil para 34 mil, incluindo pessoas até do Reino Unido.

A Chapecoense se tornou ainda mais conhecida depois que recebeu um convite para disputar o troféu Joan Gamper, contra o Barcelona. O Verdão do Oeste ainda fez jogos amistosos contra o Lyon, da França, e contra a Roma, da Itália. Nesta mesma viagem, o clube ainda foi recebido pelo Papa Francisco no Vaticano. Além disso, foi até o Japão para disputar a Copa Suruga contra o Urawa Red Diamonds e também participou pela primeira vez da Libertadores. A presença internacional da Chape deve ser mantida com três amistosos no exterior em 2018.

Chapecoense o clube que mais cresceu entre os times da Série A

De acordo com Pedro Daniel, economista e gerente de esportes da BDO, empresta que presta consultoria em diversos países, a Chape foi o clube cuja mais cresceu, com incríveis 546% em cinco anos.

"São números que não levam em conta o efeito pós-tragédia. A tendência é de que a marca se valorize ainda mais com essa exposição internacional e com a permanência na Série A", ressaltou.

A inexistência de dívidas fez com que o time catarinense alavancasse ainda mais. Mesmo assim, na visão de Pedro, a Chape deve tomar cuidado para não ir além do que está ao seu alcance.

"Atingiu um patamar diferente, com um potencial interessante e pode galgar novos passos, talvez buscando um domínio regional, mas ainda não é um clube que vai disputar um título Brasileiro e nem disputar com frequência a Libertadores. Tem que consolidar sua posição para não ficar como outros clubes como Portuguesa, Guarani e São Caetano", explicou.

Em 2016 a Chape tinha em média 9 mil sócios torcedores ativos; neste ano, aumentou para 34 mil. Sendo assim, aumentou o valor da marca e também o número de seguidores ativos nas redes sociais. O diretor de marketing da Chapecoense, João David de Nes Filho, disse que o maior desafio foi administrar esse crescimento – o clube se tornou o sétimo maior do país em seguidores nas redes sociais. 

"O que ocorreu provocou uma tristeza no mundo inteiro, todo mundo quis ajudar e os amistosos fizeram com que a marca do clube se tornasse global. O grande desafio com essa exposição maior, em escala global, foi manter a essência do clube, de humildade, respeito", afirmou.