A moda de reviver os anos 90 parece ter atingido também os clubes de futebol. Nesta segunda-feira (20), o Corinthians passa novamente por uma briga política, que há meses assola o clube, atrapalha todos os setores e respinga na Fiel Torcida.

Dessa vez, o alvo de todo o processo é o presidente Roberto de Andrade, eleito para o período entre 2015 e 2018. Vindo da chapa "Renovação e Transparência", Roberto manteve a sucessão e linha dos antecessores Andrés Sanchez e Mario Gobbi.

O problema, no entanto, é que seu mandato gerou enorme crise financeira, crise na gestão de sua arena e que tem enfurecido torcida e conselheiros. Uma assinatura dita como feita antes mesmo de ser eleito presidente e que dava direitos ao gestor do Fiel Torcedor (plano de sócios do clube) foi o estopim da briga pela saída de Andrade.

Muitos contra Roberto, outros brigando pela saída. A política pega fogo, o futebol - principal produto do clube - tem sofrido demais e a torcida se divide entre a saída e a permanência. Entenda abaixo como aconteceu todo o problema e qual o futuro do Corinthians em cada cenário depois da votação dessa noite.

Assinatura polêmica

Na metade de novembro do ano passado, uma denúncia da Revista Época motivou 63 conselheiros a encaminharem assinaturas ao Conselho do Clube para abrir o processo de impeachment de Roberto. O motivo foram assinaturas de Roberto de Andrade autorizando a OMNI (empresa que cuida do programa Fiel Torcedor) administrar o estacionamento da Arena Corinthians.

O problema é que as assinaturas de Andrade supostamente ocorreram antes de acontecer a eleição em que ele venceu. Ou seja, Roberto assinou como presidente ainda sendo candidato, caracterizando crime de falsidade ideológica, segundo o dito pelos conselheiros.

No mesmo dia, o presidente do Conselho, Guilherme Strenger, faz o encaminhamento à Comissão de Ética do Clube e o processo de impeachment é aberto.

Fim de ano defensivo

Sabedor de todo o jogo que o quer tirar, Roberto passa o começo de dezembro divulgando sua defesa, tanto em público, quanto oficialmente na Comissão de Ética do Corinthians. Ele nega as acusações, se garante no poder até o fim e troca informações para formular a defesa.

No mesmo momento, futebol do Corinthians passa por mau momento e não se classifica para a Libertadores. Após uma semana do fim do Brasileirão, Oswaldo de Oliveira é demitido e se inicia uma saga pelo próximo técnico do Timão.

Começo de ano bagunçado no futebol só atrapalha

Já em 2017, Andrade passa por mais uma fase atrapalhada. Priorizando a contenção de gastos e diminuição de dívidas, efetiva auxiliar Fábio Carille no comando do clube e vê departamento e futebol transformar o clube em chacota ao divulgar negociação com Didier Drogba e depois soltar nota agradecendo conversas com astro marfinense. 

Dentro da política, Roberto prefere não se defender das acusações, dá apenas depoimento para a Polícia Civil e deixa ainda mais aberta a possibilidade de saída, já que praticamente não apareceu nas reuniões do Conselho corinthiano. Além disso, reunião para esse dia 20 é marcado e clube se prepara para votação.

Dia D e futuro

Em quase 30 páginas, documento do processo será lido e entregue a cada um dos conselheiros do clube. A Comissão de Ética deu parecer favorável a uma advertência, mas votação será individual e indicará rumos da presidência.

Se o "Sim" vencer, uma nova votação vai ser convocada com assembleia geral dos sócios, última e definitiva para a saída de Roberto. Caso se confirme, o atual presidente sairá e o vice André Luiz (conhecido como André Negão, recentemente envolvido na Operação Lava-Jato) assume interinamente até o começo de 2018, num mandato tampão até novas eleições, em fevereiro de 2018.

Fiel, futebol e financias 

No meio de toda essa bagunça, a Fiel torcia se vê angustiada. Isso porque o clube se endivida cada vez no que se diz à sua Arena, em Itaquera. O Timão tenta refazer o financiamento, aumentando o prazo de pagamento para 20 anos, mas dentro de campo, o clube sofre desmanches, incertezas e a Arena não recebe mais o mesmo público.

Estudos, propostas, soluções são ditas à todo momento, mas pouco foi feito para realmente mudar o patamar. Nessa janela de transferência, o Corinthians atuou bem e contratou bons jogadores sem tanto gasto. No entanto, a briga pelo impeachment divide o torcedor, que vê a má administração ocorrer, principalmente no departamento de futebol, onde Flávio Adauto e Alessandro nãos e acertam e deixam o time sob enorme ponto de interrogação.

O Parque São Jorge viverá intenso momento de crise e bagunça. O clube, que pretendia ser um dos maiores do mundo e que conquistou o planeta quase cinco anos atrás, anda décadas no passado com a bagunça política vivida.

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Sobre o autor
Diego Luz
De video game à política. Lendo tudo,ouvindo bastante e vivendo com base naquilo que acho certo. Muito prazer.